A Cisco tem aumentado a participação das mulheres na sua equipe de profissionais em torno de 1,5% a 2% ao ano. Em 2008, o recrutamento de funcionárias representou 18% das contratações totais no Brasil. Mas ainda é pouco. O ideal é aumentar esse contingente e promover a inclusão de outros grupos de pessoas que se associam por afinidade, estabelecendo um equilíbrio que só tende a proporcionar benefícios à empresa. “A diversidade traz pensamentos diferentes, inovações, criatividade”, acredita Daiane Hartwick, diretora de RH da companhia. Do ponto de vista do negócio, diz ela, as vantagens se traduzem em sustentabilidade e ganho de produtividade.
Atualmente, a empresa conta com 12 grupos de funcionários (Employee Resource Group) que se associam por suas afinidades, que muito contribuem para o sucesso de ações voltadas à diversidade: ajudam no crescimento profissional dos colaboradores, facilitam a participação em projetos de ajuda à comunidade e aumentam a capacidade da empresa em atrair e reter talentos.
Um desses grupos é o Woman´s Action Network (WAN) que, como o nome sugere, se dedica à população feminina da Cisco. Suas atividades consistem em apoiar a comunicação entre as profissionais por meio de mentoring e desenvolvimento de carreira, além de encontros com psicólogos, coaches, executivos de sucesso no setor de TI e contato com empresas que possuem programas semelhantes.
A ideia é aproximar o time feminino e apoiar ações que ressaltem a importância do papel da mulher na sociedade e no desempenho da própria empresa. O grupo Mulheres do Setor de TI, por exemplo, surgiu com o propósito de apoiar o desenvolvimento da carreira técnica da profissional, tendo como alvo a promoção da engenharia como carreira para as mulheres da comunidade. “A porcentagem de mulheres que cursam engenharia é muito baixa. Precisamos formar mais engenheiras”, lembra Daiane. Para a executiva, a existência de ferramentas tecnológicas de mobilidade que permitem estabelecer o equilíbrio entre o trabalho e a família favorece as profissionais que possuem filhos. Elas podem trabalhar alguns dias da semana em casa e outros no escritório.
Segundo Daiane, as práticas voltadas para a diversidade fazem parte da estratégia de negócio da Cisco em nível mundial e foram concebidas para garantir a inclusão de grupos diferentes e consolidar um ambiente de trabalho favorável. Os desafios para sua implementação são muitos. No caso das mulheres, o principal deles é conseguir juntar o grupo. “Há muito tempo realizamos café da manhã, trazemos palestrantes, mas é difícil convencer as mulheres a largar por alguns instantes os seus afazeres profissionais para discutir assuntos de seu interesse”, revela Daiane.
Outros dois desafios envolvem a retenção de talentos e a ascensão de um número maior de mulheres a postos de lideranças na companhia. “É muito difícil encontrar no mercado profissionais com nível de conhecimento tecnológico específico, principalmente mulheres. Quando você recruta uma colaboradora nessas condições, precisa ter ações para mantê-la na empresa”, ressalta Daiane. (CSM)
Dieter Kelber é presidente do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insadi)