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Primeiro dia do 4º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa mostrou um mundo positivo possível

Speakers apresentaram cases de suas empresas e sugeriram caminhos para aperfeiçoar programas de bem-estar nas corporações

de Redação em 25 de junho de 2024
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A felicidade tomou conta das organizações. E não é mera retórica, diversas instituições estão investindo na qualidade de vida e nas relações positivas internas, evitando ou minimizando problemas de saúde, principalmente saúde mental, além de aumentar a produtividade com um ambiente `mais atrativo para o trabalho. O primeiro dia do 4º Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa – Eu em equilíbrio, organizado pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação e pelas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, trouxe essas discussões para serem compartilhadas por profissionais de RH, comunicação e especialistas.

Abrindo o evento, o jornalista Márcio Cardial, diretor do CECOM e publisher das duas plataformas, destacou que esse fórum “se tornou uma referência ao abordar a importância da felicidade no ambiente de trabalho”. E mais, “que vivemos num mundo em constante transformação e as relações das empresas e das pessoas estão sempre evoluindo. Nesse cenário, a Felicidade Corporativa emerge como um pilar essencial para o sucesso das organizações. Reconhecer o bem-estar dos colaboradores não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para construir empresas mais saudáveis”.

No primeiro painel desta segunda-feira, “Fim do mundo virando a esquina – o papel da responsabilidade corporativa e social no bem-estar do time”, participaram das discussões Alexandre Leite Lopes, diretor Presidente/CEO da Jobcenter do Brasil; Fernando Viriato, vice-presidente Sênior de Talento e Cultura da Accor; e Patricia Alexandre, diretora Executiva do Sinapro.  Patrícia questionou o que as empresas estão fazendo como suporte na questão do clima para amparar funcionários, em contexto da tragédia recente do Rio Grande do Sul e das mudanças climáticas pelas quais o mundo está passando. Ela afirmou que muitas empresas entendem a importância disso, mas as vezes não conseguem fazer.” O tema ESG está sendo tocado há algum tempo, mas ainda engatinham nisso”.  Viriato lembrou que é uma questão que envolve governos, empresas, parceiros, fornecedores, etc. e quando a empresa adere ao Paco Global tem responsabilidades enormes. Ele ressaltou que bancos e operadores que oferecem capital de giro para as empresas, colocam as taxas de juros  menores para quem tem indicadores sociais relevantes.  E mais: “Precisamos ter pessoas engajadas, motivadas e para isso precisamos ter propósito”.

“A governança está intrinsicamente relacionada com a felicidade”, complementou Alexandre Lopes. Com isso, o equilíbrio, subtema do fórum, é atingido levando em conta a vida profissional e pessoal do funcionário.  Mais a transparência, que em sua opinião também motiva o colaborador.  “Claro que política de remuneração é importante, mas além dessa questão básica, a transparência e responsabilidade social deve ser vista nas atitudes da empresa”.

“Ninguém pode ser engajado sem ser feliz”, insiste Viriato. Respeito e confiança é a base de tudo, disse. E falando, o executivo disse que parece fácil, mas nem tanto. Patrícia disse que a chave é a liderança. “Temos um problema no mercado hoje, essa geração que está assumindo a gestão das empresas não quer mais ser líder, e a liderança impacta em 80% da felicidade do colaborador. Quando as empresas tem suas políticas claras e objetivas, conseguimos fazer as coisas acontecerem”.

Comunicação na felicidade

O próximo painel foi “Papo que interessa – O papel da CI na construção de um ambiente seguro”, com a presença de Bruno Borges Sciammarella, gerente de Ambientes e Plataformas de Comunicação da Petrobras; Igor Gavazzi Vazzoler, CEO da Progic; e Leonardo Wollinger, diretor de Criação da Clima Comunicação. “Quando falamos de felicidade corporativa parece que estamos romantizando o assunto”, pontuou Vazooler, colocando em discussão o conceito de felicidade corporativa. Borges arrisca dizendo que questiona o uso da palavra felicidade corporativa. “Felicidade é muito individual, e me preocupa transformar isso num padrão para todos serem felizes. Outro ponto é esse momento de saúde mental, porque está gerando pessoas mais ansiosas pela busca de felicidade corporativa, e as pessoas se sentem cobradas num local onde passam 8h, 9h, longe de quem realmente gostam, se vestindo como um personagem… então eu questiono isso. Aí gera frustração para quem não consegue essa felicidade dentro do trabalho”. Ele gosta de usar o termo bem-estar. Leonardo concordou, não tem como uma organização garantir toda nossa felicidade, mas essa busca tem a ver com as relações do trabalho, onde passamos 1/3 de nossas vidas. “Se nos sentimos mal no domingo antes de trabalhar na segunda, tem algo errado”.

Como profissionais de comunicação contribuem? Bruno disse que, na Petrobras, com mais 100 mil empregados e prestadores de serviços, a comunicação interna não está dentro do RH, e sim na Comunicação e próxima da Comunicação Externa, tendo RH claro, como parceiro. “Procuramos primeiro, não atrapalhar, com infotoxicação, que traz ansiedade. O desafio é o empregado se sentir informado e não sobrecarregado com informações. Temos o programa Petrobras Bem-estar, e como comunicação temos o dever de dar visibilidade a isso. Leonardo diz se preocupar com as informações chegam dia a dia nos colaboradores. Ouvir o líder, mas ele deve repassar informações e também ouvir seus  liderados. Vazzoler destaca trabalhar num local onde não se tenha medo de fazer as coisas e ter população diversa dentro. “É desafiador para a área de comunicação interna fazer o líder se engajar”, complementa . “Temos aqui um programa de líder comunicador, que capacita líderes, inclusive no digital”, informou Bruno.

O painel seguinte foi “A importância em pertencer – Como o senso de comunidade impactam o bem-estar e engajamento”, com Patricia Bobbato, diretora de Pessoas, Comunicação Interna e Sustentabilidade no Grupo Tigre; e Renato Rovina, head de Recursos Humanos no BNP Paribas. Patricia acredita na relevância do tema, e o desafio é fazer as pessoas se sentirem bem nas fábricas – 21 locais diferentes  no seu caso. O verbo cuidar é bem utilizado pela Tigre. E cita duas pesquisas: “A cada 1 dólar investido em bem-estar, mental retorna em 4  dólares em produtividade, segundo OMS. E, segundo a Workplace Well Reporting, antes da pandemia,  79% das pessoas  sentiam stress no ambiente da trabalho nos últimos doze meses, e 47% achava normal senti stress e ansiedade no trabalho. Hoje em dia, isso piorou. Fizemos várias rodas de conversas, com vários grupos, para que pessoas conversar um pouco mais. Além do programa Equilíbrio, com forte apoio da empresa, com tele atendimento, com grande busca de pessoas.

Rovina concordou que, de fato, a pandemia mostrou, que o que separava vida pessoal e profissional acabou. E as pessoas ficaram mais ansiosas e aumentou os  casos de saúde mental, devido as pressões do dia a dia. A Paribas, com 800 funcionários, procura olhar individuo de forma holística, tem programa que ajuda na saúde física, saúde da mente, saúde financeira e saúde social-afetiva.

Katya Figueira não pôde participar do painel.

O Fórum prosseguiu com o painel “Aprendendo a relaxar – O diferencial de treinamentos para a gestão da saúde mental”, com Christiane Araujo, gerente sênior de Pessoas da Naturgy; Douglas Almeida, executivo sênior de Recursos Humanos; e Fatima MacedoCEO da Mental Clean. Ao falar sobre o cenário de saúde mental, Fátima afirmou que muita coisa foi feita e está sendo feita pelas empresas, mas é preciso integrar melhor, virar um programa estruturado. “Estamos assistindo muito a um a pagar de incêndios, com foto no tratamento e no indivíduo. Precisamos colocar o foco na prevenção”, E lembrou que este ano, comparado ao ano passado, “tivemos 38% de afastamento do trabalho motivado por doença mental”. A solução, segundo ela, é ter gestão, um trabalho ordenado para lidar com o problema. E “olhar para dentro da organização e entender por que a empresa pode ser adoecedora ou pode ser promotora da saúde mental. Precisa do envolvimento de várias áreas, da alta liderança, do indivíduo.

Douglas lamenta que esse tema surgiu na pauta de muitas organizações pelo medo. Na época da pandemia, quando ir no campo, o profissional de saúde ir para dentro dos ambientes gerava risco. Uma situação sem precedentes. Foi um grande desafio. E o tema ganhou força também porque deixou de ser tabu, começou a ser visto como uma situação muito próxima no ambiente de trabalho, nos lares, na vizinhança. Christiane destaca que cada tipo de empresa deve ter uma estratégia. A Naturgy, que chegou a ser estatal há muitos anos hoje é uma multinacional, faz isso. A equipe no Brasil tem rotação baixa e a empresa possui diversas certificações que buscam resultados no desenvolvimento de pessoas. “Somos uma organização reconhecida como saudável”.  E a  Naturgy desenvolveu uma ferramenta que avalia mensalmente o índice de felicidade dos colaboradores. “Conseguimos mensurar o engajamento das pessoas e fazer uma pesquisa de clima. Com essas informações consigo desenvolver ações. É uma ferramenta anônima”.

O painel seguinte foi “Fala que a IA te escuta – Plataformas e soluções na gestão do bem-estar”, com Bruno Szarf, VP Global de Gente e Cultura na Stefanini Group, uma organização de tecnologia;  e Sérgio Amad, CEO da Fiter, empresa especializada em desempenho e felicidade no trabalho.  Antes de falar de IA Amad filosofou o que é felicidade corporativa, termo que nasceu no Butão, com o FIB – Felicidade Interna Bruta, que seria outro indicador, além do PIB, como medida de sucesso de um país. Países e regiões que têm um PIB elevado, como EUA e Europa, encaram o PIB alto como sucesso de nação. “Quando a gente fala de FIB, existe um ranking global que o Brasil ocupa a posição de 44º no mundo, onde o primeiro é a Finlândia”. Já o otimismo, segundo Amad é algo diferente, é uma programação do cérebro de energia para encarar as coisas da vida, pois problemas surgem e temos que encarar. Com a tecnologia, houve uma evolução nas pesquisas de clima, e agora ainda  mais com IA.

Szarf relembrou que o RH é mais estratégico, mas “tratamos sempre mais a média do que o indivíduo como o todo”. Então as empresas tomam muitas decisões baseadas em números, em médias, mais do que em indivíduos. O que a IA vem ajudar: maior capacidade de processamento de informação, tendências, cenários futuros, o que nos tira da média. “Fazer com que as pessoas se sintam mais felizes na empresa evita que elas saiam e os consequentes custos de contratação, treinamento, onboarding”. E pesquisas recentes mostram que o turnover no Brasil foi de 46% no último ano e 51% das empresas estão dispostas a se movimentar, ou seja, sair da empresa atual e buscar novos desafios. “E por outro lado, cada vez ouço mais falar de felicidade. Então existe uma dissonância”.

Charmoniks Heuer não pôde comparecer à discussão por questões técnicas.

O  último painel do dia foi “Diálogo Seguro – CNV como ferramenta pelo bem-estar (e produtividade)”, com Cristina Kurcis Gonzales, sócia fundadora da Lorca Humanus; e Maurício Chiesa Carvalho, gerente de RH e Responsabilidade Social na Tamarana Tecnologia Ambiental. Falaram sobre comunicação não violenta (CNV). Para Cristina, que atua com esse tema há muitos anos ,esse assunto circula em grandes empresas. O termo foi criado pelo psicólogo norteamericano Marshall Rosenberg por volta dos anos 1960. Na época, a cultura da segregação racial ainda era bastante difundida nos Estados Unidos, mas algumas escolas se propuseram a mudar essa realidade. Desenvolveu parte da empatia, escuta, conexão. Seus princípios são simples: observação, mudar o foco do julgamento de quem é culpado e perceber sentimentos e necessidades das pessoas. Mauricio complementou que agora tem uma ISO recente que avalia os riscos psicossociais. E tem a ver dentro das organizações de poder falar sem ter medo de ser perseguido. E mais: nenhuma empresa faz as pessoas felizes. Entretanto, quando tem boas práticas, cultura organizacional favorável, clima adequado, propósitos com fit cultural junto ao colaborador, ele tem uma tendência de avaliar as situações de forma mais positiva.

Carolina Cassiano não pôde comparecer ao painel por questões de saúde.

Originalmente publicado em Portal da Comunicação.


Assistam ao primeiro dia do Fórum nas plataformas:

Plataforma Negócios da Comunicação: https://www.youtube.com/watch?v=2aGIHPKG–E
Plataforma Melhor RH: https://www.youtube.com/watch?v=rS3LxgpSQo8


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