Busque na memória. Quantas vezes você se lembra de ter lido, visto ou ouvido algo a respeito da geração Y no último ano? Uma rápida pesquisa no Google realizada no início de janeiro de 2013 ajuda a perceber a dimensão desse tema: “Aproximadamente 727.000 resultados”, essa é a mensagem que aparece quando digitamos o termo “geração Y” no site de buscas. Mas afinal, é possível definir quem é e como se comporta essa tão comentada turma?
Trata-se de uma geração que realizou trabalhos escolares com pesquisas no Google e Wikipedia, que vê seus pais em tempo real, mesmo morando em outro país, e não precisa comprar um disco inteiro para curtir uma única música. Por essas coisas, esses jovens dificilmente irão se sujeitar a regras impostas sem debate. E foi esse cenário que encontraram quando chegaram às empresas: regras, tarefas com prazo predeterminado e críticas quando não entregam os resultados solicitados.
Para quem não tinha limites, o mundo organizacional podia assustar com seu controle e rigidez. E para quem estava acostumado a liderar pessoas que obedeciam, o estilo acelerado e multifacetado dos jovens Y provavelmente foi um choque de valores. Estava armado um conflito que ia (e continua indo) além da simples diferença de idade: temos aqui um embate entre diferentes mundos e expectativas.
A geração Y fica com as marcas, os produtos, as pessoas e as empresas enquanto está bom. Para um jovem que cresceu vendo seus pais (ou qualquer adulto) se separarem, depois se casarem de novo, terem outros filhos, enfim, constituírem novas famílias, um mundo que promete fidelidade e que exige comprometimento e dedicação cegos é irreal. Portanto, trabalhar em uma empresa durante anos não é um sonho, nem mesmo uma opção.
Um líder que quiser ser seguido e admirado por colaboradores da geração Y precisa, antes de mais nada, ser coerente. Deve dar o exemplo e “repetir de pé o que disse sentado”. Precisa ser democrático e flexível. Se a vida profissional invade a vida pessoal, por que não o contrário?
Atualmente, as relações entre líderes e liderados, especialmente quando estes últimos são da geração Y, pedem menos hierarquia e mais “horizontalização”, mais abertura para o debate e o embate, e para a divergência de opiniões. Uma sugestão aos chefes: deixem claros os limites e as conquistas por meio de feedbacks constantes, mas ofereçam a esses jovens toda a dedicação e o carinho que eles merecem e que devem ser inerentes ao papel do líder.
Aos jovens da geração Y, um recado: vocês são excelentes, dinâmicos, desafiadores e preocupados em viver num mundo melhor, mesmo que todo o esforço a que estejam predispostos seja comentar um videodenúncia no YouTube ou seguir um blogueiro mais aguerrido politicamente. Às vezes, vocês podem ser incoerentes, mas todas as gerações tiveram sua idiossincrasia. A geração Y vai nos ajudar a fazer do mundo um lugar melhor, mesmo que virtualmente. Na prática, gostaria apenas que entendessem o seguinte: “para quem muito é dado, muito é cobrado”. Tá ligado?
Danilo Afonso é gerente de marketing e projetos do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort)