BlogaRH

Outplacement: o fortalecimento da humanização no mundo dos negócios

Buscar uma maneira de fazer com que os desligamentos sejam menos dolorosos tem se tornado prioridade para muitas companhias

A demissão pode ser um dos momentos mais desafiadores para um profissional. Nessa hora, sentimentos como decepção, insegurança e incerteza acabam sendo despertados. Com a pandemia do coronavírus, muitas empresas se depararam com situações críticas de reestruturação – dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam um número recorde de desempregados no país: 14 milhões.  

Em um momento sensível como esse, buscar uma maneira de fazer com que os desligamentos sejam menos dolorosos tem se tornado prioridade para muitas companhias. Com um olhar estratégico, porém altamente humanizado, investir em um programa de outplacement tornou-se uma opção sensata de oferecer a quem está sendo demitido. E o apoio necessário para se reinserir no mercado, reavaliar a carreira e encontrar oportunidades em busca de um novo propósito. Bom para o indivíduo e bom para a empresa, que reforça seus valores e postura ética e humanizada perante seus colaboradores e o mercado. 

Outplacement

Cada vez mais, a prática tem ganhado adesão no Brasil. Apenas no ano passado, foi registrado um crescimento significativo de empresas demandando esta solução, de acordo com a Right Management, e a procura tem se mantido ativa neste início de 2021. Ainda que não seja obrigatório, um processo de transição de carreira bem estruturado possibilita que uma organização permaneça atraente, produtiva e, sem dúvida, respeitada, não só pelos funcionários eventualmente desligados, mas também para os que se mantêm na empresa.  

Um programa como esse tem o intuito de incentivar o autoconhecimento, colocando o ex-colaborador em contato com novas ideias, pessoas e oportunidades. Uma análise realizada pela Right Management mostrou que candidatos que trabalham com um acompanhamento especializado em determinada área de conhecimento, encontram oportunidades para recolocação no mercado 20% mais rápido em relação a quem não tem esse tipo de assistência.  

Existem várias formas de se fazer o outplacement, que pode ser em grupo ou individual, de maneira mais rápida ou mais aprofundada e analítica, mas todas elas requerem conhecimento, ferramentas e estratégia de comunicação para atingir o objetivo de auxiliar o profissional e a empresa a atravessarem o momento desafiador.  

Evolução

Em mais de 20 anos atuando com RH, tive a oportunidade de acompanhar a evolução dos serviços de outplacement e, em todo esse período, vi casos interessantes de profissionais que, ao passar pelo processo, perceberam não estar satisfeitos com a condução de suas carreiras, mas que estavam na “zona de conforto”, sem motivação para tomar uma decisão de ruptura em busca de novos caminhos.  

Nesses casos, a demissão acabou sendo o movimento propulsor para novos horizontes – como a busca por novas formações e até uma nova profissão. E, no entanto, isso só foi possível pois as empresas tomaram para si a responsabilidade de apoiar e orientar esses profissionais em um período crítico.   

Apesar do momento sensível devido à economia abalada e agravada pela pandemia, grandes empresas também buscam ampliar as alternativas visando reter seus talentos por meio do redeployment. Nesse cenário, alguém que não tenha mais espaço para se manter no setor em que atua, pode ser transferido para outro departamento que esteja precisando de profissionais e novas skills. 

Olhar atento

Esta recolocação interna tem sido considerada com um olhar mais atento dos RHs e lideranças pois, reter um profissional qualificado em seu quadro de colaboradores traz uma série de benefícios à empresa. Mesmo em um cenário de altos índices de desemprego, 52% das companhias brasileiras encontram dificuldade em preencher determinadas vagas, por falta de qualificação técnica e habilidades comportamentais, como aponta a pesquisa de Escassez de Talentos do ManpowerGroup. 

É comum ouvir que, em momentos de crise, como o que estamos vivendo agora, surjam grandes aprendizados. É prematuro prever quando tudo isso passará, mas algumas experiências tendem a se perpetuar, como esse olhar mais humano que o ecossistema corporativo está adotando com práticas de outplacement e redeployment. É preciso sempre lembrar que são os colaboradores os responsáveis pelo sucesso e conquistas de uma organização. 

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail


Maiby Silvano

Gerente executiva da Right Management Brasil

Maiby Silvano é gerente executiva da Right Management Brasil