Já passou a época em que um currículo ou diploma definia se o profissional era bom ou não. Atualmente, pelo fato de a concorrência ser cada vez maior para aqueles que buscam qualificação profissional, surgiu um novo conceito: as soft skills. Mas o que significam, e por que apareceram para revolucionar o mercado de trabalho?
“As soft skills, ou seja, as habilidades “não-técnicas” de um profissional, nada mais são do que competências pessoais, que indicam a forma como aquela pessoa lida com os problemas, como se relaciona e interage com os demais. Entre elas estão: colaboração, empatia, comunicação, liderança, inteligência emocional, flexibilidade, entre outras”, explica a especialista em desenvolvimento humano Susanne Anjos Andrade, autora do best-seller O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil.
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Soft Skills: habilidades no alvo dos recrutadores
Segundo Susanne, quando experimentamos essas emoções positivas, nos sentimos mais motivados e inspirados para irmos além, conquistando mais e mais resultados. Isso porque, no momento em que essas habilidades são acionadas, fica mais fácil o profissional desenvolver suas tarefas no trabalho.
“Quando um líder ouve e conhece o profissional, juntos conseguem definir o papel mais adequado para o mesmo, de acordo com o seu propósito e perfil. Assim ele trabalha com prazer e alcança um melhor desempenho. Por isso, muitos recrutadores, além de avaliarem as competências técnicas de um candidato, também analisam o seu comportamento, em busca de um membro que se encaixe dentro de uma determinada equipe”, comenta ela.
Profissional feliz traz mais resultado em menos tempo
Para a especialista, o “sonho” da maioria dos profissionais é chegar na metade do mês com todas as metas exigidas pela empresa realizadas. “Pode parecer clichê, mas quando a pessoa trabalha com prazer, os resultados que precisam ser entregues para o cliente – não importa o setor – surgem de forma natural”, avalia Susanne.
Em contrapartida, para aquelas pessoas que não trabalham com o que gostam – ou que estão em uma empresa na qual o modelo de gestão não leva em conta essas habilidades “não-técnicas” – e encaram as tarefas como algo desgastante, achando que tudo é chato e difícil -, os resultados demoram para aparecer e, muitas vezes, nunca aparecem.
“Por isso que, quando o profissional identifica suas próprias habilidades emocionais e trabalha em uma corporação que saiba fazer bom proveito de cada qualidade sua, o desempenho da equipe como um todo flui de forma natural”, explica ela.
Por que então as pessoas não desenvolvem logo as suas soft skills e seguem a vida de uma maneira mais leve? A grande questão é que a maioria das pessoas passa anos sem saber o que realmente as satisfaz profissionalmente. “Para se ter uma ideia, de acordo com pesquisa recente, realizada pelo consultor de carreiras Freddy Machado, cerca de 90% das pessoas estão infelizes no trabalho. E, na minha opinião, esse percentual encontra-se tão elevado justamente pelo fato de muitos não desenvolverem as suas soft skills e não encontrarem o seu propósito no trabalho”, avalia Susanne.
Mas qual a importância de desenvolver essas habilidades?
Método ágil
As empresas que adotam os métodos ágeis, como o Scrum, Lean ou Kanban, estão conectadas com essa demanda, buscando criar espaços para o desenvolvimento das soft skills dos profissionais, sem as quais o método não funciona.
“O foco, hoje, passou a ser nas pessoas, como caminho para a agilidade nas entregas, onde a eficácia é o que mais importa. É fazer a coisa certa, na hora certa. Para isso, é necessário conhecer o seu propósito e o da equipe, ouvir as pessoas, exercitar a empatia, atuar com base em uma liderança servidora, em que os profissionais vão desenvolvendo a autogestão, em um ambiente colaborativo”, diz a especialista.
Segundo Susanne, esse modelo permite que os colaboradores desenvolvam essas habilidades não-técnicas, sem as quais os resultados não aparecem, e com as quais os profissionais ficam mais felizes. Para fazer parte desse novo mundo do trabalho é essencial assumir o protagonismo e buscar esse desenvolvimento.
“Portanto, nos dias de hoje, desenvolver as soft skills é uma forma de otimizar o trabalho, tornar os colaboradores e líderes mais felizes e, especialmente, trabalhar a empregabilidade. Aquele modelo convencional, onde existe um alto índice de competição e os funcionários não realizam tarefas que estão alinhadas com o seu propósito, é ultrapassado. Por isso, quem ainda não desenvolveu as soft skills deve investir nisso o quanto antes”, aconselha ela.