Preparar as lideranças para a retomada do bom momento
econômico é a aposta das escolas de negócio
Em cenário econômico difícil, as empresas estão buscando cursos ou programas voltados para a formação/desenvolvimento de suas lideranças? Para Jesuíno Irineu Argentino Junior, diretor da pós-graduação da Universidade Paulista (Unip), a resposta é sim. “Elas já percebem o que parece ser o início de uma retomada e sabem que isso se dará em um ambiente de alta competitividade. E estão compreendendo que precisarão de líderes e colaboradores capazes, atualizados e com visão inovadora para enfrentar o mercado. Muitas vezes, promover a capacitação e o aperfeiçoamento de jovens talentos do próprio quadro de colaboradores gera resultados mais rápidos. Isso vem estimulando a volta dos investimentos em educação por parte das companhias e também a renovar seus cursos corporativos”, diz.
Confiante nessa retomada de mercado, Jesuíno conta que as estratégias da Unip (para dar conta da atual e futura demandas) são seguir a aceleração das mudanças de comportamento, dos modelos de negócio, dos métodos de compra e venda, das relações humanas e do avanço da tecnologia sobre todas as áreas exige constantes processos de educação e aprendizado sempre atualizados. “A pós-graduação lato sensu tem a característica de ser muito dinâmica. Por ser uma qualificação no âmbito profissional, ela deve acompanhar o mercado de trabalho, sempre atendendo as demandas indicadas. Entendemos que somente com essa visão é possível ajudar o aluno a alcançar seu objetivo de carreira”, afirma.
Dentro dessa dinâmica, os programas são atualizados semestralmente, segundo o diretor, trazendo novos conhecimentos sobre os temas abordados, sejam nas relações de trabalho, nas relações humanas, nas legislações, na tecnologia, nos modelos de negócio e no comportamento. “Somente assim podemos atender as expectativas do mercado de trabalho e dos nossos alunos, com foco na formação final de cidadãos capazes de colaborar com o desenvolvimento e inovação dentro de empresas, corretamente inserido no mercado profissional e na sociedade contemporânea.”
Também focada nas necessidades do mercado, mais especificamente no varejo, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) criou recentemente uma parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA) para desenvolver o MBA em Gestão de Shopping Center e Varejo. Para complementar a formação dos alunos, as instituições oferecem um módulo optativo internacional que acontecerá na cidade de Las Vegas (EUA). Os conteúdos são focados em temas essenciais para os profissionais do setor varejista, como gestão estratégica, de pessoas e liderança; relacionamento e inovação; finanças corporativas, aspectos jurídicos, empreendedorismo e governança corporativa; além de ética empresarial.
“O curso proporciona uma visão inovadora e estratégica aos profissionais que se tornam ainda mais completos por meio dos conteúdos diferenciados e o aprendizado na prática”, ressalta Glauco Humai, presidente da Abrasce. “São realizadas visitas técnicas a shoppings e estabelecimentos comerciais, além de seminários com especialistas do setor e games educativos que promovem uma imersão no universo do varejo”, afirma Humai, lembrando que a associação tem, em sua missão, a responsabilidade de educar e qualificar os profissionais e as lideranças do setor. “Um dos pilares estratégicos da Abrasce é a qualificação das lideranças do setor; com isso, temos uma ampla plataforma de educação – e uma área dedicada para isso – com publicação de livros, webinars, EAD, cursos voltados para marketing, jurídico e operações etc., culminando no curso de MBA”, diz.
E por falar em FIA, Francesco Querini, diretor de relações institucionais da entidade, também vê um horizonte melhor para este ano. “As expectativas são positivas, muito positivas. Não só estamos vendo, como estamos sentindo, a retomada da economia. Hoje, temos mais alunos matriculados neste trimestre de 2017 se comparado ao mesmo período do ano de 2015”, informa. Sem mencionar as estratégias para atender essa demanda possível, Querini reforça que a FIA sempre faz em seus mais diferentes cursos e programas atualizações e adequações com base na realidade local e mundial. “Esse é um modo constante na FIA.”
Neurociência
Consultor da Integração Escola de Negócios, Fábio Eltz também percebe uma preocupação maior por parte das empresas em busca de uma melhor formação para seus líderes. Ele explica que muitos resultados dependem das lideranças e de como elas conduzem suas equipes. “Assim, ter líderes que façam realmente a diferença é uma questão de sobrevivência. E, neste momento mais complexo, percebe-se o esforço das empresas em manter líderes preparados para atender as demandas e urgências do presente e, ainda, desenvolvê-los para os desafios futuros”, destaca.
Ele conta que 2017 teve um início movimentado, com demandas reprimidas de 2016. “Mas a expectativa é otimista. Parece existir a intenção das empresas em desenvolver as pessoas para que possam dar conta da competitividade.” Para atender as demandas futuras, Eltz afirma que a Integração tem como estratégia focar em produtos mais ativos, que tragam maiores resultados. “Familiaridade com o cliente e com seus desafios é alvo de esforço por parte da equipe de vendas e da equipe técnica. E, também, desenvolvimento de novos produtos, mais envolventes para os participantes dos programas”, conta.
Mudanças nos conteúdos dos programas em relação a anos anteriores sempre são feitas, ele lembra. “E são incluídos temas que estão no pico de interesse”, diz, acrescentando que as metodologias também estão mudando. “Estamos criando metodologias que envolvem cada vez mais o participante na construção do conteúdo. E conteúdo adaptado à sua realidade. Isso tem funcionado muito bem.”
Em relação às mudanças nos programas, Marco Fabossi, sócio-diretor da Crescimentum, comnta que independentemente das variações no cenário político e econômico, a instituição busca atualizar constantemente seus conteúdos. “Nos últimos anos, temos nos aprofundado muito no estudo da neurociência e de seus impactos na liderança, comportamentos e resultados. As comprovações e descobertas da neurociência têm nos ajudado a estruturar programas cada vez mais consistentes e assertivos, tanto para atender demandas específicas de nossos clientes quanto nos programas abertos”, afirma.
De acordo com ele, dois temas que têm entrado na pauta da maioria das demandas que recebem dos clientes: resiliência e accountability (agir como dono). “São competências imprescindíveis para atuar no atual cenário corporativo, e que nós temos nos aprofundado muito.”
Fabossi conta que as organizações esperam que os programas de formação de liderança sejam profundos e consistentes; intervenções que ajudem seus líderes a perceber que mais importante do que tornar-se o melhor líder da empresa, é tornar-se um melhor líder para a empresa, ampliando a visão sistêmica. “Isso ajuda na compreensão do papel do líder na formação de pessoas e profissionais que atuem com excelência, pensando e agindo como donos do negócio, trabalhando em equipe, construindo um ambiente organizacional satisfatório e, consequentemente, contribuindo para um melhor resultado para todos”, frisa.
E para que isso aconteça, o consultor destaca dois pontos fundamentais que precisam ser observados: o primeiro é que todos os níveis de liderança da organização precisam estar envolvidos. “Ou seja, mais que uma simples mudança de comportamentos dos líderes, é preciso que haja uma profunda transformação na cultura de liderança da empresa”, diz. “O segundo ponto é que, para que os programas sejam bem-sucedidos, precisam de apoio e acompanhamento. Por isso, reestruturamos nossa unidade de coaching para que possamos atender as organizações com programas que contemplem esse acompanhamento.”