Por André Martins*
O gerenciamento de planos de saúde corporativos no Brasil precisa de uma mudança radical. É imperativo adotar uma gestão responsável, que vise prevenir doenças dos beneficiários e aumentar as coberturas, reduzindo custos simultaneamente. Mas como fazer isso num momento em que o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares registra alta de 19,4% (nos 12 meses encerrados em setembro de 2016)?
Atualmente, o custo médico hospitalar em planos de saúde é resultado de uma combinação de frequência de utilização e preço dos serviços de saúde. Assim se calcula quanto custa, em média, oferecer aos beneficiários os serviços de assistência à saúde cobertos pelo plano naquele período.
Com certeza, a saída passa pela adoção de mais tecnologia inteligente, um forte elo com os departamentos de Recursos Humanos das empresas e pelo fim das fraudes e do desperdício, que somam 20% das despesas totais do setor ou mais de R$ 20 milhões.
É necessário mudar o modelo de cobrança dos hospitais, que recebem por procedimento, estimulando desperdícios. Também é fundamental combater e criminalizar as fraudes, para controlar a inflação de custos. Caso contrário, o colapso do sistema é iminente, já que o indicador, calculado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) está subindo muito mais do que a inflação (no mesmo período, o IPCA foi de 8,5%).
Não é à toa que o mercado brasileiro de planos de saúde tem tido repetidas retrações no número de beneficiários em todas as regiões do país, em especial no Sudeste que, em abril deste ano, perdeu mais de 740 mil vínculos.
A solução começa com a adoção de novas tecnologias e de práticas internacionais que geram ganhos e eficiência no setor, em busca da sustentabilidade da saúde suplementar do Brasil. São plataformas tecnológicas que coletam dados de forma precisa e permitem ao gestor uma análise criteriosa do que acontece em cada empresa.
Com essas informações em mãos, é essencial estabelecer uma forte parceria com os profissionais de Recursos Humanos das empresas, para aprimorar os benefícios e possibilitar uma atuação mais estratégica dos planos de saúde. A gestão em saúde na empresa deve ser uma ferramenta para a prevenção de doenças e para a promoção do bem-estar dos colaboradores, o que tem impacto direto na produtividade e na redução de custos. (Atualmente, o custo médico costuma ser o segundo maior custo das companhias.)
Uma vez estabelecido esse elo com o RH, é necessário promover a gestão em saúde da empresa, trabalhando em todas as pontas, desde a contratação até a operacionalização diária do benefício. Com isso, é possível fazer um diagnóstico preciso da situação, desenhar a solução mais adequada e fazer o gerenciamento operacional diário.
Só assim é possível dar um suporte eficiente aos processos de autorizações, reembolsos e dúvidas para os colaboradores da empresa e seus dependentes. Além disso, a informatização das informações viabiliza a conferência de fatura, gerando economia e controle nos custos do benefício.
Também se tornam primordiais o acompanhamento contínuo das utilizações e o gerenciamento adequado do risco para que haja efetivo controle da sinistralidade e seja possível definir ações preventivas, como, por exemplo, programas de qualidade de vida, gerenciamento de doenças e de casos crônicos.
No que se refere ao aumento de coberturas, é fundamental a oferta de planos odontológicos, já que os problemas de saúde bucal estão entre os principais motivos de absenteísmo. No que tange à redução do número de acidentes, doenças ocupacionais e faltas ao trabalho, ainda é necessário adotar um programa de saúde ocupacional para prevenir riscos nessa área e atender a legislação vigente.
* André Martins é diretor comercial da BR Insurance (BRI)