Aumento do número de mulheres ocupando as cadeiras de Chief Financial Officer (CFO) em 2021 é achado de estudo recente da consultoria Russell Reynolds Associates, que analisou empresas que integram o índice Standard & Poor’s 500 – S&P, nos Estados Unidos. Segundo o levantamento, 32% das novas nomeações realizadas no ano passado para CFO foram de mulheres, dobrando percentual verificado em 2020.
Ainda de acordo com a pesquisa, 80% das nomeadas em 2021 passaram por promoções internas. Fruto de um planejamento sucessório que incentiva a participação feminina, mais de 60% das nomeações ocorreram pela primeira vez na carreira dessas mulheres.
Já no Brasil, metade das posições financeiras nos projetos liderados pela Russell Reynolds em 2021, foram preenchidas por mulheres. Nos últimos quatro anos, a média desse índice era de apenas 17%. O número de candidatas finalistas a CFO, por sua vez, subiu de 6% em 2018 para 33% em 2021, segundo a consultoria.
Pressão de mercado
Para Fernando Machado, consultor da Russell Reynolds Associates, o maior número de CFOs mulheres reflete demanda do mercado, constituída por forte pressão dos stakeholders das companhias por mais diversidade. Segundo o executivo, promoções escaláveis, iniciando-se com mais oportunidades em Finanças Operacionais e cargos de CFO Regional, por exemplo, podem preparar cada vez mais mulheres para o C-level do controle das Finanças de toda a empresa.
A busca também deve partir delas. “Felizmente, existem várias associações e grupos de mentorias, com atividades e ações que dão visibilidade e ajudam no desenvolvimento das mulheres que querem seguir carreira executiva”, ressalta Machado. A Woman CFO Brasil, por exemplo, é uma delas, cita o executivo, sobre entidade que recebe suporte da Russell Reynolds. “Além disso, o bom e velho networking é fundamental para que elas construam sua própria rede de mentoria, buscando exemplos e apoio de outras mulheres bem-sucedidas”
Passado recente
O consultor lembra que os cargos de CFOs, normalmente, são preenchidos por profissionais formados em Engenharia, Matemática e Contabilidade, cursos com alta discrepância feminina. “Atualmente, existem poucos exemplos, poucas gestoras e poucas mulheres em cargos de liderança com destaque tanto no setor financeiro, quanto em posições de liderança. Mas o cenário está mudando e o que era tendência, começa a se tornar realidade.”
Outro ponto que explica a disparidade ainda existente, segundo Machado, é que que a busca pela equidade de gênero em cargos de liderança no setor financeiro é uma questão relativamente nova e não estava na agenda prioritária das empresas. “No Brasil, a iniciativa partiu das subsidiárias das multinacionais, que trabalham Diversidade e Inclusão há mais de 25 anos, trazendo o foco não só para a questão de gênero, como também para etnia, orientação sexual, acessibilidade, entre outros”, explica.
No entanto, como lembra o executivo, “faltam processos, sistemas e profissionais preparados para desenvolver um pool de talentos em Diversidade que considere a especificidade do perfil das mulheres como, por exemplo, a dupla jornada com a responsabilidade de cuidar dos filhos e da casa”. As empresas que queiram realmente investir nessa questão, precisam observar de maneira holística e estratégica para alcançarem os resultados esperados, entende Machado.