A quem recorrer diante da abertura de uma vaga na sua empresa? Inicialmente, parece muito mais fácil optar por trazer um colaborador de fora: um profissional que já estava em uma posição semelhante em outra instituição, e que, portanto, estará pronto para assumir esse novo compromisso, sem exigir nenhuma capacitação.
Porém, eu estou aqui para avisar que, na prática, você precisará recrutar dez pessoas externas para encontrar uma certa para a vaga.
Enquanto isso, pessoas da sua própria empresa estão à disposição, engajadas e comprometidas com o trabalho, com conhecimento sobre os objetivos e rotinas do negócio e em sintonia com os valores institucionais.
É por isso que, no Asaas, adotamos a valorização dos colaboradores como um ponto central do nosso plano de carreira – ou plano de crescimento, como prefiro chamar. Somos uma empresa nova, criada em 2013 e ainda com muitos processos em construção. Mas temos vivenciado um grande crescimento e, só no último ano, passamos de um time de 104 para mais de 200 pessoas. Para mantê-los, percebemos a importância de olhar, antes de tudo, para o nosso colaborador e o seu momento atual.
Quem observa de fora, vê que priorizamos sempre quem é de casa, tanto para lideranças, quanto para movimentos internos. No entanto, essencialmente, não é uma priorização: somente colocamos as pessoas que melhor se encaixam em cada oportunidade.
E, embora existam raras exceções, como conhecemos de verdade o nosso pessoal, é muito natural descobrirmos pessoas ideais e prontas para os novos desafios dentro de casa.
Mas como chegamos nesse ponto?
Entendendo nosso time
Eu e meu irmão e sócio, Piero Contezini, aprendemos a programar sozinhos em casa, quando ainda éramos crianças. E, desde então, tudo o que construímos foi resultado de muito desejo de aprendizado e de crescimento. Isso nos levou a acreditar que todas as pessoas têm o poder de serem mais a cada dia, e que o único limite para o desenvolvimento é a falta de amor pelo que está a sua frente.
Entendemos que o primeiro passo para o plano de crescimento de um colaborador inicia com uma análise do seu momento. Ele está feliz? Quais são os fatores que limitam o crescimento dele hoje? Existe um sonho claro ou ele ainda está na busca de inspiração para planejar o seu futuro? A partir disso, traçamos um plano para que, mês a mês, ele possa entender a sua evolução e ver o quão próximo está de cada etapa.
Na prática, isso acontece por meio de reuniões 1:1 (líder/liderado) quinzenais e encontros periódicos de planejamento profissional. Nestes últimos, são utilizadas ferramentas de coach, como a Roda da Vida, para que o colaborador entenda onde está e consiga traçar metas, seja de seis meses a um ano ou até para daqui a 20 anos. Não é um plano da empresa e sim do colaborador, com objetivos pessoais e profissionais alinhados aos seus sonhos.
Para acompanhar esses processos, temos cursos internos em diversas áreas, inclusive de capacitação para liderança, além de uma biblioteca que chamamos de Central de Conhecimento, onde condensamos todo saber já produzido por nossos colaboradores.
Essa troca tão próxima ajuda muito na sincronia entre a equipe. O líder consegue ser mais eficiente em compreender a relação entre a carreira atual e a carreira ideal do colaborador, e a criar um passo a passo para que essa evolução se concretize dentro do Asaas… se possível.
Pois, independente do sonho, apoiamos nossos colaboradores – mesmo que seja para a realização de um intercâmbio ou a criação de uma empresa própria. Nosso papel é ajudar ele a se conhecer e a construir um caminho entre o agora e o seu sonho de futuro.
Abrindo para a movimentação
Em muitos casos, esse caminho passa por uma movimentação na carreira.
O Dylan, por exemplo, começou trabalhando na área de Sucesso do Cliente, mas, apesar da boa produtividade, nitidamente não conseguia exercer toda a sua capacidade. Ao fazer uma avaliação de perfil com ele, percebemos que existia um gosto bastante superior por atividades de estudo, pesquisa e construção de conhecimento. E essas eram justamente as características necessárias para uma vaga importante de Prevenção a Fraudes. Convidamos ele para um período de três meses de experiência e foi um sucesso: o Dylan é uma das pessoas mais brilhantes que conheci para atuar nesta área.
O caso só confirma o que já acreditava quando comecei a empreender: as pessoas têm a possibilidade de ser e produzir muito mais, desde que encontrem o que amam de verdade. E, em uma época onde a retenção de talentos é cada vez mais procurada, ajudar o colaborador a encontrar o seu lugar é a melhor forma de fazer com que ele fique em casa. Não há piscina de bolinhas, cadeira de gamer ou sede de 10 mil m² que supere isso. Não é à toa que a média do eNPS (Employee Net Promoter Score) dos últimos cinco meses indica que 93,23% dos colaboradores do Asaas recomendam a empresa como um bom lugar para trabalhar.
Preparando lideranças
Sabemos que um gestor de uma empresa petrolífera pode não necessariamente entender de engenharia de fluídos, mas é obrigado a saber exatamente como deve ser executado o trabalho dos seus liderados imediatos. Por isso, acreditamos que o desenvolvimento para liderança, salvo exceções, seja a única forma de ter líderes eficientes.
Os resultados são muitos, como termos liderados que confiem em seus líderes, pois sabem que eles entendem dos seus trabalhos e podem dar orientações significativas. Além disso, as equipes conseguem ver que existe um futuro de crescimento para elas dentro da empresa, o que também aumenta a lealdade dos colaboradores e a retenção de talentos.
No Asaas, um exemplo que temos é a Pâmela, nossa primeira funcionária. Ela começou como programadora, passou por uma mudança de área para o RH e se encontrou. Hoje, ela , que por um tempo era a “menina de pessoas”, é responsável por toda a área de People dentro do Asaas – uma equipe de 14 pessoas que cuida de outros duzentos colaboradores.
É claro que há muitos desafios. Nossa empresa vem duplicando o número de colaboradores todo ano, o que significa que todo ano teremos o dobro de líderes prontos para atuarem em suas equipes. Quem ontem teve apoio e foi capaz de crescer, hoje deve estar apto para fazer o mesmo pelos seus liderados.
De qualquer forma, é importante dizer que não acreditamos que o lugar ao sol de uma pessoa seja um fim. As pessoas que hoje estão felizes, amanhã precisam de novos desafios: seu lugar ao sol muda. Já tivemos dezenas de colaboradores que trocaram várias vezes de área até se encontrarem. A empresa que não ouve e não está atenta ao momento do seu colaborador certamente terá duas possibilidades: perder sua produtividade ou perdê-lo para o mercado.