Marcos Nasimento é partner na Manstrategy Consulting / Crédito: Divulgação |
Eu ainda estava na condição de executivo quando me deparei pela primeira vez com um deficiente físico em uma situação normal de trabalho. Ou seja, alguém que tinha uma condição especial, mas, independentemente da condição, se entregava, discutia, argumentava, enfim, trabalhava normalmente. O que tento traduzir é que o desempenho, postura e nível de contribuição deste jovem não tinham absolutamente nada de diferente quando comparado aos funcionários classificados como “talentos” em nossas organizações.
A questão é: por que isso me chamou a atenção? A razão é uma constatação triste: não olhamos para essas pessoas como profissionais com uma condição especial. Normalmente o que encontro são organizações onde ainda se olha para essas pessoas como deficientes, no conceito mais nocivo da palavra, e que estão ali por um favor ou benevolência, ou até mesmo por uma exigência legal. Em último caso, pelas duas razões. Em poucas empresas existe um contexto que permita que essa situação exista de forma tranquila, aceita e estimulada. Talvez por uma miopia, por não saber quais os benefícios que essa inclusão de pessoas tão especiais pode trazer.
Uma grande consultoria global em estratégia conduziu um estudo interessante, analisando somente uma das possibilidades de inclusão de pessoas especiais no mercado de trabalho e trouxe constatações notáveis. Esse estudo focou profissionais com síndrome de Down e trouxe, como resultado, a identificação de alguns benefícios para as empresas que trabalham bem esse processo: melhor administração de conflitos, desenvolvimento do sentimento de empatia, maior tolerância e paciência e desenvolvimento de estabilidade emocional em ambiente sob pressão.
Em outras palavras, o que estamos colocando aqui é mais uma possibilidade tangível de fazer acontecer a estratégia da organização, seus resultados e objetivos. A deficiência de um profissional é, em última instância, apenas uma característica, assim como você e eu temos as nossas! Todos possuímos deficiências e buscamos sempre suplantá-las. O mesmo é verdadeiro para esses profissionais. Eles se adaptam, desenvolvem sensibilidade em outras dimensões, buscam a superação diariamente e querem reconhecimento. Igualzinho a qualquer outro profissional.
Isso é tão verdadeiro que situações contrárias também existem e podemos encontrar profissionais com condições especiais que não trabalham bem em equipe, que não contribuem e não desempenham. Outra vez, nada diferente do que enfrentamos no dia a dia. O que temos de fazer é bem simples, apesar de nunca ser fácil: tratar todas as pessoas com muito respeito. Lembre-se: estamos falando de possibilidades reais e tangíveis de ter desempenho organizacional superior com essas pessoas que são, apenas, especiais! Mas quem não é especial? Alguém escreveu: “nada tão desigual quanto tratar pessoas diferentes de forma igual”. Pratique isso e colherá resultados fantásticos.