Eugenio Mussak é professor da FIA, consultor e autor / Crédito: Divulgação |
O físico alemão Rudolf Clausius criou o termo entropia, palavra de origem grega que quer dizer alguma coisa como “troca interior”. Ela foi primariamente usada na termodinâmica, parte da física que explica as trocas de calor entre os corpos. A entropia é aplicada para medir a parte da energia que não é transformada em trabalho, sendo, nesse caso, desviada para criar um grau de desordem no sistema.
Mas, em uma aplicação ampliada, a entropia afirma que os sistemas complexos – como a vida – estão em permanente movimento, e que seu destino é o caos. Em outras palavras, qualquer sistema – sua mesa de trabalho, sua conta bancária, o jardim de sua casa, o trânsito de uma grande cidade, a economia mundial – se deixado à sua própria sorte, virará uma enorme confusão, principalmente em função da imensidade de pequenas variáveis que podem interferir nele.
Essas pequenas incursões para a intimidade dos conceitos científicos nos ajudam a entender o que acontece em nossas vidas. Se não investirmos conhecimento, talento, esforço, trabalho na organização de nossas coisas, estamos abrindo espaço para o caos. Isso sem contar que, apesar de todos os esforços, ainda devemos considerar o acaso, aquilo que parecia improvável, mas que pode acontecer, gostemos ou não.
A gestão das empresas e das carreiras também carrega em si um componente entrópico. Se não forem cuidadas, geridas com precisão, em um processo de aprimoramento constante, terão, como primeiro destino, o caos, e o segundo… Lembrei deste fato quando encontrei um velho conhecido, empreendedor de sucesso, criativo e trabalhador, que se queixou de forma quase lamuriosa quando começou a falar sobre sua empresa.
Eu fiz um esforço muito grande para crescer, aumentar a equipe, multiplicar o faturamento – disse ele. – E agora, que cheguei onde queria, estou perdendo o controle da empresa, minha agenda está uma loucura, quase nem conheço as pessoas que trabalham comigo, e estou apreensivo com relação ao futuro. Eu era feliz pequeno e não sabia – completou.
Meu amigo não errou por querer crescer, e sim por não aumentar os sistemas de controle à medida que crescia. As gestões de uma pequena e de uma grande empresa contêm os mesmos elementos, mas a escala é outra e, se não observada, pode comprometer o todo.
A energia gerada no interior de uma empresa que cresceu, aumentou proporcionalmente. Se não for transformada em resultado será, naturalmente, usada para desestabilizar o sistema. Crescer de modo sustentável significa, entre outras coisas, introduzir tecnologia, aprimorar os processos e criar equipes competentes e autônomas. E, para tanto, desenvolver líderes capazes de colaborar com a construção do destino da empresa.
Depois de nosso papo, meu amigo saiu animado e, quando nos despedimos, disse algo como: “Agora entendi. Tenho de me transformar em um gestor de energia. Senão o motor esquenta e a bateria acaba”. Sua síntese foi boa, resta saber se a prática foi igualmente adequada. Espero que sim.