Com o advento das novas tendências e com a velocidade das mudanças, em especial nos avanços tecnológicos, o profissional de RH, em qualquer que seja sua esfera de trabalho, está vinculado direta ou indiretamente a pessoas. Desde o momento em que candidatos participam de processos seletivos, o acompanhamento de sua evolução no contexto empresarial, ajustes em conformidade com novas necessidades, gestão da carreira, atendimentos na esfera social, atendendo às demandas das lideranças em consonância com as estratégias, cultura e políticas adotadas pelas organizações. Isso significa dizer que todas essas atividades estão vinculadas ao contato, ao relacionamento, à disseminação de informações, à comunicação.
“Curiosamente, na nossa era de Indústria 4.0, com todo o contexto das mudanças impulsionadas pelo avanço da tecnologia, envolvendo Inteligência Artificial, transformações significativas no contexto de carreiras, profissões e empregos, acesso cada vez mais fácil às informações, as habilidades socioemocionais têm sido ainda mais procuradas pelas empresas”, afirma Reinaldo Passadori, CEO da Passadori Educação e Comunicação.
Estudos realizados na Universidade Harvard, nos EUA, afirmam que 85% dos nossos resultados estão ligados a habilidades e atitudes socioemocionais e, apenas, 15% à capacidade técnica. “Os profissionais de RH não só necessitam desse aprimoramento contínuo como também devem implantar programas em suas empresas que promovam cada vez mais os valores e as habilidades fundamentais para um maior engajamento entre os colaboradores, criação de times em vez de grupos, motivação, atratividade, preparação atualizada de líderes, cultivo da cultura de sustentabilidade, responsabilidade social e integridade em todos os níveis”, acrescenta o CEO.
É fundamental para qualquer profissional o aperfeiçoamento da Inteligência Emocional e, mais ainda, para aqueles que trabalham com recursos humanos. Afinal, como gerenciar pessoas, sem soft skills desenvolvidas?
“Entendo ser de fundamental importância que o profissional de RH tenha suas habilidades comportamentais bem resolvidas. Entre as cinco principais habilidades a serem desenvolvidas por esse profissional, destaco: autoconsciência; autocontrole; consciência social; gestão de relacionamento; e automotivação”, diz Passadori. Ele explica e justifica, a seguir, a importância de cada uma.
Autoconsciência
Refere-se à capacidade de olhar para si mesmo, como um ser humano completo – com erros e acertos, sucessos e fracassos –, com amorosidade, sem julgamentos, identificando pontos fortes e fracos, aceitando seu jeito de ser e se dispondo a aprender e a aprimorar aquilo que não faz bem. Esse é o primeiro passo para a conquista da Inteligência Emocional desejada. “A partir do momento que entendemos que somos passíveis a erros, como qualquer outro colaborador, conseguimos exercitar a empatia e, a partir disso, solucionar o que está impedindo a nós mesmos e ao outro de ter sucesso”.
Autocontrole
O profissional de RH precisa conciliar, muitas vezes, as necessidades do colaborador com as demandas da equipe e da empresa, visando a melhor solução para todos e resultados positivos para a companhia. Para tanto, pensamentos negativos, destrutivos, emoções negativas, como a intempestividade e a impulsividade, devem ficar de lado. Não raro, temos a vontade de dizer o que nos vem à mente, de xingar, de explodir, não é mesmo? “É preciso saber controlar as emoções e gerenciar os sentimentos, caso contrário, os resultados para a política de recursos humanos, pode ser desastrosa. Lembre-se: esse profissional representa a empresa, frente aos demais colaboradores”.
Consciência social
Escuta ativa e empatia (olha ela aí, de novo, podendo significar respeito, atenção, cuidado) são fundamentais no olhar sobre o outro. É só a partir da prática dessas duas habilidades que será possível identificar necessidades e perfis, com a percepção exata do certo e do errado, promovendo, assim, a inclusão de indivíduos, grupos e comunidades com os quais o profissional de RH precisa lidar diariamente, praticando a comunicação assertiva, afetiva e efetiva, visando proporcionar interações harmoniosas, que promovam o progresso social e profissional, como já diz o dito popular: “O silêncio é de ouro e a palavra é de prata”. Isso não quer dizer que não devemos nos posicionar, mas que devemos ouvir atentamente o outro antes de dar qualquer opinião. Só assim, chegaremos mais perto do que é justo. Por isso, ouça com atenção, procure entender a situação e processe a informação antes de reagir.
Gestão de relacionamento
Estabelecer um relacionamento interpessoal saudável com todos não é fácil, afinal, sempre há alguém com quem o nosso “santo não bate”, que nos lembra uma pessoa de que não gostamos ou que tem atitudes que consideramos repreensíveis. No entanto, quando falamos em gestão do relacionamento não se trata de gostar de todos ou mesmo de ser querido por todos, mas, sim, de respeitar o jeito de ser dos outros e lidar com cada interlocutor da forma mais adequada. “Quando nos comunicamos, precisamos que nossa mensagem seja compreendida, certo? Para tanto, é preciso conhecer o seu interlocutor, adequar o vocabulário, entonação, conteúdo, aceitá-lo como é e não como gostaríamos que fosse”. A inteligência interpessoal tem a ver com a habilidade no trato com as pessoas e com a equipe.
Automotivação
Estar sempre ativo, correr atrás dos seus sonhos, fazer acontecer, são ações que fazem parte da automotivação. É preciso saber aonde se quer chegar para, então, criar estratégias rumo ao seu objetivo. “O profissional de recursos humanos é um dos grandes motivadores de uma empresa, é ele que vai engajar os colaboradores, atuar junto às lideranças, contribuindo para que vistam a camisa e atinjam seu melhor desempenho. Não há como passar algo para alguém se essa não for a sua verdade. A automotivação tem a ver com o seu ideal de vida, e só acreditando nele você poderá inspirar aos outros a agirem do mesmo jeito”.
Dentre todas essas considerações relacionadas ao profissional de recursos humanos, desde a diretoria até o mais simples dos cargos, um ponto de convergência, vinculado diretamente às atitudes e aos comportamentos relacionados às habilidades socioemocionais, é a paixão. Paixão por gente e a agradável sensação de ser um agente de mudanças, apoiando, motivando, idealizando e realizando ações que promovam o melhor comprometimento dos colaboradores, focando seus talentos e experiências às necessidades da organização e, claro, consequentemente, participando diretamente dos resultados e lucratividade da empresa.