Comunicados ou notícias sobre compromissos públicos assumidos por empresas são conteúdo cotidiano na grande mídia ou em canais especializados de informação. Metas ambientais, de governança ou de diversidade e inclusão podem projetar a companhia, mas vão além do marketing, na prática, quando divulgados. Para os consumidores, mostram que a organização leva os temas a sério. Entre os stakeholders internos, a medida estimula desafios, motiva times e engaja as lideranças nos objetivos relacionados a esse comprometimento.
A forma como as companhias conduzem esse processo, distanciando-se do diversity washing – e como o combatem, com ou sem ajuda externa de uma consultoria para promover transparência – foi tema de painel do 2º Fórum Melhor Diversidade e Inclusão, promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, com a participação de Fabio Lacerda, VP de Gente e Cultura da Cogna Educação, e Simone Beier, Diretora de RH da Cargill.
Simone conta como isso acontece na Cargill, considerando a conduta da empresa um exemplo de seriedade no assunto. Diante dos compromissos assumidos, é traçado todo um road map das ações necessárias para o seu cumprimento, que vão de sensibilização à conscientização, até à revisão de políticas do tema quando necessário. “Mas há muito a se fazer antes de assumir os compromissos”, entende a executiva. “Assumi-los é mais ou menos na metade do caminho.” E essa trajetória pode contar ou não com ajuda externa, com o comprometimento junto a entidades ou apenas junto aos stakeholders. Não há certo ou errado nesse sentido, destaca Simone.
A companhia segue diretrizes de compromissos globais assumidos pela empresa no exterior. Um deles é a assinatura de metas públicas junto ao Paradigm for Parity, movimento que preconiza igualdade de gênero corporativa, com o qual a Cargill se comprometeu com metas até 2030. Há ainda metas internas para contratação de um maior número de negros, estipuladas para a empresa nos EUA e no Brasil, além da contração de pessoas com deficiência.
Compromissos no Brasil foram assumidos junto a organizações promotoras de diversidade e inclusão, como o Movimento Mulher 360 (de empoderamento feminino), o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, e o MOVER – Movimento pela Equidade Racial.
Já a Cogna Educação estabeleceu grupos de afinidade em 2020 para direcionar o seu trabalho, contando com o envolvimento de todos os setores da empresa nas causas abraçadas. O estabelecimento de compromissos públicos foi somente em 2021, após toda uma trajetória para compor as diretrizes internas. Estes devem ser cumpridos até 2025, conta Lacerda.
“‘Impulsionar a melhor versão de si’, slogan usado para os alunos, foi a melhor forma encontrada de direcionar o olhar para a questão”, destaca o executivo . Sob essa diretriz, todos são sensibilizados para o tema da diversidade e da inclusão.
A capacitação de toda a liderança, explica Lacerda, conta com uma trilha de conteúdo de mais de 6 horas, incluindo palestras do especialista em diversidade e inclusão Reinaldo Bulgarelli. “Há um trabalho ‘monstruoso’ para que os 24 mil colaboradores da empresa conheçam os objetivos e se engajem nas ações e políticas estabelecidas”, ressalta.
Entre os compromissos assumidos pela empresa, há a missão de evoluir de 47% para 50% de mulheres nos quadros de liderança (o efetivo feminino entre aproximadamente 24 mil funcionários, independentemente dos cargos, já é de mais de 50%). Há, ainda, o objetivo de contar com ⅓ de mulheres negras e público LGBTQIAP+ no conselho administrativo. As ações em direção ao cumprimento das metas contam muitas vezes com parcerias e consultorias, sobretudo para um recrutamento sem vieses de público afirmativo.
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