O livro “Leadership Contract – O Fine Print para se tornar um grande líder” não é um livro fácil para seu público-alvo. Ao contrário, ele apresenta algumas verdades desconfortáveis sobre a liderança exercida nos dias de hoje e diz coisas muitas vezes incômodas e duras.
Em março, o autor Vince Molinaro, diretor global de soluções de liderança da Lee Hecht Harrison (LHH), apresentou sua obra e palestrou para diretores e consultores de RH de empresas dos segmentos alimentício, farmacêutico, industrial, publicitário, entre outros.
Ele falou sobre temas como formas de melhorar a liderança nas organizações, tomada de decisão e equívocos dos atuais métodos de comando, assuntos abordados em seu livro. Segundo ele, apesar de muitas vezes desconfortáveis, essas coisas precisam e devem ser ouvidas e entendidas por esses profissionais. Confira a entrevista com ele.
1 – O seu livro confronta algumas verdades desconfortáveis sobre a liderança exercida nos dias de hoje. Quais verdades?
Numa altura em que precisamos de liderança para ser algo forte em nossas empresas, descobrimos que não é. Há muitos sinais que apontam para problemas. Aqui está um pouco da pesquisa que eu discuto em meu livro. Estudos mostram que 65% dos gerentes americanos são desengajados em seus trabalhos e muitos não se preocupam com o sucesso da sua empresa; 65% dos funcionários teriam um novo e melhor patrão ao invés de um aumento de salário; algumas pesquisas revelam que apenas 7% dos empregados confiam nos seus líderes.
No cerne do problema está o que eu chamo de uma lacuna na prestação de contas da liderança. Nós temos muitas pessoas nesses papeis que não estão realmente caminhando assim. Muitos parecem terem se inscrito para eles sem entender completamente o que é isso. Realizamos uma pesquisa entre os líderes de RH brasileiros sobre a responsabilidade de ser líder e aqui está o que encontramos: 42% acredita que a prestação de contas da liderança é uma questão crítica de negócio; apenas 46% criou expectativas claras sobre a liderança; apenas 29% acredita que seus líderes demonstram compromisso com seu papel; apenas 27% acredita que têm uma forte cultura de liderança; apenas 21% acredita que suas organizações têm a coragem de excluir os líderes medíocres.
2 – Quais os principais equívocos dos atuais métodos de comando? Por que continuam sendo repetidos?
Há vários equívocos ou suposições que continuamente contribuem para a lacuna na responsabilidade. O primeiro é que nós assumimos que todo mundo quer ser um líder. Isso não é verdade. Todo mundo tem o potencial de liderar, mas nem todo mundo quer isso nem entende o que é preciso. A segunda é assumirmos que fortes desempenhos técnicos farão grandes líderes. Ser o melhor engenheiro ou melhor vendedor, não faz dele um melhor gerente ou líder. Também assumimos que apenas dando a alguém uma posição de liderança ela se tornaria automaticamente um líder. Dar a alguém um título não faz nada, a não ser criar expectativas que não serão atendidas. Assumimos que todos os líderes são verdadeiramente responsáveis. Isso é falso. Nossa pesquisa mostra alto grau de insatisfação com a responsabilidade da liderança no executivo, no nível médio e na linha de frente. Finalmente, assumimos que todos podem ser treinados para ser um líder melhor. As pessoas podem tornar-se melhores líderes, mas apenas se eles realmente têm desejo disso.
3 – Qual a receita para melhorar a liderança em organizações? Ela vale para todos os segmentos?
As idéias em meu livro ajudam a entender as letras miúdas do que significa ser um líder verdadeiramente responsável. A receita para melhorar a liderança é centrada em quatro termos e condições: A primeira é que a liderança é uma decisão e você deve tomá-la, isso significa definir você como um líder. A segunda diz que a liderança é uma obrigação e você precisa dar um passo a cada dia para tornar a sua organização mais forte. A terceira diz que a liderança é um trabalho árduo e você tem que ser duro para enfrentá-lo. Muitos líderes só gostam de fazer as coisas boas, mas esse papel exige que às vezes você tome decisões impopulares, como ser direto no feedback com um colega, cortar um comportamento improdutivo. Se evitamos essas coisas, enfraquecemos a nós e as nossas empresas. Finalmente, diz que a liderança é uma comunidade e você precisa se conectar com seus colegas líderes. Muitos líderes são isoladas e desconectados uns dos outros.