Recrutamento e Seleção

Cybervetting: um modo sutil de excluir candidatos

Análise de informações disponíveis nas redes sociais dos candidatos a emprego pode induzir a preconceito, diz estudo

de Redação em 31 de maio de 2022

Conhecida como cybervetting, prática dos profissionais de recursos humanos de analisar informações on-line disponíveis dos candidatos a emprego, principalmente nas redes sociais, pode introduzir preconceito no processo de contratação. A conclusão é de estudo divulgado recentemente, realizado por cientistas da North Carolina State University, Georgia State University e Longwood University, nos Estados Unidos. Algo que já era percebido pelo mercado, mas que, agora, ganha reforço científico.

Para os responsáveis pela pesquisa, em última análise, usar esse recurso das redes sociais é praticamente avaliar moralmente cada candidato a emprego, enviesando decisões favoráveis ou não pela contratação. Não se trata apenas de buscar uma versão autêntica do profissional nos perfis, mas de analisá-la segundo códigos culturais e morais preestabelecidos.

Durante a pesquisa, as informações buscadas pelos profissionais de RH raramente tinham a ver com trabalho – muitas vezes eram relacionadas a estilos de vida individual ou em família considerados desejáveis pelos recrutadores, porém nem sempre inclusivos para pessoas economicamente desfavorecidas, mulheres com filhos, idosos, negros, pessoas com deficiência ou do público LGBTQIA+.

Pesquisadores observaram que não só o comportamento das pessoas nas redes sociais era avaliado, como também a forma com que elas divulgam essas informações. “Alguns trabalhadores têm um perfil de mídia social que envia os sinais certos e podem tirar proveito da verificação cibernética”, revelou Steve McDonald, autor correspondente do estudo e professor de sociologia na North Carolina State University em nota divulgada pela universidade. Vantagem para alguns e desvantagens para outros mais espontâneos, que nem sabem o que buscam os profissionais de RH durante esse tipo de avaliação de seus perfis on-line.

Os autores concluem, ainda, que, sendo assim, é preciso haver diretrizes mais claras para essa busca cibernética, caso seja utilizada. E que os preconceitos e julgamentos morais verificados na pesquisa provavelmente estão sendo incorporados a softwares projetados para automatizar a análise de candidatos. “Serão simplesmente incorporados aos algoritmos, tornando-os um problema de longo prazo para organizações e candidatos a emprego”, disse, ainda, McDonald.

Ao todo, 61 profissionais de RH que lidam diariamente com seleção foram entrevistados em profundidade para esse levantamento, entre colaboradores internos do setor nas empresas, consultores de recrutamento e funcionários de agências especializadas.

Para saber mais:

“The hunt for red flags: cybervetting as morally performative practice”

Autores: Steve McDonald e Hannah McQueen (North Carolina State University); Amanda K. Damarin (Georgia State University) e Scott T. Grether (Longwood University)

Publicado no periódico Socio-Economic Review

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