Gestão

A boa e simples gestão

de Por Neto Mello e Roberto Cardona* em 10 de dezembro de 2012

A taxa de falência das empresas de pequeno e médio porte no Brasil é alta. Em 2010, 58% das chamadas PMEs fecharam as portas antes de completar cinco anos, segundo dados do Departamento Nacional de Registro Comercial (DNRC) e do SEBRAE. Muita energia e recursos são descartados na lixeira da economia anualmente. Sem contar o impressionante fato de que isso afeta a vida e os sonhos de milhões de brasileiros que dedicam suas vidas a esses negócios. Dados do DNRC indicam ainda que, no Brasil, 400 mil empresas são constituídas por ano, com uma média de quatro empregados por empresa.

Quais as prováveis causas desse resultado desastroso? Muitas são apontadas, mas podemos resumir em três principais:

1. Má gestão dos recursos (humanos e financeiros, principalmente).
2. Ausência de um planejamento mínimo.
3. Falta de competitividade e diferenciação de produto.

Para aprofundarmos o tema, antes precisamos entender como essas PMEs funcionam e quais suas características. Em geral:

> são administradas pelo dono de forma independente e mesmo quando profissionalizada, as decisões ainda permanecem centralizadas nessa única pessoa, com gestão de baixa especialização;
> apresentam estreita relação pessoal do dono com os funcionários, clientes e fornecedores;
> sua atividade produtiva não ocupa uma posição de destaque em relação ao mercado, ou seja, tem um market share baixo;
> não contratam mão de obra especializada;
> não possuem processos e controles apurados;
> têm dificuldades em obter créditos e falta poder de barganha nas negociações de compra e venda;
> investem pouco no treinamento e desenvolvimento de seus profissionais.

São muitas as dificuldades vividas pelas pequenas e médias empresas, como falta de capital, dificuldade em obter crédito e financiamento, falta de mão de obra especializada, a gestão ineficaz, principalmente dos recursos humanos. Sendo assim, algumas atitudes podem minimizar ou até eliminar os problemas vividos, e caracterizar uma boa gestão na prática:

> Delegar: dar o poder a quem sabe fazer, como forma de obter melhores resultados e desenvolver pessoas. Normalmente, o que se vê são decisões concentradas em uma só pessoa, o que torna a gestão lenta e incompleta.
> Definir responsabilidades: definir e esclarecer as responsabilidades de cada funcionário e dos departamentos a fim de facilitar os sistemas de controle e gerar maior eficiência nos processos e atividades;
> Cuidar da impulsividade: compartilhar opiniões antes de decidir e rever os resultados após a ação. Evitar reagir imediatamente ao se deparar com a necessidade de decidir. Decisões são mais bem tomadas após uma boa noite de sono;
> Ser inovador: a pequena e média empresa precisa inovar, fazer coisas de maneira diferente. Exceto se a empresa é um monopólio, não há como crescer sendo igual ao competidor;
> Recorrer a consultores externos: um profissional externo pode ser de grande utilidade para o negócio. Muitas vezes essas empresas desconhecem, desconsideram ou mesmo rejeitam a possibilidade de trabalhar com uma consultoria;
> Cuidar com o perfeccionismo: o tempo gasto na obtenção da perfeição muitas vezes inviabiliza os resultados. Essa característica pode tornar-se a grande inimiga do empreendedorismo;
> Construir um clima favorável: criar um clima agradável e estimulante, pois as pessoas gostam de trabalhar juntas para atingirem metas pessoais e organizacionais;
> Treinar: permitir e promover o aprendizado teórico e prático, incentivando a descoberta de novas e eficientes formas de fazer as tarefas; 
> Comunicar: falar diretamente aos funcionários, compensando a falta de recursos tecnológicos e processos perfeitos;
> Focar na produtividade: entender e agir sobre as variáveis que podem ser alteradas para obter uma maior produtividade, compreendida como relação do crescimento da receita versus crescimento do custo.

Apesar da grande complexidade que é gerir de maneira eficaz, a busca da simplicidade é a grande chave para o sucesso, pois reduz custos ao limitar, por exemplo, os controles ao necessário. Lembre-se, também, que geralmente o ambiente de pequenas e médias empresas possibilita a comunicação direta o que resulta maior proximidade humana e conhecimento da identidade de cada funcionário, o que facilita a busca de elementos motivacionais. Aí está a grande oportunidade de construir-se uma organização mais produtiva e um excelente lugar para se trabalhar. 

*Neto Mello e Roberto Cardona são sócios e diretores da Pro Humana – Desenvolvimento de Liderança.

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