A pandemia mudou a vida de todos e, aos poucos, vivenciamos a retomada das atividades em diversos setores. Porém, em muitas empresas, o home office chegou para ficar. Segundo o IBGE, em maio de 2020, 8,7 milhões de trabalhadores desempenhavam suas atividades de casa, inclusive em funções incomuns fora do escritório – como operador de call center, por exemplo. O fato é que empresas e colaboradores se adaptaram bem e, em alguns casos, com ganhos significativos de produtividade e melhora na qualidade de vida. Mas o trabalho remoto traz consigo alguns desafios e propõe repensar a gestão de pessoas.
O primeiro passo é entender que o ambiente de trabalho não está mais delimitado ao espaço físico do escritório. Agora, a empresa está dentro da casa do seu colaborador e isso requer adaptações para que esse local seja adaptado ao trabalho. Ou seja, cabe à empresa providenciar equipamentos necessários para a realização das atividades como computador e telefone – para que o profissional desempenhe suas atividades de forma saudável, eficiente e produtiva. O pacote de benefícios também pode ser rediscutido. Algumas companhias fizeram a troca do vale-refeição pelo vale-alimentação e muitas optaram por pagar uma ajuda de custo para despesas como internet. Porém, antes de mudar, é importante entender a legislação do trabalho em home office e ouvir as necessidades do seu time.
A distância física impõe barreiras para a interação e o convívio social, portanto, é essencial promover o engajamento com momentos para pessoas falarem e serem ouvidas.
Valem reuniões diárias ou semanais, tudo depende do tamanho e dinâmica de trabalho e ter encontros virtuais focados na descontração e bem-estar como por exemplo: café; happy hour; live sobre saúde mental; festa junina; e ginástica laboral. Tudo dentro do horário de expediente, já que outro aspecto importante é a preocupação com a saúde física e mental do colaborador. E, neste período, muitos profissionais estão excedendo a carga horária e ignorando as pausas para almoço e café.
A área de recursos humanos e as lideranças precisam estar atentas aos sinais de algo que não está bem e, quando necessário, encaminhar o funcionário para apoio psicológico – nem todo mundo lida bem com o isolamento social e, aliado ao excesso de trabalho, é normal surgirem questões como cansaço, ansiedade e desmotivação. São diferentes perfis lidando com uma situação nova: mães e pais que precisam conciliar cuidar dos filhos e trabalhar; quem é mais extrovertido que acaba sentindo mais forte o distanciamento; bem como aquelas pessoas que moram sozinhas e se sentem mais solitárias.
Adotar o home office traz inúmeros benefícios, mas exige uma gestão ainda mais próxima e um cuidado contínuo com as pessoas. Pensando nisso, listei algumas boas práticas para ajudar os gestores de uma forma geral:
- Estimule que todos abram a câmera, durante as reuniões. A interação visual aproxima as pessoas;
- Adote ferramentas de organização e comunicação – existem muitas gratuitas. Elas facilitam o dia a dia e estimulam o contato entre todos;
- Faça reuniões mais curtas, com horas quebradas, deixando 10 minutinhos de pausa para uma água e/ou um café;
- Formalize um horário de almoço para estimular uma pausa;
- Evite marcar mais de duas reuniões seguidas – o cérebro fica cansado mais rápido porque gasta mais energia para interpretar os estímulos das videoconferências, o famoso zoom fatigue;
- Promova uma cultura de acolhimento para que todos sejam compreensivos com os colegas que têm filhos, familiares idosos e/ou outras responsabilidades;
- Participe das ações de interação entre as equipes;
- Desconecte-se por completo ao final do expediente.