As distinções entre gestão pública e privada começam na escolha dos profissionais e terminam na hora da demissão – ou na impossibilidade de demiti-los. Presentes em quase todos os processos administrativos, essas diferenças não querem dizer que um setor é mais desafiador que outro: significam apenas que cada um deles possui peculiaridades Í s quais devem se atentar os bons líderes.
As divergências têm início ainda antes da admissão do funcionário. Enquanto no setor privado, em geral, busca-se alguém com experiência de mercado, no público a prioridade é a qualificação técnica. Na primeira situação, o desafio do gestor está em escolher um funcionário com habilidades inerentes Í função que será realizada. Já, no funcionalismo público, é necessário que o líder saiba alinhar diferentes perfis de profissionais que não foram por ele escolhidos, para que todos trabalhem em função do mesmo propósito.
Uma vez contratado o funcionário, em ambos os setores, o gestor é instigado a manter sua equipe motivada, alinhada e evitar que desejem se desligar da função. No setor privado, existe a facilidade de direcionar funcionários e propósitos da empresa para que sejam similares, uma vez que há maior possibilidade de manifestar expectativas tanto por parte do contratante quanto do contratado. Ao mesmo tempo, é vantajoso que o gestor direcione esforços para manter seu funcionário fiel Í vaga que ocupa, uma vez que substituí-lo, embora muito menos burocrático que no setor público, é algo que demanda tempo e dinheiro.
Por outro lado, na área pública a possibilidade da demissão está mais distante da realidade. Com isso, é comum acreditar que há menos cobrança nesse setor, o que não deve acontecer, visto que metas e indicadores precisam ser atingidos, mesmo nas empresas públicas. Além disso, o desafio se mantém: como manter a motivação da equipe sem a possibilidade de demiti-los, caso não cumpram o prometido?
Alguns pontos podem ser considerados primordiais: primeiro, o gestor deve ter interesse em conhecer a realidade e as habilidades particulares de cada colaborador – apesar de ocupar determinado cargo, o funcionário pode não ser capaz, necessariamente, de executar o que se espera dele. Por outro lado, pode se sair de forma brilhante, caso sejam realizadas pequenas adaptações em suas funções.
Também é válido compreender o que motiva cada um a estar na respectiva vaga. Entender o que levou a pessoa Í quele cargo (estabilidade? novos desafios?) pode ajudar no direcionamento das suas atividades, para que sejam conduzidas da melhor maneira.
Em ambas as organizações, públicas ou privadas, o engajamento dos funcionários é primordial para a efetividade do trabalho de cada um. E para que isso aconteça, é necessário um questionamento contínuo: sua comunicação está realmente clara com sua equipe? As pessoas sabem o que é esperado delas?
Comunicação, engajamento da equipe, relacionamento interpessoal, habilidades essenciais para quem quer o desafio da liderança, independente do tipo de organização.
*Minervino Neto é representante da Dale Carnegie no Brasil