Ioschpe:empresas devem aproveitar o poder que têm para pressionar por melhorias na educação
Copa do Mundo em 2014. Jogos Olímpicos em 2016. Exploração do pré-sal. Uma economia que resistiu às ondas negras da crise financeira que assolou vários países e ainda deixa marcas. Expectativas de crescimento do PIB para 2010 e de sermos a quinta maior economia mundial nos próximos anos. O Brasil avança no cenário mundial.
O tal gigante adormecido, que muitas pessoas ouviram falar demasiadamente quando mais jovens, parece levantar-se. Mas é bom que ele se equilibre bem. O ritmo de crescimento vem acentuando alguns problemas crônicos (e antigos) que podem comprometer, e muito, o nível de competitividade das nossas empresas (e por que não do próprio país). Nesse gargalo, encontramos problemas que vão além da infraestrutura como a conhecemos. A falta de mão de obra qualificada traz à tona uma deficiência na estrutura de formação do capital humano no país. É preciso que o tal gigante, depois de ficar totalmente desperto, vá para a escola.
O economista Gustavo Ioschpe reforça essa ideia. Para ele, a questão da educação é o grande obstáculo ao aumento da competitividade do país e a um crescimento sustentável. Não é difícil perceber isso. Em alguns setores mais aquecidos, muitas empresas têm vagas em aberto graças à falta de profissionais qualificados. E não é preciso exigir muita qualificação: o Brasil corre o risco, como escreveu recentemente Ioschpe em sua coluna na revista Veja, de se transformar em uma potência econômica formada por um enorme contingente de analfabetos funcionais. “Dificilmente se fala com um profissional de RH ou outro gestor e não se trata desse assunto”, diz o economista que é
um dos palestrantes deste ano do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH).
Luiz Edmundo Rosa, vice-presidente de desenvolvimento humano e sustentabilidade da Ânima Educação e diretor-geral do CONARH 2010, traz para a discussão dados recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb). “O ensino fundamental alcançou apenas 4,6 e o ensino médio somente 3,6, quando 10 seria o valor máximo. Assim, continuamos abaixo da média, num mundo bastante competitivo e que evolui a alta velocidade”, observa o executivo, que acredita que falta ao país uma espécie de Plano Marshall da educação (veja mais na pág. 90). De fato, temos muito a avançar nesse sentido para sermos ainda mais competitivos.
Problemas de formação
A ausência de pessoal qualificado no mercado coloca uma série de desafios a serem enfrentados pelas empresas e governos. Segundo uma pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), os principais relacionam-se à expansão dos centros de formação (acompanhando o nível de crescimento econômico); ampliação dos investimentos públicos; dispersão territorial do mercado de trabalho; e viabilização de modelos de parceria público-privada. Dos quatro, os dois primeiros foram apontados como os maiores, de acordo com 30% e 28%, respectivamente, dos 121 executivos entrevistados.
Em relação às empresas, o levantamento mostra que entre as questões mais prementes a serem superadas nos próximos anos estão a disponibilidade de mão de obra técnica adequada, treinada e qualificada; a má qualidade dos formandos nas escolas e universidades brasileiras; a dedicação de tempo de trabalho para formação; os investimentos em programas de capacitação interna; e recursos financeiros e custos de formação.
No que se refere ao papel do governo, os entrevistados anseiam por mais investimentos na ampliação da oferta de ensino e pela criação de novos centros de formação. Além disso, as empresas esperam o fomento de parceria e intercâmbio entre instituições de ensino e iniciativa privada; a valorização da educação básica; o combate à evasão; a descentralização de escolas técnicas; e a elevação do nível da educação, melhorando a qualidade dos cursos técnicos.
A falta de pessoal qualificado é tal que, além de ter dificuldade para preencher vagas em aberto, as empresas precisam investir maciçamente na capacitação daqueles que compõem seus quadros. Segundo o levantamento da Amcham, 76% das companhias conduzem programas de treinamento interno, 60% subsidiam cursos externos para seus funcionários e 40% desenvolvem parcerias com instituições acadêmicas.
“O estudo indica uma retomada dos investimentos corporativos em treinamentos. Durante o auge da crise global, eles haviam sofrido um resfriamento e agora voltam a ser prioridade, tamanha a falta de mão de obra qualificada”, explica Gabriel Rico, CEO da Amcham. A capacitação, além de exigir investimentos pesados das companhias, ocupa parte considerável do tempo de trabalho dos profissionais. Na maioria das empresas (78%), até 10% do tempo dos quadros é gasto em programas de formação técnica.
A pesquisa da Amcham indica, também, que a realidade da mão de obra especializada e seu encaminhamento estão em boa parte relacionados aos centros de formação de engenheiros e técnicos no país. Os empresários reconhecem a qualidade dos profissionais capacitados por essas instituições (52% veem esse aspecto como totalmente adequado), mas consideram que elas ainda estão longe do ideal em termos de custos para formação tecnológica (totalmente inadequados para 47%), quantidade de mão de obra graduada em relação às necessidades do mercado (totalmente inadequada para 49%) e distribuição geográfica nas diversas regiões brasileiras (totalmente inadequada para 49%). “A escassez de profissionais qualificados é ainda mais grave em regiões que passam por um progresso mais acelerado que a média nacional, como o Nordeste. Lá, além da pouca disponibilidade de pessoal com o perfil demandado pelo mercado, faltam centros de capacitação, essenciais para garantir os profissionais que serão necessários no futuro”, diz Rico.
Focar esforços
Se uma das alternativas para formar a mão de obra atual e futura passa pelas empresas, estas devem ter muito cuidado para não trocar os pés pelas mãos. Luiz Edmundo ressalta que o envolvimento das empresas para solucionar suas demandas por talentos exige estratégia e bom senso. “Por exemplo, se há falta de engenheiros, não dá para pensar que a empresa vá agora querer formá-los em casa. Se assim o fizesse, estaria se desviando do seu foco e somando mais um custo aos enormes encargos e impostos que recolhe”, observa. Em vez disso, ela poderia trabalhar em parceria com as instituições de ensino para que estas pudessem formar os profissionais em número e qualidade necessários. Isso é mais prático, rápido e eficiente, além de não duplicar esforços”, diz.
Sentindo a falta de profissionais qualificados no mercado, a Tetra Pak passou a investir mais na preparação dessa mão de obra e há dois anos conta com o Programa de Desenvolvimento Intensivo, que possui um dos melhores centros de treinamentos técnicos de operadores de equipamentos da empresa no mundo. “Com a implantação do programa no país, os instrutores brasileiros foram homologados para treiná-los aqui. Durante o período 2008/2009, foram treinados mais de 1,5 mil profissionais das mais diversas áreas, incluindo operadores de equipamentos da indústria alimentícia, clientes da empresa”, conta Gilberto Balista, diretor-executivo de RH da Tetra Pak.
Ele ressalta, porém, que em uma perspectiva em médio prazo é preciso investir em educação básica e também no ensino superior não apenas para enfrentar o apagão de mão de obra como também para aumentar a competitividade brasileira. “Exemplos como o da Coreia do Sul, que investiu fortemente em educação e alcançou uma posição competitiva no mercado global, podem ser seguidos pelo Brasil. É preciso apenas deixar o pensamento imediatista de lado e passar a enxergar os investimentos para o amanhã”, diz o executivo.
A mesma opinião é compartilhada por Françoise Trapenard, diretora-executiva de RH da Telefônica. Ela conta que o crescimento previsto por nossas empresas nos próximos anos vai se contrapor à realidade da educação do nosso país, “que atualmente forma centenas de milhares de advogados todos os anos e apenas 25 mil engenheiros”. “Vai faltar pessoal técnico para as fábricas que serão construídas, a logística que será implantada, a infraestrutura que será necessária e assim por diante. E o setor de telecom não é uma exceção nesse painel”, conta.
“Ao buscar as causas dessa escassez de mão de obra técnica, vemos que tanto as escolas técnicas quanto as universidades têm capacidade ociosa. Ou seja, não se trata da construir novas escolas, mas de atrair a juventude para essas carreiras. Atrair e retê-las até o final da formação. E essas são expertises típicas de RH nas organizações que agora precisam ser aplicadas no contexto das escolas técnicas e universidades”, acrescenta Françoise.
Ela conta que um grupo de empresas do qual a Telefônica faz parte está formatando um consórcio para a alavancagem da formação técnica, através de uma parceria com as instituições privadas. “Focamos nosso projeto-piloto na formação de tecnólogos, mas depois queremos expandir para outras carreiras”, conta a executiva, lembrando que na Telefônica, já há dois anos, são oferecidas bolsa de estudos para os empregados com formação de nível médio para obter a formação técnica ou universitária. “Um ponto que requer uma ação nacional é a valorização das carreiras técnicas – nossos jovens precisam redescobrir o valor dessas carreiras.”
Ainda pode melhorar
Em linhas gerais, até que o país não está tão mal assim nas tabelas e estudos sobre competitividade. Mas essas posições acabam descortinando o que ainda pode ser melhorado, e a educação, mais uma vez, volta à cena. Vejamos, por exemplo, o Índice de Competitividade Mundial 2010, desenvolvido pelo International Institute for Management Development (IMD) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), a partir de 331 indicadores quantitativos e qualitativos, agrupados em quatro fatores de competitividade – desenvolvimento econômico, eficiência governamental, eficiência de negócios e infraestrutura. Nele, o Brasil subiu duas posições e ocupa o 38º lugar.
O estudo, que analisou 58 nações, mostra que ganhamos três posições no pilar “eficiência dos negócios” (passando para o 24º lugar) e nos destacamos em 8º lugar com um PIB estimado em 1,57 trilhões de dólares. “O Brasil manteve a sua capacidade competitiva, alavancada principalmente pelos avanços na produtividade empresarial e na geração do emprego”, conta Carlos Arruda, professor da FDC, responsável pela captação e avaliação dos dados brasileiros.
No quesito “eficiência de governo”, nosso país se manteve na 52ª colocação; em “finanças públicas” ficou em 29º lugar; e “em política fiscal”, 37º. Na área de infraestrutura, perdemos três posições, voltando para o 49º lugar; na área de saúde, também três posições, ocupando o 40º lugar; e, na área de educação, duas posições, estando em 53º lugar. “Investimos pouco em educação básica [cerca de mil dólares por aluno], o que equivale à metade do que países como Argentina, Chile e México investem ou seis vezes menor se comparado à Comunidade Europeia”, completa Arruda.
Ele estima que, para os próximos anos, estão previstos ciclos de ganhos de posição da competitividade brasileira. “Mas, para que esse círculo virtuoso se mantenha, e o Brasil continue ganhando competitividade, é fundamental que o governo, as empresas e a sociedade sustentem seus compromissos com o longo prazo, com os investimentos na capacidade produtiva, na infraestrutura e na educação”, ressalta.
Mirar los hermanos
A partir de um banco de dados de 48 mil informações agrupadas em oito fatores (economia doméstica, abertura de mercado, consumo do governo, capital, infraestrutura, tecnologia, produtividade e capital humano), o Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), comandado por José Ricardo Roriz Coelho, elabora, desde 1997, o Índice de Competitividade (IC-Fiesp). Na edição de 2009, o Brasil apareceu em 37º lugar, à frente de países como Turquia, Índia e Indonésia (no anterior, ele estava na 38ª posição).
Apesar de estar entre os países que mais ganharam competitividade entre 2006 e 2008, o Brasil ainda perde para alguns dos nossos vizinhos na América do Sul, como Argentina, Chile e Venezuela, por exemplo. Entre as demais nações que compõem o BRIC (Rússia, Índia e China), ficamos atrás dos chineses e russos. “O que explica o distanciamento da Argentina e Venezuela é que esses países têm grandes estoques em educação e tecnologia, itens utilizados no cálculo da competitividade”, explica Roriz.
O IC-Fiesp de 2009 indicava que a melhora recente nos investimentos em educação ainda não havia se refletido em proporcional aumento da alfabetização e escolaridade. “Estamos gastando mais, só que qualitativamente ainda é muito ruim”, avalia Roriz. Vamos ver se na edição deste ano, prevista para sair no próximo mês, teremos algum reflexo positivo.
No ambiente tecnológico, o estudo da Fiesp detectou um aumento nos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), embora ainda pouco eficientes na geração de patentes e na produção de resultados comerciais. O levantamento mostrou que os países ricos investem, em média, 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em P&D, enquanto o Brasil destina apenas 1,1%.
Aqui, há outro ponto que trava a competitividade do país e que também está relacionado à educação – a inovação, um dos itens apontado em outro estudo, este feito pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), que, obviamente, não deixou de mencionar as nossas deficiências em infraestrutura e em educação.
Competir fora da empresa
Mas, antes de falar sobre inovação, Heitor Chagas de Oliveira, consultor da Petrobras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração, diz ser importante lembrar que a cultura de muitas organizações carrega um peso enorme, oriundo de algumas distorções que foram acumuladas ao longo da história da sociedade industrial. A pior de todas, segundo ele, é a ideia de competitividade mal compreendida.
Não há dúvida de que uma empresa tem de ser competitiva. Mas as pessoas, as áreas e setores não devem competir entre si. “Seria como se uma das mãos passasse o tempo todo querendo agredir a outra. Ou o estômago competindo com o fígado. Sabe-se muito bem que isso não é salutar”, diz.
Ele usa esses exemplos para explicar que uma cultura propícia à inovação é uma cultura de sinergia, na qual a co-operação é um valor reconhecido e cultivado. “Há alguns gestores que não escaparam da ingênua visão competitiva das traduções dos compêndios teóricos e acreditam na necessidade de competição entre pessoas. Esse conceito de competição trava a capacidade de inovação e de renovação de qualquer companhia”, conta.
Se um dos entraves da competitividade, no âmbito da empresa, é a incapacidade de co-operar, fica fácil perceber que o RH, então, tem uma função absolutamente decisiva: angariar os apoios das lideranças para uma nova “revolução” empresarial, como diz Oliveira. “A revolução que vai inovar, preliminarmente, a cultura, construindo uma cultura de sinergia. A capacitação e o desenvolvimento de pessoas não podem ficar restritos à necessária ênfase no conhecimento. Cursos e mais cursos, MBAs e pós-graduações são absolutamente necessários. Mas a educação não é dirigida exclusivamente às repercussões cognitivas”, pontua. “O RH tem de aplicar esforços para uma cultura de sinergia. As pessoas educadas para o convívio integrado trazem maior capacidade competitiva para a empresa. Exatamente por não competirem umas contra as outras.”
Aproveitar a força
Aumentar os investimentos em treinamento e na formação de mão de obra para suprir a deficiência do sistema educacional não é, da parte das organizações, a melhor solução do problema. É um paliativo de curto prazo. E que custa caro, como diz Ioschpe. Ele afirma que seria interessante que cada empresário, individual e coletivamente, pressionasse o governo por mudanças e melhorias na educação. Esse é o principal papel das empresas.
E como elas podem atuar? “O ensino fundamental é de responsabilidade das prefeituras. Se a empresa ou indústria tem importância para o município, vale uma conversa com o prefeito ou com o secretário de educação. O mesmo para um estado”, diz o economista. “O empresariado deve aproveitar sua força. Tem de pressionar politicamente. Não adianta criar uma fundação ou adotar uma escola – são ações importantes, mas que por si só não resolvem, por não gerarem mudanças sistêmicas”, conta.
Foi pensando em termos mais amplos que um grupo de empresários criou, em Pernambuco, o Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE). Liderado por Marcos Magalhães, o instituto oferece um novo modelo de gestão do ensino médio, que forma os jovens não só academicamente, como também para enfrentar o mundo do trabalho e, o que é mais importante, a vida . A iniciativa deu tão certo que já está sendo levada para outros estados.
A questão central é insistir, ter vontade de mudar esse quadro. “Estamos chegando a um ponto de inflexão: a escassez de mão de obra está levando mais e mais a se pensar nessas questões. Agora, não dá mais para crescer por improviso. É preciso ter essa base humana preparada para competir”, finaliza Ioschpe.
Para não morrer pela boca |
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A fluência no idioma inglês pelos funcionários, outro ponto abordado pelo levantamento da Amcham, é considerada decisiva para o sucesso global das empresas que operam no país. Quase 80% dos entrevistados dizem que obter avanços nesse sentido aumentaria muito a competitividade internacional. Já quando se olha para o mercado doméstico, o impacto é percebido como bem menos significativo. A porcentagem dos que acreditam em grande ampliação da competitividade a partir da fluência na língua cai para 40%, e outros 43% dizem apostar apenas em um pequeno crescimento. Questionados sobre serviços públicos que atendem estrangeiros no Brasil, os consultados pela Amcham apontam insuficiência de funcionários com fluência em inglês para atender tanto as necessidades atuais quanto as futuras (63% afirmam que a quantidade é totalmente inadequada nos dois casos). No que toca a serviços privados de hotelaria, transporte e alimentação, entre outros, a visão é parecida, embora levemente menos dramática: 52% veem como totalmente inadequada a quantidade de funcionários fluentes para as necessidades presentes e 56%, para as necessidades futuras. |
Um Plano Marshall para a educação |
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Para entender melhor a situação do Brasil, Luiz Edmundo Rosa nos convida a conhecer o nosso “funil da educação”. A começar por alguns dados estatísticos: em 2008, 32 milhões de brasileiros estudavam no ensino fundamental, 8 milhões no ensino médio e, deste, apenas 2,1 milhões o concluíam. “Somente 14% dos jovens faziam curso superior, número irrisório perto de nossos irmãos latino-americanos [Argentina com 38%, Chile com 35% e México com 29%]. Isso para não comparar com a Coreia, Canadá, Finlândia e tantos outros. O México, que tinha números próximos aos nossos, soube investir e dobrar em relação a nós”, conta Luiz Edmundo. Além de números tão baixos, ele ressalta a alta taxa de evasão. Segundo dados da Unesco, cerca de 40% dos que se matriculam na universidade não concluem seus cursos. “No caso das engenharias, esse número é muito pior, chegando, em alguns casos, a 80%. No curso de física de uma famosa universidade federal no Rio de Janeiro, dos 120 matriculados, 90% não o concluíam”, observa. “Além disso, há enormes desproporções entre os universitários. Centenas de milhares estudam direito e pouquíssimos estão em áreas exatas, tão demandadas hoje pelo mercado. Formamos apenas 40 mil engenheiros, segundo dados de 2007, perto dos 650 mil da China, que há pouco tempo formava menos que o Brasil”, diz. Para completar, ele informa que o número de matrículas no ensino superior vem desacelerando. “No início dos anos 2000, subia 15% ao ano; hoje, perto de 1%, justamente quando o PIB do Brasil dispara”, diz. “Empresas de construção pesada têm crescido recentemente 25% ao ano – imaginem como a distância entre a demanda e a oferta vai se alargar.” Para Luiz Edmundo, o Brasil precisa de um verdadeiro Plano Marshall para a Educação. “Como aquele que rapidamente recuperou a Europa destruída pela guerra. Só assim poderemos superar o tempo perdido.” |