Liderar é – e sempre foi – sobre criar relações de confiança. E se alguém quer ser um melhor líder a cada dia, precisa se tornar uma pessoa melhor a cada dia. Líderes tóxicos já foram referências valorizadas, mas isso mudou. O comando que beira a imposição não é mais suficiente (se é que foi um dia). Hoje, um bom líder é aquele que se preocupa de forma legítima com as pessoas e seus stakeholders.

A grande novidade é que criar relações hoje em dia é um pouco diferente do que foi há cinco ou dez anos. Agora, a sociedade discute diversidade, etarismo, gênero, sustentabilidade de outra forma, com muito mais profundidade e, mais importante do que isso, com maior participação e engajamento. A dinâmica das redes sociais, que expõe um CEO de uma empresa a milhares de pessoas, por exemplo, ou mesmo a consolidação do modelo híbrido de trabalho, também exige de nós – todos nós – se não novas habilidades, um bom aprimoramento das antigas.  

Inteligência emocional, empatia, escuta ativa, capacidade de resolução de conflitos, tudo isso faz parte do rol de características de uma boa pessoa e, consequentemente, de um bom líder. E diante de todos os desafios já mencionados e de outros tantos, com os efeitos das mudanças climáticas no nosso dia a dia, a maior turbulência social e política em todo o mundo, outra coisa que muda é a responsabilidade do líder. Do líder que é um exemplo, do líder que inspira. A janela por onde ele é visto – e atualmente, ouvido, questionado e cobrado – é muito maior. 

Isso significa que as habilidades comportamentais da liderança são ainda mais essenciais. Fato é que, atualmente, a dinâmica no trabalho se tornou algo muito mais psicológico. Não é mais apenas sobre conteúdo e diplomas. É sobre a disciplina e a vontade de aprender algo novo e se aprimorar sempre (e ensinar e compartilhar). 

Como já disse Abraham Lincoln, certamente um dos mais icônicos presidentes dos Estados Unidos, lá no século 19, “a maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”. A receita não é nova e sempre esteve presente, mas ao longo do tempo foi se modificando e, por essa razão, que ainda se fala tanto em liderança. Um bom líder é cada vez mais fundamental, porque acesso a informação e tecnologia, por exemplo, todo mundo tem. É preciso ter um guia, alguém que seja capaz de tirar o melhor dos seus colaboradores, que valorize o que eles já sabem, mas enxergue o potencial e estimule esse desenvolvimento. 

O líder, cada vez mais, precisa entender de gente e também de números. Em um mundo em constante mudança, e mudando em alta velocidade, eles lidam com outras preocupações diariamente também: transformação digital a toque de caixa, práticas sustentáveis, diversidade e inclusão e até mesmo a preocupação de aproveitar o poder dos seus negócios para fazer bem. Esses são apenas alguns pontos apontados por um estudo elaborado pela consultoria Page Executive, especializada em recrutamento e seleção de executivos C-Level, e parte do Page Group.

Uma iniciativa que vem crescendo de forma exponencial nos últimos três anos é a mentoria como ferramenta de desenvolvimento profissional, mas também pessoal. Dividir vivências e conhecimento, ou aprender pelo exemplo de pessoas que já trilharam caminhos semelhantes, é uma troca benéfica para aprimorar habilidades e construir um perfil de liderança – e de ser humano – capaz de lidar com as constantes provas do dia a dia, o que inclui cuidar de gente. Os melhores líderes que conheci já foram mentorados por outros líderes um dia.  

Ser um líder atual, portanto, é uma mentalidade e exige um nível de autoconhecimento acima da média. Está longe de ser somente uma posição de destaque, com poder ou salário e benefícios melhores. Para gerar valor para o negócio e para seus colaboradores é importante aprender rápido, ser resiliente, manter-se antenado, apostar nas pessoas, ter capacidade empática para manter times motivados, transmitir confiança e acreditar nos potenciais que foram identificados em cada engrenagem da equipe.