A transformação digital nas empresas é algo muito discutido, mas ainda pouco praticado de maneira eficaz por muitas. Para que ela ocorra, não basta a utilização de novas tecnologias, sendo também necessária a incorporação dessas ferramentas e procedimentos pelas lideranças e equipes como parte da cultura organizacional.

Um exemplo de transição tecnológica efetiva ocorreu no Grupo Fleury com a implantação de um projeto de ensino a distância (EAD) por meio da universidade corporativa da organização, que oferece cursos e treinamentos aos seus colaboradores e médicos. Em 2018, 4% dos conteúdos produzidos pela instituição eram digitais e 96% presenciais. Em 2020, o digital chegou a 100%.

Leandro Ortigoza Martins, gerente sênior de Educação do Grupo Fleury, menciona que foi necessário enfrentar algumas barreiras para a utilização do EAD. “De cara vimos que existia um preconceito muito grande em relação ao ensino a distância, principalmente em relação ao aspecto da qualidade. Outro ponto é que as pessoas gostavam de se encontrar pessoalmente, faz parte da nossa cultura”, diz. 

Ele destaca, entretanto, que para superar esses obstáculos, faz-se necessário enfatizar os aspectos positivos da modalidade, que são a flexibilidade de horários, a otimização de tempo e custos e a inclusão, já que o formato permite alcançar populações e regiões que antes não teriam acesso ao conhecimento.

Entre os conteúdos produzidos pela universidade, estão treinamentos funcionais para todos os cargos da companhia, material para onboarding e programas de desenvolvimento de líderes em formatos de live.

Construção e aprendizado

O processo de transformação do Grupo Fleury ocorreu baseado em seis pilares, informa Martins. Criar um laboratório ou estúdio; fornecer infraestrutura adequada (máquinas, equipamentos, softwares, adequar o local etc.) e capacitar o time são os três primeiros.

Por uma questão cultural da empresa, todos aqueles que trabalham nos cursos são funcionários. A única exceção foi o videomaker, que não pertencia aos quadros da companhia. “É mais fácil aprender a usar uma ferramenta do que adquirir a cultura organizacional”, explica o gestor.

O quarto pilar é a mudança de identidade, com a criação de um logo mais moderno e com a adoção de uma linguagem mais informal para os conteúdos.

O quinto consiste na adoção da Metodologia 6D, muito utilizada em educação corporativa. Ela é baseada no livro “6Ds – As seis disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio” e prevê a elaboração de programas de treinamento e desenvolvimento com a geração de resultados mensuráveis. As seis disciplinas são:

– D1: definir os resultados de negócios (comece com “por quê”; esclareça os resultados racionais e esperados em termos de negócios).

– D2: projetar a experiência completa de aprendizado (pense na experiência completa: antes, durante e depois da instrução).

– D3: direcionar a aplicação (utilize estratégias instrucionais que facilitem a aplicação do conhecimento de forma prática no trabalho).

– D4: definir a transferência do aprendizado (forneça estrutura, dê suporte e delegue responsabilidades para o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos).

– D5: dar apoio à performance (forneça aos alunos os recursos de apoio necessários para que tenham sucesso).

– D6: documentar resultados (meça, avalie e relate os resultados para provar e aumentar continuamente o valor extraído do treinamento).

O último pilar é a mudança do LMS (Learning Management System) ou “Sistema de Gestão do Aprendizado”, software voltado para criar, organizar e gerenciar cursos e treinamentos online.

Entre as lições aprendidas está a percepção de como a existência de uma infraestrutura prévia pode ajudar, pois a companhia já havia iniciado em 2018, ainda que de forma incipiente, a produção de aulas online.

“Independentemente da sua área de atuação, invista em infraestrutura de produção de conteúdo digital. Eu gosto de dizer que a edição de vídeo é o novo Excel. Comece com pílulas de conhecimento, produzindo coisas simples. É possível com um bom smartphone produzir conteúdos, mas se quiser investir, o retorno do investimento ocorre em menos de seis meses”, fala Martins sobre outro aprendizado.

Olhar para fora da empresa para buscar conhecimentos e para compartilhar a própria produção com a sociedade é outra dica dada pelo executivo. Por fim, ele ressalta que o presencial e o digital não são excludentes, mas complementares.  

Essa conversa aconteceu durante o Fórum Melhor RH Tech, realizado pela plataforma Melhor RH, nos dias 14 e 15 de dezembro. O evento, totalmente digital e gratuito, reuniu em seus painéis e trendings gestores de RH e executivos de empresas para debater sobre os principais desafios e tendências do setor.

Para ter acesso ao conteúdo completo do evento, acesse os links:

Dia 14 – https://youtu.be/Cn_ZpoCJf7I  

Dia 15 – https://youtu.be/N2zaOV09r9A

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