Com a chegada das vacinas ao Brasil, o cenário do pós-pandemia já pode começar a ser visualizado. Para o mundo corporativo, a questão vai muito além da pergunta “o que fazer agora?”. Tomar decisões diante da perspectiva atual de não possuir mais escritórios ou de diminuir significativamente o tamanho do espaço físico de trabalho é arriscado e traz grandes impactos a médio e longo prazo.
Antes do surto do novo coronavírus, reter e engajar os talentos se resumia, basicamente, em oferecer escritórios com infraestrutura confortável, equipamentos modernos, TI ininterrupta, desenvolvimento profissional, flexibilidade, benefícios e afins. Agora é preciso ir muito além dessas questões. Com o trabalho remoto, implantado às pressas por grande parte das empresas no início de 2020, gerenciar o quadro de funcionários tornou-se algo bastante complexo.
A dinâmica dos escritórios, a necessidade e a percepção de cada colaborador mudaram drasticamente, como mostra uma pesquisa global da Salesforce, feita com mais de 20 mil pessoas em todo o mundo. 60% dos entrevistados dizem esperar que o trabalho remoto se torne a norma.
Porém, um estudo do IBGE revela o oposto dessa realidade: em agosto do ano passado, 800 mil trabalhadores voltaram ao trabalho. De julho a setembro, registrou-se 12 milhões de pessoas retornando às empresas. Embora a questão da saúde ainda seja um item preocupante, já é possível vislumbrar o futuro, onde a vida de todos voltará ao normal e as organizações terão de decidir como será a dinâmica do dia a dia: escolher entre o modelo presencial, remoto ou híbrido. Um grande desafio.
O estudo “Workforce of the Future”, realizado pela Cisco com mais de 25 mil pessoas em 27 países da Europa, Oriente Médio, Rússia, Ásia e América Latina, mostrou que, no Brasil antes da pandemia, apenas 4% dos entrevistados trabalhavam em casa. Agora, 88% esperam ter autonomia para decidir como e quando usar o espaço do escritório, o que aponta a preferência por um modelo híbrido.
Os dados apresentados pelo estudo comprovam que as organizações ainda precisam dar a devida importância para o espaço físico. No entanto, como fazer isso de maneira estratégica? A resposta é fácil: utilizar tecnologias para fazer a gestão de uso dos escritórios. A otimização do local físico de trabalho gera aumento de produtividade, maior engajamento dos colaboradores e redução dos custos operacionais.
A experiência do funcionário é o novo Customer Experience
Em 2021, para as organizações prosperarem é preciso pensar na gestão orientada a pessoas como parte da estratégia para alavancar os negócios. Porém, para que essa questão ganhe força e seja aplicada em toda a organização como algo essencial, as áreas de RH/People, Facilities e TI deverão trabalhar juntas.
No meio desta jornada de mudanças e acontecimentos, quando pensar no local de trabalho? Atualmente, devido ao isolamento de grande parte das pessoas, isso ainda não está colocado como pauta entre os gestores. A administração do escritório é algo muito mais complexo do que questões ligadas apenas ao espaço físico. Ela está relacionada com o que faz as pessoas saírem mais satisfeitas das suas empresas no final do dia.
A fase do trabalho remoto integral mostra que há produtividade operacional, mas não uma produtividade estratégica e inteligente e isso, a longo prazo, pode comprometer a cultura corporativa, o sucesso e o andamento dos negócios. O mais indicado, portanto, é apostar no meio termo. É inegável, neste breve vislumbre do pós-pandemia, a necessidade de remodelar os locais de trabalho.
Os gestores devem aproveitar os primeiros meses de 2021 para planejar o que a empresa irá fazer neste ano tão decisivo. Esperar os acontecimentos fluírem para tomar decisões importantes não é o melhor caminho. É imprescindível já ter tudo desenhado e orquestrado para colocar em prática o quanto antes e dar a devida importância para algumas das principais questões críticas do ano: a gestão orientada a pessoas e a gestão de uso dos escritórios.