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Como construir um ambiente de trabalho seguro para pessoas LGBTQIA+

Ações de combate ao preconceito no ambiente de trabalho vêm surtindo efeito, mas ainda há espaço para avançar

de Redação em 20 de outubro de 2021

O combate ao preconceito contra a população LGBTQIA+ no ambiente de trabalho avançou no Brasil. Em 2016, uma pesquisa feita pela Center for Talent Innovation apontava que 61% dos funcionários LGBTQIA+ entrevistados optavam por esconder sua sexualidade de gestores e colegas de trabalho. Três anos depois, em 2019, uma outra sondagem, feita pelo LinkedIn, apontou que metade (50%) dos entrevistados responderam que assumiram totalmente aos colegas de trabalho sua orientação ou identidade de gênero.

Por outro lado, ainda há muito que se avançar na construção de um ambiente de trabalho seguro para pessoas LGBTQIA+. Essa discussão foi tema do painel “Sensibilidade e educação na rotina”, do Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão, promovido nos dias 18 e 19 de outubro, pela plataforma Melhor.

Participaram do painel Antonietta Varlese, Senior Vice-presidente de Comunicação, Relações Institucionais e CSR Accor América do Sul; Caroline Zilinski, Diretora de RH da Siemens; e Fabíola Lopes, executiva de negócios na Unilever. As três compartilharam suas experiências e desafios no gerenciamento estratégico da inclusão LGBTQIA+.

Caroline iniciou o debate destacando que a área de exatas é um segmento que já é associado à população masculina, o que resultava numa minoria de mulheres atuando em cargos como engenharia, por exemplo. Sob um olhar mais profundo, observou-se, também, que essa construção social também alimentava a falta de outro público, que é a população LGBTQIA+.

“A gente [Siemens] começou a perceber que essas pessoas, muitas vezes, estavam presentes, mas não se sentiam seguras o suficiente para falar sobre isso. E esse foi o desafio que a gente decidiu colocar em pauta e começar a falar mais abertamente. Hoje, a gente, na Siemens, tem um programa de diversidade já muito robusto […] E cada vez mais, nas nossas pesquisas internas, as pessoas se sentem à vontade para falar sobre serem do grupo LGBTQIA+ e trazerem, também, como elas se sentem naquele ambiente”, explicou Carolina.

Em seguida, Fabíola fez um relato de como foi sua entrada na Unilever. Ela, que é uma mulher trans, relatou ter sido extremamente bem recebida. Ela soube depois que, antes de sua chegada, a liderança fez uma reunião com todos os funcionários para prepará-los para receber a nova colaboradora sem preconceito.

“Isso foi tão lindo dentro da empresa. Quando eu entrei, eu vi que o mundo pode ser diferente, que nós não estamos mais à margem da sociedade, que somos mulheres e homens que temos todos os nossos direitos. A Unilever me deu essa alegria”, disse Fabíola.

Acolhimento no trabalho reflete na vida pessoal

Antonietta comentou que casos como a experiência de Fabíola na Unilever elevam a sensação de pertencimento do colaborador, pois ele se sente acolhido. Ela também destacou que a Accor também visa promover um ambiente receptivo a todos, e afirmou que quando uma empresa adota essa postura os impactos são positivos para o colaborador, tanto na vida profissional como pessoal.

“Quando a gente lançou a nossa estratégia [de diversidade e inclusão] publicamente e internamente, a gente percebeu que muita gente resolveu sair do armário ou se sentiu mais confortável em se assumir dentro da própria empresa”, disse Antonietta.

No debate, Fabíola falou ainda sobre o desejo da população LGBTQIA+ de se sentir inserida na sociedade. “A gente não quer ser melhor que ninguém. Infelizmente, a gente ainda precisa de cotas hoje em dia, mas a gente não busca querer ser melhor do que o outro. A gente quer ser inserida”, disse Fabíola.

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