Vivemos uma série de paradoxos que precisam ser gerenciados: resultado de longo prazo versus objetivos de curto prazo; desenvolvimento de pessoas versus metas operacionais; trabalho em equipe versus reconhecimento individual – só para citar alguns. E qual é o profissional mais demandado para que essas dicotomias sejam trabalhadas e vencidas, atuando com um multiplicador de desenvolvimento? Acertou quem respondeu RH.
Exige-se desse profissional, hoje, competências bem mais abrangentes e profundas do que dominar ações voltadas “apenas” a fazer funcionários se sentirem bem, investindo recursos em eventos para melhorar o clima organizacional ou ações apenas sociais que levam as pessoas “do nada” ao “lugar nenhum”. Quais seriam essas competências? Em que os profissionais de RH precisam investir para enfrentar esse universo organizacional complexo e paradoxal, aumentando não só sua efetividade, mas também e principalmente, a da empresa?
A pesquisa 2012 Human resource competency study, conduzida pela University of Michigan Ross School of Business e respondida por mais de 20 mil profissionais de RH, traz um conjunto de seis competências que não podem ser negligenciadas. Elas não são uma surpresa, mas trazem uma boa reflexão sobre o binômio vontade versus aptidão. A primeira é posicionamento estratégico, de forma a entender e estar envolvido no contexto do negócio, dominando o impacto de suas ações nos resultados, objetivos e metas e conhecendo bem as necessidades e expectativas de todos os stakeholders.
A segunda é crença. Sim, crença verdadeira no que se prega e no que se faz. A terceira não é nova: ser o catalisador da criação e desdobramento de capacidades organizacionais que sustentem os resultados. Inquietude é a quarta competência. Ou seja, ser um evolucionário (não necessariamente revolucionário), demonstrando que as mudanças individuais são possíveis. Inovação é a quinta – sem demagogia semântica, pois falamos de inovar em práticas de RH que possam ser implementadas e que se integrem Í s práticas de negócios já existentes de forma a entregar soluções efetivas. A sexta refere-se Í tecnologia: dominar tecnologia é um diferencial, sim. O ponto aqui é conhecer e colocar ferramentas tecnológicas que alavanquem novas formas de interação, integração e comunicação entre e para os diversos níveis da organização.
Uma questão que surge sobre essas competências é por que ainda são consideradas longe do ideal? Porque a partir de um determinado ponto da carreira, a vaidade nos ataca e, no fundo, teimamos em crer que não precisamos nos desenvolver mais do que já temos de competências ou achamos que sabemos fazer. Mas é melhor repensarmos isso, pois seus pares querem verdadeiros parceiros de negócio, que os ajudem a entender melhor como extrair o melhor das pessoas com quem eles trabalham. Estamos diante de um baita privilégio que não pode ser desperdiçado. Portanto, atualize-se, aprenda, ensine, compartilhe e cresça com sua organização e com suas pessoas. O resultado virá para todos, principalmente para você!
Marcos Nascimento* é partner na Manstrategy Consulting, expert em desenvolvimento e alinhamento de top teams