Ana Cecília Vidigal Passos / Crédito: Divulgação |
Qual o papel dos líderes no que se refere à gestão de pessoas no setor público? Para Ana Cecília Vidigal Passos, diretora de desenvolvimento organizacional da WePeople, assim como na iniciativa privada, a atuação da liderança é fundamental. Esses líderes devem atuar como referência de qualidade e de resultados, reforçando as práticas de gestão de pessoas desse setor (público), ao lado da área de recursos humanos. Ainda mais em um momento em que há uma forte demanda por isso, tanto por parte dos cidadãos por mais qualidade do serviço que lhe é prestado quanto pela renovação de seu quadro de funcionários. Confira mais na entrevista a seguir.
Os exemplos de boas práticas de gestão de pessoas da iniciativa privada começam a chamar mais a atenção do setor público. Quais as razões disso?
No Brasil, as práticas mais elaboradas de gestão de pessoas começam a fazer sentido no cenário de RH das empresas do setor público. Isso acontece a partir do momento em que as instituições públicas passam por dois eventos significativos: a renovação de seu quadro, que traz profissionais jovens e com diversos anseios de carreira; e a pressão da sociedade contribuinte por serviços com mais qualidade, acessibilidade e em tempo aceitável. E esse cenário demanda uma reflexão maior por parte dos líderes e profissionais de RH do setor público: como melhorar os processos de gestão de pessoas nesse contexto, com engajamento, motivação e desenvolvimento?
E como fazer isso?
Reflexões como essa têm levado a práticas de identificação de perfil de profissionais, composição de equipes, entendimento sobre a forma de aprendizagem e motivação deles, bem como escolha de líderes diante das complexidades da área. A partir disso, vale destacar que novas ferramentas também devem ser inseridas para ajudar essas organizações a alcançarem seus objetivos de forma ainda mais eficaz. Em alguns estados brasileiros, há práticas bem interessantes, inclusive com portais de acesso para mais conhecimento em gestão de pessoas, como assessment, gestão de desempenho, competências, gestão da mudança, entre outros. Isso nos mostra uma preocupação desses setores em se aprimorarem, fazer diferente e trazer algumas práticas do setor privado como fundamentos para um alcance de seus resultados.
Mais especificamente, como identificar os profissionais mais indicados para esse setor?
Uma boa saída são os instrumentos de perfil, ferramentas importantes para conhecer as habilidades dos profissionais, seus potenciais, o que eles gostariam ou teriam melhor habilidade para fazer com fluência e bem-estar, para saber quais habilidades eles aplicam no ambiente de trabalho para se adequarem com o que lhes é requerido e como essa adequação impacta a saúde emocional, seu desempenho e seu próprio desejo de carreira. Com isso, o líder consegue identificar o melhor profissional para determinada tarefa, posição ou desafio proposto.
E no que se refere à composição de equipes?
Aquelas ferramentas também trazem uma visão das habilidades da equipe, quais são as competências principais que o time oferece, o que irá motivar esse grupo, como ele funciona, o que ele precisa para alcançar seus objetivos, quais são as formas de comunicação mais eficazes com ele e entre seus membros e, sobretudo, como trazer a diversidade, gerando unidade ao grupo, para que o líder possa realizar a sua gestão com eficácia.
E qual a vantagem de conhecer o perfil do profissional no que se refere à visão de desempenho e potencial dessa pessoa?
Conhecer o perfil do profissional poderá trazer informações importantes para prever o seu desempenho em determinado cargo ou tarefa. Além disso, o potencial – que é diferente de desempenho, oferecendo uma visão de futuro do profissional sobre sua carreira – poderá também ser visto por meio de ferramentas dentro de um processo de assessment. Porém, nesse caso, conhecer as dimensões cognitivas – de tomadas de decisão e atuação em complexidades maiores –, emocionais, além das atitudes e perfil, é essencial para ter uma visão segura e sistêmica sobre sua capacidade de ser líder e/ou atuar em situações de dificuldade no setor.
Muitas empresas, na iniciativa privada, ainda se veem diante da dificuldade em formar futuros líderes. Como o tema desenvolvimento de liderança se aplica ao setor público?
Muitas vezes, há uma grande dúvida sobre ter um perfil técnico ou um perfil de líder diante das movimentações de carreira no setor público. O assessment pode ajudar gestores no desenvolvimento das habilidades e competências de gestão de profissionais que vão ocupar cargos de liderança de área e de pessoas. Isso ajudará o novo líder a agregar valor aos resultados propostos por sua instituição, além de desenvolver habilidades ainda mais importantes para a gestão, pois ser líder requer habilidades bem diferentes do que ser apenas um técnico ou um bom especialista em algo.