Como temos visto nos últimos anos, o mercado de trabalho tem passado por inúmeras transformações. Com isso, sem dúvidas, a necessidade por se atualizar e se reinventar está presente no nosso dia a dia. Dentro dessas mudanças, é nítido que liderar pessoas nunca foi tão desafiador. Hoje, além de gerir as demandas, os cumprimentos de metas e as entregas, também é indispensável que o líder cultive um ambiente saudável e produtivo, enquanto gerencia os seus desafios operacionais, de gestão e lida com as suas próprias expectativas e emoções. Tudo em um contexto no qual as relações e os acontecimentos pessoais, sociais e profissionais estão cada vez mais entrelaçados.
Frente a tantas transformações na nossa forma de trabalhar e interagir, os temas relacionados à liderança de times estão se tornando cada vez mais desafiadores e urgentes. Trabalho remoto, gestão a distância, alto fluxo de demanda, agilidade requerida de todos os lados e uma necessidade latente de conectar pessoas e resultados dentro das empresas.
Falamos bastante, de forma necessária, sobre as habilidades que a liderança deve ter para exercer seu papel com maestria. Existem livros, cursos, mentorias e muitas outras coisas mais para que uma pessoa em cargo de liderança possa se capacitar. Ótimo! Isso é maravilhoso e totalmente necessário para alguém que quer, de fato, exercer uma liderança preparada e de impacto para seus times e organização.
O que talvez não abordamos tanto é que muitos desses líderes, embora se preparem e corram atrás de melhorias para sua atuação, também vivem seus desafios. Também são seres humanos com suas expectativas, cobranças e necessidades.
Uma pesquisa recente divulgada pela Nascia, uma rede espanhola multidisciplinar de especialistas em tratamentos de estresse, revelou que 6 em cada 10 casos de esgotamento dentro das empresas são diagnosticados em líderes.
Este dado só revela que, embora desempenhe um papel fundamental, muitos profissionais da alta gestão acabam ficando mais isolados da equipe, ocupando um lugar mais solitário. Com isso, consequentemente, podem sentir falta de uma conversa, de um momento de descontração e da criação de vínculos. Além disso, muitos líderes, em meio a correria, acabam negligenciando o autocuidado, ainda na ideia de que isso não deve entrar nas suas prioridades.
Diante deste cenário, fica um questionamento: como equilibrar tudo? Como engajar o time que trabalha remotamente? Como fazer gestão de times parcialmente remotos? Como fazer uma gestão dos trabalhos de forma eficiente e saudável para todos? Como entregar os resultados esperados pela matriz ou pelos investidores? Como implementar processos? Como fazer com que o time tenha visão de longo prazo? Como dar o exemplo real? Como manter a inteligência emocional? Essas são apenas algumas perguntas que podem passar pela cabeça de um líder, dentre tantas outras.
Isso tudo pode parecer apenas “função da liderança”, e é mesmo, tarefa de quem assume esse cargo. É preciso saber que ter uma posição de gestão também exige mergulhar em cenários adversos e não tão prazerosos, muitas vezes, e isso faz parte. Como líderes, obviamente, é preciso ter uma visão ampla e uma inteligência emocional mais apurada, afinal, essa pessoa será a responsável por segurar a bronca quando ela aparecer.
Você, como líder, talvez esteja se perguntando como contribuir melhor com o time dentro desse cenário. Porém, antes de listar qualquer boa prática, acredito ser importante fazer uma pergunta: você está se cuidando? Como especialista da área de pessoas, acredito que só conseguimos cuidar do outro e engajar times quando temos clareza do nosso papel, de para onde estamos indo e, principalmente, como nos sentimos nessa função. Os melhores líderes que conheço não necessariamente são os “workaholics”, mas sim pessoas que entendem que a integração da sua carreira, vida pessoal e bem-estar precisa acontecer para que tudo funcione bem e de forma sustentável. Veja, não digo que tudo precisa andar em perfeito equilíbrio, mas sim em integração.
Aqui, vou trazer cinco pilares de liderança que trago comigo e que são fundamentais para uma boa gestão:
1. Saber as suas fortalezas e suas dores nessa cadeira é o primeiro passo. Quem sou eu como líder? Como eu quero liderar? Como eu sou como líder quando as coisas não saem como o planejado? E quando tenho que lidar com pessoas ou situações conflituosas?
2. Tenha a mente aberta e busque aprender. Não tenha medo de arriscar e aprender coisas novas. Todo líder já teve a síndrome do impostor em algum momento. Siga em frente e aproveite a jornada.
3. Foco e Adaptabilidade. Relembre o seu time sobre o propósito do trabalho e deixe claro para onde estão indo. Incentive que toda a equipe trabalhe de forma ágil e que corrija a rota rapidamente quando necessário. Progresso é mais importante do que perfeição.
4. Be Bold (seja ousado). Desafie o seu time! Coloque metas ambiciosas e vá atrás delas em conjunto. Estimule que eles removam os obstáculos no meio do caminho para atingirem os objetivos.
5. Gerencie o seu ego. Deixe o ego de lado e trabalhe com a intenção. Jogue o jogo do longo prazo e não se distraia com as tentações do ego.
Por fim, mas não menos importante: Busque desenvolver sua autopercepção e inteligência emocional para lidar com os desafios e se fortalecer na jornada. Entenda seus limites e crie contorno para as situações e relações do seu trabalho. Todos os negócios são feitos de pessoas e como líder, não há como cuidar dos outros, se não cuidamos de nós mesmos.