Enquanto, no Brasil, as empresas buscam alternativas criativas para superar a falta de mão de obra qualificada e dar conta do crescimento econômico, nos EUA, o momento é de reorganizar a estrutura da força de trabalho para a recuperação dos negócios após a crise econômica. Realidades diversas, que, entretanto, têm a essência da solução na inovação na gestão de pessoas. E que inspiraram a concepção do CONARH 2010.
Como em um casamento depois de uma crise, a relação entre as empresas norte-americanas e seus funcionários ficou abalada com o vendaval econômico que balançou as estruturas do país e causou, desde dezembro de 2007, a perda de 8,2 milhões de empregos, maior número registrado desde a Segunda Guerra Mundial. Terminada a turbulência, a tentativa agora é retomar a rotina. Em março deste ano foram criados 162 mil postos de trabalho, o maior aumento mensal dos últimos três anos, mas o desemprego ficou na casa dos 9,7%. O presidente Barack Obama fez da geração de empregos sua prioridade máxima e, no mesmo mês, assinou uma lei liberando 17,6 bilhões de dólares para incentivar as contratações. Ainda assim, a Casa Branca prevê que o desemprego deve cair apenas para 8,9% no final de 2011.
Dentro das organizações, ficou para a área de recursos humanos a missão de superar o descontentamento, a desconfiança e o desânimo que predominam no ambiente corporativo. Justamente o RH, que, além de conduzir os processos de demissões – uma pesquisa feita em outubro passado pela SHRM (Society of Human Research Management), uma das maiores entidades do mundo na área de RH, com 564 filiados, aponta que 52% haviam dispensado funcionários durante a crise econômica -, teve de administrar cortes severos nos programas de desenvolvimento profissional, uma ferramenta eficaz na retenção de talentos.
O desgaste daqueles que foram mantidos no emprego ficou claro em um levantamento feito com 5,2 mil trabalhadores dos EUA em novembro de 2009. Para dar uma ideia, 19% afirmaram planejar sair do seu trabalho e encontrar um novo emprego em 2010; 18% dos que tinham sofrido cortes de pagamento disseram que permaneceriam na empresa por não mais de seis meses; e 23% disseram estar insatisfeitos com o desequilíbrio entre vida pessoal e trabalho, ante 18% em 2008. O que o RH precisa fazer para devolver-lhes o sentimento de segurança profissional? Como reconquistar a confiança e o ânimo desses talentos, retê-los e engajá-los na causa das organizações? Essas são algumas das muitas questões que Brian Glade, vice-presidente de programas internacionais da SHRM, vai abordar em sua palestra.