Aconteceu ontem (segunda-feira 31/7), o primeiro dia do 3º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa. O evento, organizado pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação, e as Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, foi transmitido ao vivo e gratuitamente pelo canal das duas plataformas.
Durante o primeiro dia do fórum, CEOs, gerentes de RHs e especialistas compartilharam insights, trocas de experiências e cases de sucesso sobre como cuidar da saúde física, mental e do bem-estar no ambiente corporativo.
Foram debatidos a importância da motivação e engajamento dos funcionários, a maneira de lidar com a pressão para alcançar resultados e a cultura organizacional. Além disso, foram apresentadas estratégias de sucesso adotadas pelas companhias e discutido o autoconhecimento como forma de encontrar satisfação no ambiente de trabalho.
No primeiro painel do dia, “Mais com menos: Como driblar a pressão para alcançar resultados”, com a participação de Danielle Arraes, vice-presidente de RH América Latina da Puratos; Cristiane Carvalho, diretora de Recursos Humanos da Microsoft; e Jonas Rogério Carvalho, coordenador de Vendas do Atendimento Corporativo do Senac São Paulo, foram debatidas as melhores estratégias na construção de um ambiente de trabalho saudável, sem abrir mão do foco e da produtividade.
Os speakers debateram como a transparência do diálogo na gestão do estresse, a promoção da colaboração e do apoio dentro das equipes, o incentivo ao uso de métodos e técnicas de gerenciamento de tempo, organização e priorização de tarefas podem fazer a diferença no ambiente de trabalho para os colaboradores e para os líderes.
Como lidar com as pressões
Jonas, Daniela e Cristiane concordam que é fundamental aprender a lidar com a pressão e as diversas tarefas enfrentadas no dia a dia profissional. Para isso, é necessário capacitar líderes para identificar os problemas dos funcionários, uma vez que colaboradores esgotados não conseguem alcançar resultados satisfatórios. Eles acreditam que a pressão não é eficaz para alcançar resultados e que é preciso investir nas pessoas para promover o bem-estar e, a partir disso, obter os resultados desejados. “A pressão não traz resultados, se quisermos bem-estar na prática, temos que investir nas pessoas e, a partir disso, conseguimos ver resultados”, acredita Jonas.
Daniela também destaca a importância da automatização de algumas áreas e a implementação de novas rotinas para melhorar o ambiente de trabalho. No entanto, ela ressalta que é necessário que essas medidas estejam sustentadas por uma cultura organizacional que promova o bem-estar dentro das corporações. Ela enfatiza a importância de um esforço integrado, olhando para o todo e não apenas para partes isoladas. “É preciso que haja um esforço integrado, olhar para o todo e não apenas para algumas partes”, explica.
Cristiane complementa a discussão afirmando que a tecnologia sozinha não traz bem-estar para o local de trabalho. É necessário que ela esteja ancorada em uma cultura de flexibilidade e inclusão, para que haja uma governança eficiente. Ela destaca que a tecnologia deve ser utilizada da melhor forma possível para promover o bem-estar no ambiente profissional. “A tecnologia tem que estar inserida em sua melhor forma para que haja um trabalho de governança”, acrescenta.
Só o mimo não resolve
Em “Além do mimo: Como reconhecer e recompensar de forma significativa”, Paola Klee, diretora executiva de Pessoas do GT7 – Grupo Todos Empreendimentos, Silvio Paciello, VP de People – LATAM South da Ericsson, e Renato Acciarto, responsável pela Comunicação Corporativa, Interna e Digital, Relações Governamentais e Sustentabilidade, debateram a importância de desenvolver uma cultura de reconhecimento. O impacto de celebrar conquistas na produtividade das equipes também foi discutido, assim como os tipos de recompensa que realmente motivam e são apreciados pelos colaboradores.
No pós-pandemia, muitas empresas buscaram novas formas de trazer benefícios e incentivos para os colaboradores. Paola acredita que as empresas precisam reconhecer as conquistas dos funcionários de forma individualizada e não como uma solução para todos. “Essa questão do mimo não cria uma cultura de reconhecimento de fato, vai muito além dos bônus e das questões de mérito, é isso que reconhecemos”.
Para Paola, apenas o mimo não engaja, sendo que o engajamento precisa partir de uma compreensão do redirecionamento que cada um possui. “Para que haja engajamento, é preciso criar condições e trabalhar para que ocorra a fidelização do colaborador”, acredita a diretora executiva.
Para Silvio, o “mimo” são reconhecimentos pontuais para todos, já os incentivos precisam ser feitos com critérios. “Na minha visão, o incentivo aos funcionários é uma ferramenta forte para motivá-los”.
O fator cultural
Durante o transmissão, os speakers também detalharam como a cultura organizacional influencia diretamente a felicidade dos colaboradores e, consequentemente, o desempenho da empresa. Discutiram a importância da liderança inspiradora, que engaja e motiva os colaboradores a alcançarem os objetivos comuns da organização.
No painel “O novo tempo do trabalho: Como promover uma cultura de equilíbrio e mostrar na prática que o cuidado não é apenas discurso”, líderes de RH compartilharam insights sobre as ações práticas buscadas na flexibilização de rotinas e relações, o que obteve sucesso nos processos de mudança, as iniciativas que as equipes reconhecem como verdadeiras e como trouxeram para o dia a dia o discurso do bem-estar.
Participaram deste painel Alain Rosolino, Head de Pessoas e Organização da Enel Brasil, Daniel Arouca, diretor de Recursos Humanos da Colgate-Palmolive, e Maurício Chiesa Carvalho, gerente de Recursos Humanos e Responsabilidade Social da Tamarana Tecnologia e Soluções Ambientais.
Os speakers expressaram a crença de que, após a pandemia, o papel do RH nas empresas tornou-se fundamental para promover o bem-estar organizacional. Nesse sentido, Daniel destaca a importância dos gestores de RH na criação de um ambiente de trabalho saudável, no qual todos os colaboradores se sintam à vontade para compartilhar suas ideias e opiniões livremente, sem receio de sofrer represálias: “É preciso criar ambientes para que as pessoas tragam o melhor delas, fazendo a diferença para a companhia”.
Maurício acredita que as empresas precisam valorizar o capital humano. Para ele, a pandemia trouxe muitos aprendizados, mas também machucou muito as relações, e é necessário revisar as questões humanas. O profissional acredita que o RH está passando por uma mudança: “O RH precisa trazer boas práticas para que não caia em práticas ultrapassadas, mas sim em práticas inovadoras”. Para ele, é preciso focar em práticas exequíveis e que sejam benéficas para todos, e não apenas para uma parte.
Alain acrescenta afirmando que a pandemia mostrou que é possível realizar trabalhos fora do escritório, e a empresa quis manter as conquistas aprendidas durante esse período. Com horários variados, os funcionários podem sair do trabalho e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.
No painel intitulado “Minha felicidade, minha responsabilidade – O autoconhecimento (e outros instrumentos) para encontrar a satisfação”, Wellington Silvério, diretor de Recursos Humanos para a América Latina da John Deere, Ana Leticia Feller, diretora de Gestão Empresarial da Companhia Paranaense de Energia – Copel, e Vivian de Souza Vieira Machado, Head de Cultura e Engajamento da DIA Brasil, debateram os desafios e oportunidades de incentivar o autoconhecimento e autogerenciamento das equipes. Durante o debate, foram abordadas as diferentes ferramentas e avaliações utilizadas para compreender habilidades e necessidades, explorou-se o empoderamento e a autonomia dos colaboradores, bem como discutiu-se a importância das habilidades socioemocionais e do autocuidado.
Ambiente sadio e harmônico
Ana Leticia acredita que cabe às companhias garantir e dar ferramentas para que tenha um ambiente sadio e de harmonia. A profissional também aponta o papel da liderança como aspecto importante na busca pelo bem-estar corporativo. “Também é muito importante que o funcionário esteja conectado com seus valores e princípios da organização”, acredita, afirmando que esses fatores são primordiais para que haja felicidade no ambiente de trabalho.
Wellington acredita que as organizações têm o papel e dever de cuidar da saúde dos colaboradores. Na opinião do especialista é preciso combater o ambiente tóxico, torná-lo centrado no ser humano. “O grande desafio é zelar por um ambiente de trabalho leve, do ponto de vista tecnológico e financeiro todas podem, mas um ambiente de bem-estar é mais difícil”.
Silveira também aponta o papel da liderança que deve ser colaborativo e servidor “O capaz de se colocar no lugar do outro e contribuir para um ambiente de segurança”, completa.
Vivian compartilha que no Dia Brasil há maior cuidado com a liderança, como comunicação e pesquisas falando sobre diversidade e a importância de tornar a D&I uma realidade dentro da empresa ” Quando incluímos a empresa torna-se muito mais diversa, criativa. Estamos trabalhando muito duro dentro da empresa para que espelhe para fora o que aprendemos”, conta.
Durante o painel os speaker debateram a diversidade de gerações e como tornar a D&I uma realidade dentro das companhias que vai muito além do papel. Os speakers ressaltaram que a diversidade de gerações é um tema cada vez mais relevante no ambiente corporativo, pois as empresas estão se tornando cada vez mais multigeracionais. Com diferentes faixas etárias, experiências e perspectivas, as empresas têm a oportunidade de aproveitar a variedade de ideias e conhecimentos que cada geração pode contribuir.
Claudia Duarte Vergara, gerente de Desenvolvimento de Pessoas da Irani Papel e Embalagem; Giseli Bezson, supervisora de Saúde e Bem-Estar da Cargill, e Helio Souza, VP, Head of Brazil Rewards do BNP Paribas, foram participantes no painel “Colheita positiva – Quais benefícios de saúde e bem-estar valem a pena investir”. Durante o painel, os speakers discutiram estratégias para direcionar recursos de forma mais eficaz, como focar nos aspectos básicos do plano médico e/ou odontológico, nas plataformas e aplicativos digitais que promovem a satisfação das equipes, e quais são as abordagens mais adequadas para empresas com orçamentos limitados.
Helio coloca o papel fundamental das pesquisas de clima dentro das organizações para identificar e analisar o nível de satisfação e engajamento dos funcionários, bem como possíveis problemas e oportunidades de melhoria na cultura organizacional. “Conseguimos ouvir com bastante rapidez os funcionários, a pesquisa pulse ajuda a entender as particularidades de cada área e as necessidades de cada um”, aponta.
Na Irani Papel e Embalagem, a aposta em ouvir para oferecer demandas para os colaboradores está em palestras e rodas de conversa, além de convênios com academias. “A nossa grande virada foi uma plataforma sobre tratamento psicológico, sendo uma porta aberta para facilitar a saúde e bem-estar”. A speaker acredita que viabilizar o atendimento psicológico é uma responsabilidade da empresa.
Na Cargill, através de um piloto sobre saúde mental, foi implantado um programa de Business care para todos os funcionários do Brasil, onde todos os colaboradores têm acesso a atendimento psicológico. Atualmente, a empresa tem 20% de adesão. “O programa traz um ecossistema de inclusão de terapias online para os funcionários, além de possibilitar outras práticas que beneficiam a saúde mental”, destaca Giseli.
Porém, os speakers acreditam que é difícil para as organizações colherem resultados positivos quando não há uma cultura interna de bem-estar e valorização dos colaboradores, sendo preciso estar sempre em contato com eles e atualizando os temas de maior adesão.
O Burnout
No painel “Burnout: a lição já foi aprendida? O caminho para as companhias evitarem recorrências”, Sergio Amad, CEO da Fiter; Beatriz Sairafi, diretora executiva de RH da Accenture; e Fernanda Dabori, CEO da Advice Comunicação Corporativa, compartilharam suas experiências na transformação de uma cultura organizacional voltada para lideranças saudáveis e equilibradas. Os speakers discutiram os programas de apoio e ação mais efetivos, ressaltando a atenção dedicada ao público feminino. Além disso, destacaram a importância da análise de casos e a implementação de medidas corretivas, bem como o trabalho contínuo de conscientização para identificar e mitigar riscos.
Os speakers apontaram que o Burnout sempre existiu devido à busca de metas inatingíveis, mas nos últimos anos está relacionado à tecnologia e ao constante estado de conectividade que nos mantém sempre disponíveis e sobrecarregados, levando a um esgotamento físico e emocional cada vez mais frequente.
Beatriz acredita que o clima no ambiente de trabalho tem extrema relevância, pois as pessoas precisam estar conectadas aos valores da empresa. “Se não tivermos uma força de clima engajada, iremos comprometer a produtividade. Uma das metas das organizações é ter um clima saudável”. Para ela, a liderança tem papel fundamental para o bem-estar, criando um ambiente de abertura com feedbacks construtivos e não destrutivos.
Além disso, eles ressaltaram a importância de estabelecer limites saudáveis e adotar práticas de autocuidado para prevenir o Burnout, como pausas regulares e exercícios físicos.
Sensibilização e comprometimento
Os desafios enfrentados ao quebrar paradigmas e criar uma estratégia abrangente de cuidado, a importância do desenvolvimento de uma cultura de apoio e sensibilização e o comprometimento das lideranças na promoção do bem-estar integral foram temas do painel “De olho no todo: O diferencial de uma abordagem holística à saúde dos colaboradores”. Participaram das discussões: Christiane Berlinck, CHRO do OLX; Ricardo Burgos, vice-presidente de Pessoas e Segurança do UnitedHealth Group Brasil; e Dioneia Canci, diretora de Gestão de Pessoas da Fiagril.
Na opinião de Christiane, o trabalho é um elemento da vida e as empresas precisam ter maneiras corretas de olhar o colaborador. “Não é apenas a conexão entre o trabalho e a pessoa; há outras coisas que interferem. Cada vez mais, as empresas têm focado na jornada de vida dos colaboradores e não apenas em suas atividades profissionais. Compreender a importância de equilibrar o trabalho com a vida pessoal é fundamental para promover um ambiente saudável e produtivo.”
Segundo Christiane, as empresas devem adotar uma perspectiva mais ampla ao analisar o papel do trabalho na vida das pessoas. Não se trata apenas de uma conexão entre o funcionário e sua função, mas também de levar em consideração outras questões que podem interferir no desempenho e bem-estar do indivíduo.
Cada vez mais, as organizações têm direcionado seus esforços para entender a jornada de vida de seus colaboradores. Isso significa reconhecer que eles possuem responsabilidades e interesses fora do ambiente de trabalho, como família, estudos, hobbies e cuidados pessoais.
Ao considerar essas variáveis, as empresas podem criar estratégias e políticas que promovam uma melhor conciliação entre o trabalho e a vida pessoal. Flexibilidade de horários, programas de bem-estar, apoio emocional e incentivos para o desenvolvimento pessoal são algumas medidas que podem ser adotadas.
Dioneia acredita que a pandemia fez as empresas olharem de forma mais integrada para a relação entre trabalho e vida pessoal dos colaboradores. “É preciso olhar o ser humano como um ser único e vivenciá-lo, não apenas algo a ser comunicado”. Essa é a opinião da profissional.
No último painel do dia “Felicidade sem expresso: Como trabalhar o bem-estar na realidade do chão de fábrica”, Marcelo Maniero Speltz, diretor de Gente e Cultura da Uisa; Bruno Szarf, diretor executivo de RH da Lwart Soluções Ambientais, e Rochelli Kaminski, diretora de RH da Gomes da Costa, compartilharam suas experiências ao lidar com recursos e benefícios de maneira a gerar impacto sem sobrecarregar o fluxo financeiro. Os speakers discutiram as ações que têm trazido resultados significativos e os investimentos que realmente contribuem para o bem-estar e satisfação das equipes.
Fluxo financeiro
Trabalhar o bem-estar na realidade do chão de fábrica é um desafio que muitas empresas enfrentam. Nesse ambiente de alta demanda e ritmo acelerado, é comum que o foco esteja voltado para a produção e eficiência operacional, deixando de lado a preocupação com o bem-estar dos colaboradores. No entanto, investir no bem-estar dos funcionários é fundamental para garantir não apenas a saúde e satisfação deles, mas também a qualidade e produtividade do trabalho realizado. Afinal, colaboradores que se sentem valorizados e têm suas necessidades atendidas tendem a ser mais engajados e produtivos.
Rochelli acredita que no pós pandemia assuntos como saúde mental e física, bem-estar e satisfação no trabalho tornaram-se assuntos recorrentes e o ter bons líderes na equipe é fundamental para o sucesso e um ambiente de bem-estar ” É importante o papel de um líder que trabalhe bem com os times, que não seja opressor, comunicativo e cabe a ele reconhecer o trabalho dos colaboradores”, aponta.
Outra formas de promover o bem-estar no chão de fábrica é garantir condições de trabalho adequadas. Isso inclui fornecer equipamentos de proteção individual de qualidade, garantir um ambiente seguro e saudável, além de oferecer treinamentos e capacitações. Marcelo acredita que é necessário às empresas identificar e distinguir os profissionais que pleiteiam crescimento na carreira ou que só querem aprimorar suas habilidades. Essa diferenciação é fundamental para uma gestão eficiente dos recursos de desenvolvimento de talentos.
Além disso, os speakers também enfatizaram a importância de valorizar e reconhecer o esforço e dedicação dos colaboradores. Incentivar um ambiente de trabalho colaborativo e respeitoso, promover momentos de reconhecimento e celebrar as conquistas alcançadas podem ter um impacto significativo no bem-estar da equipe.
Para quem não pôde acompanhar o evento ao vivo, todas as palestras e debates estão disponíveis no canal da Negócios da Comunicação e da Melhor RH no Youtube, permitindo que mais pessoas tenham acesso às valiosas informações compartilhadas no fórum.
(Publicado no Portal da Comunicação)