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Burnout: o novo normal?

8 entre 10 trabalhadores brasileiros ativos declaram ter gatilhos para a síndrome. Evento discute soluções para o problema em ambientes organizacionais e de formação profissional

de Redação em 22 de junho de 2022
Creativeart/ Freepik.com

Quais os caminhos para os gestores acolherem e lidarem com o novo cenário da saúde mental da equipe? O 2° Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa, promovido pelas plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, no início de junho, reuniu especialistas para desvendá-los. A frequência e a normalização dos casos de burnout, em paralelo à definição da síndrome como um problema de saúde ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS), deram a tônica das apresentações.

Painel sobre o tema contou com a mediação de Sergio Amad, Co-Founder and CEO da Fiter, que disponibiliza soluções para monitorar e promover a felicidade da equipe. Também envolveu o case do Grupo ABC de Comunicação, com a presença de Fernanda Garcia, Diretora de Cultura & Pessoas da empresa. Já Rosangela Frateschi, Diretora da Escola Técnica e Coordenadora do curso de Pós graduação em Docência na área da saúde do Einstein, abordou formas de lidar com ambiente educacional.

Caracterizada sob um conjunto de sintomas de ordem física e psíquica influenciados pela capacidade individual de administrar o estresse, predisposições a outros transtornos psicológicos e pela pressão externa, a síndrome surge como tal no contexto da revolução industrial, associada à cobrança por produtividade, metas, lideranças tóxicas, como lembra Sérgio Amad. Isso até a nova categorização pela OMS nos dias de hoje, em cenário pandêmico, em que jornadas de trabalho foram alongadas à exaustão, e redes tradicionais de apoio psicossocial foram fragilizadas devido ao isolamento compulsório das pessoas.


O executivo, porém, também projeta o cenário ideal para mitigar o burnout, ressaltando que, embora se trate de uma condição que somente médicos podem atestar, é algo que pode ser prevenido e tratado de maneira multi e interdisciplinar. “Imagine você poder monitorar sua felicidade do ponto de vista estatístico, com uma espécie de robô. Do outro lado ter também um RH e uma escola acolhedores”, prevê o executivo, citando ciência de dados e modelos empáticos de gestão de pessoas e educação como soluções para o problema. Isso além de mencionar a singularidade cultural de cada empresa/instituição, que reflete habilidade particular de desenvolver métodos sob medida contra a síndrome, convidando as demais participantes a relatarem suas experiências.

Em sentido horário: Rosangela Frateschi, Diretora da Escola Técnica e Coordenadora do curso de Pós graduação em Docência na área da saúde do Einstein; Sergio Amad, Co-Founder and CEO da Fiter, e Fernanda Garcia, Diretora de Cultura & Pessoas do Grupo ABC de Comunicação

Autoconhecimento e sensibilização

Fernanda Garcia conta sua passagem pessoal com o Burnout, que a levou a especializar-se no tema e ao desenvolvimento de metodologia própria, participando de diversos projetos com psicologia positiva, de gerenciamento de estresse, promoção de bem-estar e treinamento de lideranças no ambiente organizacional. Trabalhou anos aplicando consultorias, sempre com viés anti-burnout.

“É diferente o trabalho de consultora do realizado na empresa, vivendo o dia a dia da companhia”, entende Fernanda. Para ela, a experiência dentro da organização, aplicando e, ao mesmo tempo, vivenciando a solução, é uma experiência muito rica. No Grupo ABC de Comunicação, onde teve a oportunidade de trabalhar dessa forma, o foco dos treinamentos
anti-burnout concentrou-se nas lideranças.

Foi um esforço de conscientização e sensibilização em saúde mental, de tornar essas lideranças mais positivas e de muito autoconhecimento, revela a executiva. Líderes aprenderam a identificar sinais de alerta em si e na equipe, a dar o devido endereçamento da questão e o resultado foi atravessar a pandemia sem avanço dos casos de burnout. “A gente só consegue ajudar o outro quando se conhece”, ressalta Fernanda.

Classes mais expostas

Rosângela Frateschi, por sua vez, detalha o trabalho realizado junto à Escola Técnica do Einstein, considerando o seu principal público, os profissionais de saúde e os docentes, um dos mais propensos ao esgotamento e a problemas psicológicos diversos.

Nesse ambiente preparatório para o mercado de trabalho em saúde, “a gente entendeu que era necessário mudar o processo seletivo dos estudantes”, lembra a docente. A partir de 2018, a instituição, com base nos protocolos de atendimento do Einsten, passou a selecionar estudantes também por competências, mapeando a possibilidade de desenvolver, entre os futuros alunos, perfis comportamentais aptos a lidar com as pressões e questões pertinentes ao setor (flexíveis, empáticos, colaborativos e orientados para resultados).

Rodas de conversa aplicadas para criação de vínculo e atitude empática foram chaves tanto no início desse projeto quanto durante o surto de COVID-19, em que a relação professor/aluno foi fragilizada pelo ambiente virtual. Elas seguiram acontecendo, mesmo em versão on-line, com o desafio de os participantes abrirem suas câmeras durante o uso dos aplicativos para conferência. “Quando a gente conversa fica mais fácil perceber o outro”, entende Rosangela.

Amad, finalizando o bate-papo, lembra da importância de respeitar a habilidade de cada um em lidar com o estresse, orientando sobre a necessidade de oferecer diferentes formas de gerenciamento, adequadas a cada indivíduo. Isso além de mencionar a dimensão do problema com o qual lidam as organizações: um cenário em que 8 entre 10 trabalhadores brasileiros ativos declaram suscetibilidade ao burnout. “Estamos falando de 30 milhões de pessoas”, quantifica.


Quer saber mais sobre as discussões do
2º Fórum Melhor RH de Felicidade Corporativa?

Para assistir às gravações do primeiro dia do evento clique aqui . Para o segundo dia, acesse este link.


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