Comunicação interna

Comunicação interna em pequenas doses: menos ruído, mais clareza

Metodologia traz objetividade à comunicação interna, ajudando a engajar equipes e a reduzir a fadiga cognitiva em meio ao excesso de informação

de Priscila Perez em 18 de setembro de 2025
MIcrolearning e comunicação interna Imagem gerada por IA

Se o tempo é curto e a fila de mensagens não para de crescer, com infinitos e-mails, comunicados e notificações, a comunicação interna precisa ser cirúrgica para realmente alcançar o colaborador. É nesse cenário que o microlearning ganha relevância, ao transformar conteúdos densos, que dificilmente caberiam em um simples scroll no celular, em pílulas rápidas de conhecimento, capazes de orientá-lo sem sobrecarregar a rotina. A lógica é clara: em vez de mensagens extensas, um conceito por vez, entregue em formatos curtos, como vídeos, quizzes e podcasts. Mais do que metodologia, o microlearning cria um ritmo de aprendizado que respeita o tempo das pessoas, expandindo o alcance da comunicação interna.

Mas, afinal, o que é microlearning? Enquanto o conceito de lifelong learning já nos lembra da importância de aprender continuamente, ao longo de toda a vida, faz ainda mais sentido que esse aprendizado aconteça aos poucos, em doses curtas e constantes. Longe de ser só mais um termo da moda, microlearning é, basicamente, uma forma de aprender – e comunicar – que aposta no fracionamento de conteúdos para torná-los mais claros, objetivos e aplicáveis.

Em vez de blocos extensos que cansam e se perdem no meio da rotina, a proposta é sintetizar a informação em módulos curtos, acessíveis a qualquer hora e lugar, seja pelo celular ou computador. Imagine assistir a um vídeo de cinco minutos sobre um tema relevante enquanto toma o café da tarde: é essa agilidade que torna o aprendizado mais orgânico e parte do cotidiano. Cada pílula concentra-se em um único assunto e, mais do que transmitir teoria, busca incentivar a prática imediata.

Clareza em meio ao excesso

No mundo acelerado de hoje,oexcesso de informação se tornou um verdadeiro obstáculo para qualquer estratégia de comunicação interna. De um lado, a empresa precisa compartilhar mensagens essenciais – e, sem hierarquização, tudo parece urgente. Do outro, o colaborador não só recebe esse fluxo contínuo de comunicados internos, como ainda convive com estímulos que chegam de todos os lados. Não é apenas a caixa de e-mails que transborda: as notificações das redes sociais também disputam atenção a cada segundo, criando um cenário de sobrecarga constante.

A infoxicação pode soar como algo exagerado, mas não é. Na Tetra Pak, por exemplo, pesquisas internas revelaram um aumento da fadiga cognitiva entre seus funcionários, sinal de que a comunicação precisava mudar de ritmo. Quem detalhe como foi enfrentar esse desafio é Luciana Mendes, diretora de Recursos Humanos para as Américas. Para ela, a solução está em ajustar o formato: “Incentivamos uma cultura do aprendizado constante, mas adaptada à realidade de conteúdos curtos e enxutos para adequação à disponibilidade do funcionário”. Dessa forma, ao apostar no microlearning, a empresa devolve clareza à comunicação interna, permitindo que o colaborador concentre suas energias no que realmente importa.

comunicação interna e microlearning
Luciana Mendes,
da Tetra Pak

Retenção e agilidade

Embora seja frequentemente associado a treinamentos rápidos, o microlearning vai além e se mostra um recurso valioso também para a comunicação com colaboradores. Segundo Luciana, o diferencial está na objetividade: ao ser trabalhado de forma enxuta, o conteúdo ganha clareza e facilita a retenção. “Essa abordagem pode garantir que o ‘core’ da mensagem seja realmente absorvido, sendo aliada de uma comunicação mais direcionada”, analisa. Assim, em vez de dispersar a atenção com excesso de detalhes, a empresa consegue reforçar o essencial.

Mas não é apenas a indústria que convive com a sobrecarga de informações. No setor de energia, onde a rotina é marcada por processos complexos e atualizações constantes, o desafio também é manter o colaborador atento em meio a tanto ruído. É nesse contexto que se destaca a experiência da Neoenergia, presente em 18 estados e responsável por atender quase 40 milhões de pessoas. Para Fabio Folchetti, diretor de Pessoas e Organização, a chave está na objetividade – princípio que se conecta diretamente ao microlearning e à própria comunicação interna. “Vivemos num cenário onde a atenção do colaborador é disputada não somente pelas informações que circulam dentro da empresa, mas também por todas as informações que vêm de fora”, reflete.

Conteúdo com significado, sem diluir o crucial

É por isso que a empresa aposta em formatos curtos e dinâmicos, como vídeos de até três minutos, quizzes e infográficos interativos, que são capazes de condensar o essencial sem “diluir” o conteúdo. Como explica Fabio, essa leveza é decisiva porque, ao mesmo tempo que evita a fadiga cognitiva, garante que as mensagens-chave façam realmente parte da rotina dos colaboradores.

Não à toa, o microlearning também facilita que temas prioritários, como cultural, saúde, segurança, compliance e experiência do cliente, sejam abordados de forma mais fluída. “Nossas avaliações têm mostrado que a leveza e dinamismo desse formato aumentam significativamente o engajamento e a retenção do conteúdo pelos colaboradores.”

Formatos que engajam

Se o desafio é segurar a atenção, os formatos fazem toda a diferença. E Instagram e Tik Tok são provas disso com seus vídeos curtos que acumulam milhões de visualizações – e se eternizam como memes. Por isso, quando falamos de microlearning na comunicação interna, é preciso entender como essa dinâmica funciona na prática – e, novamente, o jeito de se comunicar conta muito. Na Tetra Pak, essa abordagem mais enxuta ganhou corpo por meio de conteúdos que a empresa chama de “pílulas”: curtos, estratégicos e de fácil absorção.

Essas mensagens circulam em plataformas internas como Viva Engage, TV corporativa, newsletter semanal, infográficos e vídeos. Além disso, já sob o guarda-chuva do desenvolvimento humano, a companhia firmou parcerias com instituições como Oxford e LinkedIn Learning para oferecer cursos digitais com essa “pegada” mais ágil. O foco, aqui, é abordar competências técnicas e até comportamentais. E, para complementar a jornada, a empresa promove a Learning Conference, evento anual com trilhas de 15 a 45 minutos que tratam de tendências e estratégia. “As sessões são ministradas por líderes e funcionários internos e palestrantes externos”, acrescenta Luciana Mendes.

Na Neoenergia, por sua vez, a aposta passa por formatos que misturam leveza e profundidade. Vídeos motion, com animações gráficas, e whiteboard, em que desenhos ganham forma em tempo real, tratam em poucos minutos de temas fundamentais como segurança e bem-estar. Os infográficos interativos reforçam conceitos-chave de maneira visual e intuitiva, enquanto os learning maps funcionam como roteiros que organizam assuntos densos, como ESG e regulação, em etapas fáceis de acompanhar. Para completar, podcasts e videocasts ampliam a diversidade de formatos, entregando mensagens estratégicas em linguagem. “Estamos sempre buscando novos formatos para captar atenção e promover retenção das informações por nossos colaboradores”, resume Fabio Folchetti.

comunicação interna e microlearning
Fabio Folchetti,
da Neoenergia

Cultura e valores

Entretanto, engana-se quem pensa que microlearning serve apenas para “simplificar” a mensagem. Mais do que disseminar informação, ele cumpre um papel fundamental na comunicação interna ao reforçar a cultura continuamente por meio dessas pílulas de conhecimento. Luciana Mendes, da Tetra Pak, vê a metodologia como um encurtador de caminhos que aproxima as pessoas da estratégia. “O microlearning pode ser um aliado ao facilitar que o funcionário absorva informações da forma mais acessível possível e no tempo certo, o que encurta caminhos na comunicação e a torna mais acertada e fluída.”

Na Neoenergia, essa dimensão cultural é ainda mais explícita. Fabio Folchetti explica que a metodologia foi incorporada para fortalecer os quatro pilares que sustentam a cultura da companhia — Humanização, Atitude de dono, Resolução e Agilidade. Segundo ele, programas internos como o de Influenciadores e a Jornada de Capacidades Estratégicas já operam nesse modelo para engajar os colaboradores. A metodologia também está presente em processos de onboarding e em iniciativas de diversidade e inclusão, como o Programa de Letramento. “Isso ajuda a reforçar comportamentos esperados e a estimular a aprendizagem contínua.”

comunicação interna e microlearning
Pílulas de conhecimento ajudam a tornar a comunicação mais objetiva

O impacto do microlearning na comunicação interna

Se falar é fácil, o difícil mesmo é provar, por A mais B, que algo realmente funciona. E quando se trata de comunicação interna, medir o impacto se torna crucial para que recursos como o microlearning não se tornem abstrações dentro de um discurso vazio. Luciana Mendes, da Tetra Pak, argumenta que a resposta está nos dados. Na companhia, por exemplo, já se sabe que os colaboradores aderiram ao modelo proposto, tanto que, aproximadamente, 70% deles são usuários ativos do LinkedIn Learning. O que, para Luciana, confirma que acessibilidade e relevância são determinantes na hora de engajar.

Complementando o raciocínio, Fabio Folchetti, da Neoenergia, reforça que o acompanhamento precisa ser robusto, com indicadores que incluam o número de conteúdos produzidos e acessados, a taxa de adesão e participação em lives, a avaliação de reação dos treinamentos e até o nível de engajamento em campanhas internas. Segundo ele, não se trata apenas de medir alcance, mas também a efetividade do que é feito. Assim, com os números em mãos, é possível verificar se o conteúdo está, de fato, sendo absorvido e transformado em prática.

Futuro da comunicação e aprendizagem

Olhando para o futuro, os dois executivos convergem na visão de que o microlearning deixou de ser complemento para se tornar uma peça central na comunicação interna. Luciana ressalta que a metodologia deve coexistir com formatos tradicionais, como os encontros presenciais, que ainda têm valor em alguns contextos. “Sem dúvida, o ambiente digital trouxe mais agilidade e fluidez às trocas e circulações de informações e o microlearning, com conteúdos enxutos e objetivos, é uma ferramenta vital para isso.” Já Fabio é categórico ao afirmar que a estratégia já assumiu protagonismo. “Na Neoenergia, o microlearning já é protagonista em diversas frentes de aprendizagem e comunicação. A aceleração digital e a demanda por profissionais mais ágeis e autônomos tornam essa abordagem indispensável.”

A lição que fica é simples e poderosa: qualquer mensagem, para ser eficaz, precisa chegar com clareza e constância, sem sobrecarregar a mente e a rotina das pessoas. No caso do microlearning, não se trata apenas de mudar o formato, mas de transformar o ritmo – e, com ele, a própria forma de comunicar.

📌 Como inserir o microlearning na comunicação interna?

  • Seja cirúrgico na mensagem
    Um conceito por vez. Evite sobrecarregar com múltiplos assuntos. A clareza está no foco.
  • Escolha formatos rápidos
    Vídeos de até três minutos, quizzes, podcasts curtos ou infográficos. O formato precisa caber na rotina.
  • Aposte na interatividade
    Desafios, testes rápidos e recursos visuais aumentam o engajamento e a retenção.
  • Use os canais certos
    Aproveite newsletters, TV corporativa, aplicativos internos ou plataformas digitais já acessadas pelos colaboradores.
  • Integre com a cultura
    Traga temas prioritários da empresa – como valores, saúde e segurança, compliance – em pílulas que reforcem a identidade.
  • Meça o impacto
    Acompanhe acessos, taxas de conclusão e engajamento. É assim que você comprova se o microlearning está funcionando.


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