Essa é a pergunta desafiadora que delineia os trabalhos do Congregarh Conexão 2014. Em uma breve entrevista, Jerônimo Lima, CEO da Mettodo – Reflexão Estratégica, fala sobre a importância do tema em gestão de pessoas
Qual a razão de vivermos em uma época de complexidade? E quais os impactos dessa complexidade nas empresas?
As soluções para os problemas da atualidade emergirão da nossa interação com os outros e com o mundo. Isto requer a adoção de um modo de pensar participativo. Por outro lado, a realidade prática do mundo dos negócios contemporâneo exige que as atividades humanas deem ênfase em resultados econômicos, mas sem esquecer os atributos humanos. Este tipo de pragmatismo exige um modelo de pensamento que adote novas posturas. Neste contexto, a competitividade se dá mais pela cooperação do que pela competição, o que pressupõe que as empresas mudem seus modelos de gestão.
E nas pessoas? Essa complexidade pode ser uma das causas de muitos dos males que vemos, como maior estresse, ansiedade etc.?
Uma máxima da modernidade diz que atualmente somos o que compartilhamos. O mundo é por natureza wiki. A colaboração emerge espontaneamente no mundo virtual da mesma forma como se apresenta voluntariamente no mundo físico das pessoas e das empresas. Complexidade não faz ninguém adoecer, mas viver e trabalhar de forma isolada ou sem interação e compartilhamento traz doenças como nomofobia e ansiedade de informação.
A propósito, o que é simplicidade para o senhor, dentro e fora das empresas?
Viver e administrar com simplicidade implica: compreender as incertezas e aprender a viver com elas; aprender a lidar com paradoxos e situações que não podem ser resolvidos pela lógica linear; proporcionar mais flexibilidade de raciocínio às pessoas; ser responsável e assumir as consequências de seus atos; ter autocontrole; aceitar e estimular a necessidade de mudança; estimular a aceitação de riscos; criar um ambiente favorável ao aprendizado e ao trabalho em equipe.
Em sua opinião, qual a postura desejada dos líderes no atual cenário?
Neste cenário, espera-se dos líderes que compreendam a mudança do estilo de liderança autocrático para o estilo com interação entre líderes e subordinados. No livro O fim da liderança, Barbara Kellerman afirma que o crescimento da ‘indústria da liderança’ baseia-se na crença de que liderar é um caminho para o poder e o dinheiro. Há, porém, outras verdades paralelas — a de que todos os tipos de líderes estão desacreditados; que o ensino incansável e muitas vezes superficial da liderança não aproximou as pessoas do nirvana; e de que os seguidores, em quase todos os lugares, estão, por um lado, desapontados e desiludidos; por outro, qualificados e audaciosos.
E o RH, qual o papel dele nesse processo?
O RH moderno e estratégico deve trabalhar para evitar o descompasso e a lentidão da evolução do conceito e da prática da liderança nas empresas, acompanhando e qualificando os líderes para que incorporem em suas posturas e práticas as mudanças necessárias para que exerçam influência social positiva para atingir as metas desejadas.