Tanya Andrade, do Incores / Crédito: Divulgação |
Recrutar jovens de baixa renda, além de ser uma forma de se adequar à Lei da Aprendizagem, também pode ser um bom negócio para as empresas identificarem e desenvolverem talentos desde o início de suas carreiras. Há instituições que qualificam esses jovens para o mercado de trabalho tanto no aspecto técnico como no aspecto comportamental. Essas instituições também podem desenvolver programas de qualificação de acordo com a demanda específica de uma empresa.
“O Instituto da Oportunidade Social (IOS) oferece conhecimento técnico, conhecimento de gestão de empresas e reforço escolar”, conta Kelly Cristine Lopes, gerente geral do instituto, que atua nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás.
São cinco os cursos de capacitação oferecidos: Gestão Empresarial com Software ERP, Folha de Pagamento Totvs, CRM – Gestão de Relacionamento com Clientes e Automação Comercial, ADVPL – Avanced Protheus Language. “Além do conhecimento técnico específico de cada curso, os jovens adquirem noções básicas sobre operação administrativa, aprendem como se comportar em uma entrevista e dentro da empresa, são orientados para compreender as relações hierárquicas, como lidar com responsabilidades e eventuais dificuldades no dia a dia de trabalho”, explica. Eles recebem ainda aulas de português e matemática e são incentivados a realizar trabalho voluntário na comunidade em que vivem.
Com atuação na Bahia e em São Paulo, o Instituto de Co-Responsabilidade Social (Incores), também se dedica à preparação de jovens de baixa renda para o ingresso no mercado de trabalho. Lá os cursos de qualificação oferecidos são: Auxiliar Administrativo, Telemarketing, Mecânica em Manutenção, Escriturário e Arco Bancário, Auxiliar em Conservação, Manutenção e Limpeza, Mecatrônica e Automação da Manufatura.
Segundo Tanya Andrade, uma das idealizadoras e responsáveis pela gestão do Incores, os treinamentos são sempre desenhados em parceria com as empresas, para atender suas necessidades de qualificação, levando em consideração as normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. “Somos a única instituição no mercado que oferece mentoring no período em que os jovens estão atuando como aprendizes e coaching no final do processo para ajudá-los a se colocar, caso não sejam contratados pela empresa em que estão atuando”, diz. O instituto realiza ainda avaliações de desempenho, relatórios e visitas sistemáticas, com uma equipe que monitora e orienta os aprendizes.
Tanto o IOS como Incores buscam parcerias com empresas para colocar os jovens qualificados no mercado de trabalho e não tem sido difícil atingir esse objetivo. Nem a Copa e as eleições prejudicaram as contratações. “Em 2013, foram qualificados 1098 jovens, com índice de empregabilidade de 77% – entre contratações para Lei da Aprendizagem, estágio e primeiro emprego. Esse índice vem crescendo a cada ano. Em 2014, acreditamos que isso se repita”, afirma Kelly, do IOS. O acompanhamento da empregabilidade é feito pelo IOS até seis meses depois da qualificação.
“É muito difícil atualizar as informações desses jovens, muitas vezes trocam de celular ou e-mail e perdemos o contato. Só conseguimos mensurar as efetivações imediatas ou quando elas acontecem na mesma empresa em que ingressaram como aprendizes. Por isso, os números não refletem o que de fato o que está acontecendo”, comenta Tanya, do Incores. De acordo com ela, muitos jovens nem chegam a terminar os cursos, que têm duração média de 16 meses, porque são contratados como efetivos pelas empresas.
“Observamos que maioria das contratações não está acontecendo por conta da Lei da Aprendizagem, mas para suprir a necessidade de profissionais com algum conhecimento da área a um custo menor”, afirma Kelly, do IOS. Por isso, ela acredita que em 2015 o ritmo de contratação dos jovens de baixa renda continuará acelerado. “Os jovens estão tendo oportunidade de escolher e estão exigindo que o trabalho seja em um horário que condiz com a necessidade deles e que tenha benefícios”, complementa Tânia, do Incores.
Experiência positivaDesde 2009, a Certisign desenvolve o Programa Jovem Aprendiz e, nesse período, já efetivou 12 deles. “É uma mão de obra muito importante, que desenvolvemos, treinamos e acompanhamos. Um dos ex-aprendizes efetivados, atualmente ocupa a posição de supervisor de suporte a infraestrutura e os demais já atuam como assistentes e analistas de variadas áreas”, conta Fabiola Dotta, coordenadora de RH da empresa.
Investir no desenvolvimento desses profissionais vale a pena, mas não é tarefa fácil. “Quando você lida com jovens enfrenta algumas dificuldades. Alguns entram na empresa porque realmente estão buscando oportunidade. Outros, o RH tem que chamar a atenção. Os problemas mais comuns são atrasos, faltas sem justificativa e pouca atenção no trabalho e muita nas redes sociais. Quando isso acontece, o RH procura conversar, identificar se está ele enfrentando algum problema e saber no que pode ajudar para que ele possa se adequar. Muitas vezes a gente consegue resolver a situação. Temos que mostrar que quanto mais cedo criarem hábitos saudáveis, mais facilidade terão para se manterem ativos nas empresas e concorrem à novas oportunidades”, afirma Fabiola.