Volta e meia, recebo um anúncio de congresso ou evento em que há o “maior especialista do mundo” em algo. Aliás, são tantos “renomados” dos quais eu, por total ignorância e desconhecimento, nunca ouvi falar, que, muitas vezes, causam uma certa desconfiança em mim. Mas, Í s vezes, nos enganamos. E esse foi o meu caso: há alguns anos, um desses gurus chamado Michael Porter escreveu o livro Vantagem competitiva, um tema tão atual e que norteia (ou deveria) a agenda dos líderes de RH preocupados em agregar valor Í s empresas em que estão. Porter, já naquela época, abordava o tema sob alguns prismas, nos quais concorrentes, clientes e fornecedores eram – e seguem sendo – o cerne das relações organizacionais. E o que há de comum entre essas forças? O componente a que sempre chamamos a atenção e que é a base de uma performance organizacional saudável e sustentável: pessoas. Sim, elas e seu impacto na competitividade das companhias. É a boa e velha vantagem competitiva conseguida somente com elas. Não é Í toa que o tema do maior congresso de gestão de pessoas da América Latina, o CONARH, é acelerar para competitividade.
Discutir algo assim em um congresso como esse era um avanço impensável há algumas décadas, talvez até na própria época em que Porter lançou o livro. Hoje, impensável é um profissional, de qualquer indústria ou região, não pensar e atuar 100% de seu tempo ressaltando a importância de obter essa vantagem com as pessoas de sua organização. Muitos avanços influenciaram as organizações a se diferenciarem e a serem mais competitivas. Mas foi somente pela maior importância que a área de RH passou a receber é que pessoas realmente começaram a ser consideradas na equação dos resultados financeiros e sociais. Ou seja, o papel do responsável pela área de recursos humanos passa de importante para fundamental no posicionamento da empresa no cenário organizacional em que vivemos e ainda viveremos nos próximos cinco a dez anos.
Esse novo papel é o de ser o grande exemplo na formação de pessoas que realmente serão a vantagem competitiva. Mas não falamos somente de formação técnica, mas da formação integral do ser humano inserido no mundo corporativo. E para preparar e desenvolver outros, temos de, primeiro, nos desenvolver da mesma forma e medida: conhecer debilidades, assumir fraquezas, buscar melhores opções de diminuir o gap de competências, diferenciar-se. E esse exemplo precisa sim e deve ser 360º: para todos os lados da organização, inclusive para os pares todos e cada um dos demais líderes da empresa. Caso contrário, a companhia poderá sofrer um mal muito sério e de difícil tratamento: considerar-se maior e melhor que os competidores. Se esse momento chegar, talvez seja muito tarde, pois você, seus liderados, pares e organização estarão fora do jogo. Vantagem competitiva só terá quem investir de forma correta, no tempo e da forma certos nas pessoas certas. Não perca tempo: acelere para a competitividade, pois o senhor Porter estava certo – eu não. Que bom.
*Marcos Nascimento é partner na Manstrategy Consulting,
expert em desenvolvimento e alinhamento de top teams