Ambientes abertos e coloridos, salas de jogos eletrônicos e de mesa e um happy hour periódico. Este ambiente “cool” das startups e empresas de tecnologia disseminou e virou tendência no Brasil como parte de uma cultura organizacional em sua estrutura de artefatos, isto é, baseada nos requisitos físicos citados acima. Um estratégia bem alinhada e consolidada nesta estrutura permite alcançar a nova geração de colaboradores com novo perfil profissional, que chega ao mercado de trabalho com demandas bem diferentes das que tinham as gerações anteriores.
Mas, uma cultura organizacional – em sua estrutura completa e eficaz – não está somente baseada nestas características. E, na medida em que a “febre das startups” ameniza e o conceito vai se acomodando na cabeça de todos, estas características podem passar a atrapalhar ou simplesmente não surtir o efeito desejado, quando não possuir suas demais estruturas (Crenças e Valores e as Suposições Básicas), como mesmo definiu o criador do conceito, o professor estadunidense Edgar H. Schein.
Espaços na web surgem com o objetivo de dar voz aos colaboradores sobre as empresas que trabalham, elogiando ou criticando ambientes corporativos que, se por um lado investe nesta parte da cultura organização, por outro a organização exige do profissional ‘poderes especiais’ na entrega de tarefas e resultados. No meio deste caminho estão alguns RHs que ainda encontram dificuldade no engajamento destes profissionais.
Em tempos de transformações culturais, de hábitos, costumes e perfis – principalmente relacionados ao trabalho – o novo profissional busca por muito mais que um ambiente colorido, com jogos, happy hour etc., tornando assim o trabalho dos profissionais de recursos humanos cada vez mais desafiador no processo de engajamento fora do contexto de entretimento oferecido.
Para o especialista em gestão de carreiras e fundador da empresa Gestores de Sonhos, Ricardo Castanheira, pouco adianta a técnica de ambiente cool se o funcionário não sentir que suas motivações individuais não estão sendo consideradas pela empresa. “Acreditamos que a melhor maneira de transformar uma empresa é transformar as pessoas dentro dela. Muito se fala em engajamento dos funcionários, mas o que vemos são ações coletivas implantadas de cima para baixo e que não se alinham com as motivações de cada um”, comenta.
Foi acreditando no engajamento como um movimento de “dentro para fora”, que Ricardo criou, junto com sua sócia, Laura Torres, a Gestores de Sonhos, incubadora comportamental que trabalha com o desenvolvimento dos funcionários por meio da realização dos seus sonhos pessoais. “A metodologia que utilizamos é focada no sonho de cada funcionário e faz com que a decisão de se engajar parta do empregado, o que é um grande diferencial”, explica Ricardo.
Identificar os sonhos, as necessidades e desejos de cada funcionário é uma estratégia que faz parte da construção da cultura organizacional, que vai alcançar resultados além do esperado. Até porque são eles, os colaboradores, o patrimônio da empresa, os ativos mais importantes da organização, e seu perfil engajado, motivado e inspirado vai refletir diretamente nos resultados da empresa.
Toda esta mudança vivenciada que a 4a. Revolução Industrial trouxe, onde quebrou paradigmas, redefiniu conceitos e desmontou modelos tradicionais – alguns arcaicos e nada estratégicos às organizações – também modificou e reposicionou uma área da empresa, o RH, permitindo-o ter um papel fundamental para a saúde da organização, exigindo dele um novo comportamento estratégico e participativo nos negócios.