Muito além do treinamento

de Luiz Augusto Costa Leite em 22 de junho de 2012

Não somos mais uma promessa de país do futuro. Já passamos à sexta economia e, em 2011, fomos o terceiro a investir em máquinas e equipamentos em porcentual de PIB: 11%. No entanto, temos o descalabro de nosso Índice de Desenvolvimento Humano acima do 80º lugar. A chave para superar essa ignominiosa defasagem está no entrelaçamento de três fundamentos: educação, inovação e competitividade. Se quisermos crescer como nação, temos de investir nos três com uma perspectiva cósmica que considere desde o sistema até a pessoa.

A competitividade nos leva à superação, a buscar o novo; é condicionante do sucesso organizacional. O produto da competitividade é a inovação. A criatividade tem sido um dos pontos diferenciais do Brasil em seu crescimento, mas isso não tem se traduzido, necessariamente, em práticas sistemáticas de pesquisa e desenvolvimento (inovação). Sucedâneo da competitividade, a produtividade é processo e produto. Não é mais uma equação de natureza dominantemente econômico-financeira, mas o resultado de tantos outros fatores que traduzem a organização sustentável. O que precisamos nos convencer por meio de ações (e não apenas como valor abstrato) é da primazia da educação nesse ciclo. A inovação com produto, a educação como alavanca e o talento como motor são os novos paradigmas do Brasil que cresce.

Nessa ótica, podemos atualizar o binômio treinamento e desenvolvimento, redefinindo-o como educação produtiva e desempenho competitivo. A educação é a mola mestra do destino do país e a estratégia de investimento nas organizações. O capital humano é o diferencial competitivo que obtém excelência quando processos de aprendizagem são aplicados para reduzir o gap entre demanda de competências e resultado, num esforço corretamente dirigido.

A melhor definição para o capital humano é a Talentividade: conjunto de fatores em que profissionais colocam o máximo de suas competências para atender às demandas de resultado. O talento está em toda parte e o importante é descobri-lo, dar-lhe massa crítica, conectá-lo em seus eixos de comunicação produtiva e aplicá-lo onde requerido. Acima de tudo, transformar um bem escasso em disponível. 

Mas não há talento sem desempenho e aí está a cadeia da competitividade: aprendizagem, desempenho e resultado. É preciso saber usar as tecnologias de aprendizagem e superar os obstáculos à alta produtividade. No momento em que a aprendizagem vira instrumento de trabalho, a organização cria uma cultura de desenvolvimento em todos os sentidos.

Há uma energia essencial que dá curso ao esforço educacional: quem a provê é a liderança, que deve ter a capacidade de educar e se educar. Avaliar o desempenho de um gerente pela contribuição educacional aos processos e à cultura da organização é uma revolução a ser feita. Trata-se de um ato de cidadania corporativa, visto que a ninguém é dado o direito de ignorar seu papel na superação de tamanha barreira ao desenvolvimento humano, empresarial e nacional. Não falamos em proposições utópicas, mas em substituir calamidade por equilíbrio sustentável e progresso.

Luiz Augusto Costa Leite é diretor da Change Consultoria e integrante do comitê de criação do CONARH 2012

 

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