Com a tecnologia cada vez mais atuante no dia a dia do Recursos Humanos, os profissionais passaram a agir de forma mais estratégica e menos operacional. A área tem sido cada vez mais relevante e decisiva para as empresas. Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem vencidos e um dos mais emblemáticos talvez seja a valorização do profissional da área.
“O profissional do RH não pode ser limitado a cuidar da folha de pagamento, da seleção e recrutamento de pessoas. Hoje esse profissional está muito mais empoderado, atuando de forma mais relevante e estratégica. Tendo a tecnologia e suas inovações a seu favor, é possível pensar em ações que levem em conta o propósito das empresas”, afirma Alessandra Santos, supervisora de RH da Ahgora Sistemas, empresa que desenvolve tecnologias para Gestão de Pessoas.
Entender de pessoas e de números
A partir da década de 90 o mercado se tornou menos previsível e a inovação passou a ser decisiva. Os modelos de decisão top down deixaram de fazer sentido e abriram espaço para decisões horizontais, protótipos baseados na experiência e feedbacks interativos, ou seja, focados nas pessoas. Caroline Schmitz, Coordenadora de Gestão de Pessoas da Cheesecake Labs, empresa que desenvolve aplicativos, acredita que o papel do profissional de gestão de pessoas ficou ainda mais salutar, ágil e colaborativo. “Além do requisito básico de gostar de pessoas, penso que o desafio do profissional da área seja casar a sutil arte de se conectar com qualquer pessoa, com o domínio de people analytics – dados sobre relações, competências e comportamentos que pautam as decisões do negócio – essas duas competências juntas permitem que o gestor de pessoas seja um facilitador para as mudanças que a inovação exige”, destaca Caroline.
Ter competência e inovação
Para saber inovar, é preciso pensar de forma diferente. Seja para resolver uma simples resolução de algum problema ou até mesmo na implantação de um importante processo. Segundo Natália Natália Pruchneski, Coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional da Teltec Solutions, integradora de soluções em TI, a dificuldade é que poucos profissionais de RH estão conseguindo desenvolver esta competência em seu dia a dia. “Ao meu ver, o processo de inovação é um caminho sem volta e precisamos nos adaptar. Como profissionais da área, somos os principais responsáveis por auxiliar a alta gestão nas mudanças organizacionais”, afirma. Na opinião dela, inovar é ser criativo em sua maneira de pensar, agir e fazer. É também desafiar-se constantemente para encontrar novas soluções.
Entender do negócio e atuar alinhado a ele
O RH deve estar conectado com o negócio e não se enxergar apenas como uma área de apoio. Compreender o que a empresa faz, quais são os principais stakeholders, os desafios do mercado (além de como estes desafios influenciam a força de trabalho) e como está a economia do setor devem fazer parte do mindset deste profissional. Júlia Pacheco, Gerente de Gestão de Pessoas da Cianet, empresa referência em produtos e desenvolvimento de tecnologia para o mercado de provedores regionais de internet, defende que “a estratégia do RH precisa acompanhar a estratégia da empresa, caso contrário, é um setor que não entregará valor”.
Ter uma visão sistêmica
Júlia ainda ressalta que uma situação muito comum dentro das áreas de RH das empresas é que os processos são fragmentados, não conversam entre si e passam as demais áreas a percepção de que o RH não tem uma linha que perpassa entre todas as práticas. Ela cita um exemplo: “Os processos precisam estar interligados, todos eles. Isso quer dizer que o mesmo critério que eu descrevo um cargo, eu devo utilizar para selecionar, mensurar nos sistemas de avaliação, lapidar nos treinamentos e render recompensas nos sistemas de meritocracia remuneração”. O profissional pouco apto olha apenas para o seu processo, sem questionar nem observar os processos dos colegas realizam e assim vão criando uma colcha de retalhos.
Vontade de aprender coisas de outras áreas
“A inovação surge quando a gente junta dois conhecimentos que a princípio não têm muita ligação, mas que juntos, se tornam poderosos”, descreve Júlia. Ela acredita que a área de RH tem muito o que aprender e compartilhar com a de TI ou que o setor de UX tem com a Psicologia. Ser um profissional do RH é estar disponível a aprender coisas que não necessariamente são da área, mas que podem agregar muito à função. “Fazer um mapa de empatia do nosso cliente, utilizar o Canvas para nossos projetos, aprender a programar em C para fazer People Analytics. Tudo isso só é possível se estivermos disponíveis a ir além das fronteiras da Gestão de Pessoas”, ressalta Júlia.
Atuar estrategicamente
Como profissional que “sente na pele” os desafios de se dedicar horas a atividades operacionais, quem atua nos departamentos de RH deve estar atento a oportunidades que os ajudem a atuar de forma mais estratégica. Para isso, o primeiro passo é utilizar tecnologias que agreguem valor ao trabalho no dia a dia. “Automatizar os trabalhos estritamente operacionais apoiado por ferramentas que otimizam o tempo e entreguem informações relevantes é essencial. O RH precisa cada vez mais olhar para estas informações de forma analítica e extrair insights relevantes para fazer uma gestão assertiva”, explica Alessandra Santos, Supervisora de RH da Ahgora Sistemas, empresa que desenvolve tecnologias para a gestão de ponto eletrônico, presença e acesso. Este olhar analítico e estratégico será cada vez mais demandado deste profissional.