Gestão

Abril Verde e a nova NR-1: um alerta estratégico para lideranças de RH

Atualização da NR-1, crescimento dos afastamentos por saúde mental e alto número de acidentes de trabalho tornam a prevenção de riscos ocupacionais uma prioridade estratégica para empresas.

de Redação em 10 de abril de 2025
Freepik.com

Com mais de 440 mil afastamentos por transtornos mentais registrados apenas em 2024, segundo o Ministério da Previdência Social, e 450 acidentes de trabalho fatais reportados no país entre janeiro e novembro do mesmo ano (dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN), o Movimento Abril Verde chega com um recado urgente: saúde e segurança no trabalho deixaram de ser apenas uma questão de compliance — são hoje elementos centrais da estratégia de negócios, especialmente para médias e grandes empresas.

Criado com o objetivo de conscientizar empregadores e trabalhadores sobre a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, o Abril Verde ganha ainda mais força em 2025 com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que passa a vigorar a partir de maio. A nova norma exige uma postura ativa por parte das empresas, especialmente no que se refere à gestão dos riscos psicossociais, como assédio, sobrecarga e falta de apoio organizacional.

Juliana, da Krebs Aguiar: gerenciar riscos deixou de ser escolha

“A saúde mental tem se tornado um tema crítico”, afirma Juliana Krebs Aguiar, fundadora da Krebs Aguiar Advocacia, professora da Ulbra e mestre em Direito da Empresa e dos Negócios. “Os afastamentos por transtornos mentais dobraram na última década. Isso evidencia a urgência de ações preventivas no ambiente corporativo, tanto pelo cuidado com todos quanto para evitar perdas produtivas e riscos jurídicos.”

A partir de agora, a inclusão obrigatória desses riscos no Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) exige das lideranças uma reformulação completa da forma como se enxerga a segurança no trabalho. Não se trata mais apenas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou de laudos técnicos: a mudança é cultural.

“Deixa de ser uma escolha e passa a ser uma exigência regulatória”, destaca Juliana. “A nova NR-1 demanda uma abordagem proativa, incluindo campanhas de conscientização, suporte psicológico, monitoramento contínuo e treinamentos para lideranças.”

A responsabilidade é clara: o ambiente de trabalho deve ser continuamente monitorado e adaptado para proteger a integridade física e emocional dos colaboradores. Para Rodrigo Soravassi, engenheiro da Trabt Medicina e Segurança do Trabalho, isso passa por uma gestão ativa de riscos.

Soravassi, da Trabt: caminho pela conscientização

“Cabe ao empregador realizar o gerenciamento dos riscos ocupacionais, garantindo assim um ambiente de trabalho saudável”, afirma. “Quando ocorre um acidente, as consequências podem ser devastadoras, afetando não apenas o trabalhador, mas também sua família, comprometendo sua saúde física, emocional, financeira e social.”

O desafio não é apenas técnico. É também de liderança e cultura organizacional. Para além da legislação, a prevenção depende de uma mudança de mentalidade — e da mobilização de toda a estrutura organizacional.

“A segurança no trabalho ainda depende muito da conscientização das empresas e da pressão de sindicatos e do Ministério Público”, explica Soravassi. “Quanto mais falamos sobre segurança no trabalho, mais conseguimos evitar acidentes e doenças ocupacionais.”

A conscientização dos trabalhadores é outro fator chave para a construção de ambientes seguros. Treinamentos, comunicação clara e acesso à informação devem ser constantes — não apenas durante o Abril Verde.

“Quando os colaboradores entendem os riscos, conhecem seus direitos e sabem como agir preventivamente, tornam-se agentes ativos da segurança no trabalho”, ressalta o engenheiro. “As empresas devem investir continuamente em treinamentos, equipamentos de proteção e na criação de uma cultura organizacional voltada à prevenção.”

Para Juliana , essa transformação pode e deve ser encarada como uma vantagem competitiva:

“Implementar medidas eficazes de segurança e saúde ocupacional não só reduz riscos legais, mas também fortalece a competitividade das empresas. Ambientes de trabalho saudáveis retêm talentos e melhoram os resultados.”

Empresas que se antecipam às exigências legais e se posicionam como ambientes seguros e acolhedores ganham em reputação, produtividade e retenção. Em tempos de desafios intensos no mercado de trabalho, especialmente com novas gerações buscando mais propósito e bem-estar, a conexão entre saúde ocupacional e estratégia empresarial nunca foi tão evidente.

Abril é o mês da prevenção, mas a mensagem é válida o ano todo: segurança no trabalho não é custo — é valor agregado.

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail