A pauta de ESG não sairá do papel se as organizações não fizerem profundas mudanças em seus processos, inclusive aderindo às mais modernas tecnologias. Esse tema foi discutido em quatro painéis no 2º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, organizado pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação no final de setembro: “Não quero meta, quero mudança – Indicadores de performance para sair da promessa; “Tecnologia para mudar, consciência para direcionar – O compromisso de impulsionar processos sem abrir mão da responsabilidade”, “IA entende de sustentabilidade? Os desafios imperativos de utilizar a tecnologia com propósito” e “Mudança que inspira – O impacto do diálogo ESG entre marcas e veículos de comunicação.
Presente ao painel Não quero meta, quero mudança, Karoll Felix, gerente executiva de Comunicação, Cultura, Clima, ASG e Educação Corporativa da Pague Menos e Extrafarma, diz que “o varejo é a porta de entrada para o emprego das comunidades, e por isso é um tema transversal aqui dentro; para nossas lideranças colocamos essa estratégia”. Tudo é alinhado às estratégias de ESG. “Equipes mais diversas são mais produtivas. E inovação não é só tecnologia, é criatividade. Pessoas com diferentes histórias, culturas, sotaques, irão ter mais criatividade e produtividade. Oferecemos uma formação gratuita para pessoas em busca do primeiro emprego. E as pessoas com melhor desempenho são encaminhadas para nossos processos seletivos. Olhamos para a equidade de gênero, equidade racial, inclusão de pessoas com deficiência, e público LGBT”.
Rafael de Oliveira Arantes, diretor de Relações Externas & ESG do UnitedHealth Group, declara que “Temos discutido bastante essa visão de longo prazo; a sustentabilidade desse setor de saúde”. Mas o problema, conta é preparar a cultura da empesa, acostumada a construção das metas corporativas que foram feitas “para enxergarmos o final do mês, o fim do ano, nunca para 10 anos a frente”. E ele se refere às empresas em geral. “Políticas de ESG são um grande atrativo para contratarmos os melhores colaboradores. E para termos uma reputação diferenciada dentro de um setor”, orgulha-se.
Já Afrânio Ricardo Haag, diretor de Pessoas do Grupo Fleury, concorda com Arantes, e acrescenta: ” O movimento de ESG tem que gerar valor, para a empresa e para os stakeholders. Se tem uma meta que não vemos geração e valor ela tá errada. Se não é mensurável tem um problema. Ter visão só de curto prazo é problema mesmo”.
Tecnologia que transforma
Tecnologia e o avanço das Inteligências Artificiais (AIs) foram tema do paine Tecnologia para mudar, consciência para direcionar, com Carolina Prado, diretora de Comunicação para América Latina da Intel, Renato Acciarto, Comunicação Corporativa, Interna e Digital, Relações Governamentais e Sustentabilidade, e Roberta Knijnik, líder de D&I para a América Latina e Gerente de Vendas LatAm da Intel.
Os participantes destacaram a importância de se aderir às regulamentações de privacidade e proteção de dados, garantindo a segurança e a confiança dos usuários. Além disso, ressaltaram a necessidade de promover uma cultura de consciência sobre o uso da tecnologia, considerando seus impactos sociais, éticos e ambientais. “Temos o ‘full representation’ onde olhamos para sociedade e tentamos ter maior representatividade de todos os públicos dentro da companhia”, conta Roberta.
A segurança cibernética também foi abordada como um desafio crucial, visto que o avanço da tecnologia e das AIs também traz consigo ameaças e vulnerabilidades. Os painelistas enfatizaram a importância de investir em sistemas de proteção cibernética robustos e de educar as pessoas sobre os riscos e melhores práticas de segurança online.
Outro ponto discutido foi o combate às disparidades digitais por meio da inclusão digital. A inclusão de diferentes grupos e comunidades nas equipes de trabalho e na tomada de decisões é fundamental para garantir que os benefícios da tecnologia e das AIs sejam acessíveis a todos. Os participantes destacaram a importância de políticas e programas de inclusão digital, bem como a necessidade de fornecer treinamentos e oportunidades de capacitação para reduzir lacunas. “Na Intel temos um grupo há mais de 15 anos focado na equidade de gênero, grupos voltados a LGBTQIAPN+ , são mais de 30 grupos para os funcionários possam participar onde se encaixem”, lembra Roberta
Carolina destaca que o trabalho remoto trouxe benefícios para a equipe, como maior flexibilidade de horários, diminuição do tempo de deslocamento e a possibilidade de conciliar melhor a vida profissional e pessoal. Além disso, houve uma melhoria na comunicação interna, graças ao uso de ferramentas digitais.
Também no painel IA entende de sustentabilidade?, em outro momento do evento, especialistas destacam como a Inteligência artificial pode auxiliar nas ações de responsabilidade ambiental das empresas e também em outros pilares ESG. Os participantes enumeraram ações das quais participam, que sem este recurso não seriam possíveis, ou teriam sua condução dificultada.
Anatrícia Borges, diretora de ESG da LLYC enfatizou o uso de IA no aprendizado sobre o tema e no monitoramento de catástrofes. Ela destacou o papel da ferramenta como forma de materializar a sustentabilidade por meio dos indicadores que é capaz de gerar. “A IA deve trazer o tema para materialidade, mas quem deve trazê-lo para o propósito somos nós”, diz Anatrícia.
Jonas França, proprietário e consultor da Amary Soluções Ambientais destacou o uso corporativo de IA, para o monitoramento de temperatura de equipamentos eletrônicos, além de monitoramento ambiental em geral e mapeamento de áreas de risco para as companhias.
“Estamos lidando com questões sobre as quais não temos controle, com consequências em longo prazo, como o aumento do nível dos oceanos”, destacou, por sua vez, Miguel Feres, diretor de Recursos Humanos e Sustentabilidade da Faber-Castell.
O executivo falou também sobre o uso de IA nos projetos da empresa, com área dedicada de Inteligência Artificial e Business Intelligence, atuando diretamente nas ações de preservação e reflorestamento de espécies nativas em regiões de cultivo da companhia.
A indústria utiliza madeira 100% certificada e mantém em torno de 10.000 hectares de florestas próprias, das quais utiliza matéria-prima para fabricação de lápis, suprindo 86% de sua demanda de madeira.
Sobre o uso de tecnologia, a empresa mantém on-line diversos treinamentos, não só para os colaboradores, mas para familiares que queiram aprender mais sobre o tema.
O papel da comunicação
Em um mundo cada vez mais consciente da importância de práticas sustentáveis e responsáveis, as empresas passaram a olhar para os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) como um fator determinante para sua reputação e longevidade nos negócios. No entanto, esse diálogo não se restringe apenas às marcas, alcançando também os veículos de comunicação.
A mídia desempenha um papel crucial na conscientização e formação de opiniões na sociedade. Consequentemente, os veículos de comunicação têm uma grande responsabilidade em promover práticas sustentáveis, além de reportar sobre os impactos ambientais e socioeconômicos das empresas.
Nesse contexto, as empresas de comunicação estão buscando se alinhar aos critérios ESG, não apenas como uma forma de melhorar sua reputação, mas também para atender às demandas de um público cada vez mais consciente e engajado.
Durante o painel “Mudança que inspira: O impacto do diálogo ESG entre marcas e veículos de comunicação“, André Senador, CEO da Perennial Consultoria Comunicação Imagem e Reputação, Camila Almeida, diretora de Pessoas na Azul Linhas Aéreas, e Luciane Nogueira, gerente de Comunicação Corporativa da Rhodia Solvay, debateram o papel dos veículos de comunicação na disseminação das práticas ESG e na promoção da transparência e responsabilidade empresarial.
Ao longo dos anos, a imprensa sempre desempenhou um papel crucial na sociedade, atuando como o quarto poder e divulgando informações relevantes para a população. Com a ascensão do ESG como uma pauta cada vez mais urgente, o papel da imprensa também se transformou, assumindo a responsabilidade de disseminar conhecimento e promover a transparência nas questões relacionadas a esses princípios.
O ESG é uma abordagem corporativa que visa a integração de fatores ambientais, sociais e de governança nas estratégias de negócio, visando não apenas o lucro, mas também o impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Nesse contexto, a imprensa desempenha um papel chave ao informar, educar e engajar o público em relação às ações e iniciativas tomadas pelas empresas nesse sentido.
Um dos principais papéis da imprensa perante o ESG é o de informar e conscientizar a população sobre os desafios socioambientais enfrentados pela sociedade. “Ter a imprensa na parceria para divulgar e colaborar para que as informações e o conhecimento cheguem de maneira mais eficaz e rápida e levem para diferentes públicos faz com que a informação chegue de maneira assertiva”, afirma Camila Almeida.
Através de reportagens investigativas, entrevistas com especialistas e artigos de opinião, os veículos de comunicação têm a oportunidade de trazer à tona questões relevantes, como o desmatamento, as mudanças climáticas, a desigualdade social e a falta de diversidade nas empresas.
Diante da crescente preocupação com as pautas sociais e ambientais, os veículos de comunicação constroem ou destroem reputações. Na opinião de André Senador, “a imprensa desempenha um papel fundamental no cenário atual”, pois antes a credibilidade das empresas era determinada pelos seus investimentos e pela geração de empregos. No entanto, as demandas por um mundo cada vez mais empático nos aspectos sociais e ambientais geraram cobranças para o papel das organizações. “Isso fez com que o ESG se tornasse um fator relevante de investimento, exigindo que as empresas integrem suas estratégias aos pilares da inclusão, e a imprensa tem a credibilidade de divulgar a agenda positiva”, aponta Senador.
Além disso, a imprensa desempenha um papel crítico ao revelar práticas incoerentes com os princípios do ESG. Através de denúncias e investigações jornalísticas, é possível expor casos de empresas que alegam adotar medidas sustentáveis, mas na prática não as colocam em prática. Esse tipo de reportagem contribui para a construção de uma cultura de transparência e responsabilidade e, muitas vezes, desencadeia consequências reais, como boicotes de consumidores e investidores.
“A imprensa está interessada nas pautas de ESG, pois é uma vitrine para mostrar iniciativas e estratégias claras, porque a imprensa quer saber”, salienta Luciane.
Camila complementa que o consumo de muitos consumidores está pautado na agenda sustentável e a imprensa ajuda a divulgar boas práticas das companhias. “A imprensa ajuda a divulgar o que é verdadeiro, tendo atenção para não fomentar o greenwashing e reconhecendo o que ainda não é bom”, frisa a profissional da Azul.
Política de portas abertas para a imprensa
“Deve haver uma política de portas abertas para a imprensa permanente, pois essa é uma forma de dialogar com os stakeholders. A imprensa é parte disso, principalmente pela capacidade de multiplicar informações”, destaca André Senador.
Empresas que adotam uma política de portas abertas para a imprensa estão cientes da importância de fornecer informações claras e precisas sobre suas iniciativas relacionadas ao ESG. Essa transparência fortalece a credibilidade e a reputação, ao mesmo tempo em que gera confiança nos consumidores, investidores e demais stakeholders.
No mundo conectado e informado, as empresas sabem que não podem mais se esconder atrás de práticas duvidosas ou não sustentáveis. A política de portas abertas para a imprensa é uma demonstração clara de compromisso com a responsabilidade corporativa e uma oportunidade para que as empresas sejam transparentes sobre seus desafios e progressos em relação ao ESG. “A imprensa avalia o colchão de reputação e as narrativas das empresas para tornar a prática verdadeira, é uma rede que inclui stakeholders e o público”, avalia Luciane.
Palavra de alguns apoiadores:
“O Fórum ESG e Comunicação é uma plataforma valiosa para a troca de experiências e melhores práticas, incentivando a colaboração entre profissionais de RH e comunicação para que atuem cada vez
mais alinhados com os princípios ESG”, elogia Danielly Martin, gerente sênior de ESG para América Latina da Bayer.
“Além disso”, continua, “as discussões e insights compartilhados durante o evento criam uma rede de profissionais comprometidos com essa agenda e acabam se traduzindo em ações concretas nas empresas, acelerando a difusão do tema. Isso pode levar a uma mudança cultural mais ampla, em que o olhar para as questões ambientais, sociais e de governança se tornam parte intrínseca da cultura corporativa, beneficiando não apenas as organizações, mas a sociedade como um todo”.
Danielli complementa que, na Bayer, “somos guiados pela visão ‘saúde para todos, fome para ninguém’ e por isso estamos voltados para a agenda ESG de forma cada vez mais sólida e objetiva para um crescimento que seja
sustentável e responsável: de forma ética, com maior pluralidade de pessoas, equidade, e
redução de impactos ambientais”
Roberta Knijnik, gerente de Vendas e Marketing LatAm e líder da América Latina do WIN (Women at Intel Network), programa de empoderamento feminino e equidade de gênero da Intel, afirma que a empresa “incentiva todas as empresas a trabalharem para tornar o ESG uma prioridade global. Para nós, é fundamental estabelecer uma cultura que abrace simultaneamente a inclusão, a diversidade e a sustentabilidade, pois reconhecemos que esses elementos são interdependentes. Dentro da nossa empresa, a dimensão ESG é levada extremamente a sério”.
Para a Intel, “é fundamental enxergamos a tecnologia como um fator-chave para criar progresso para a sociedade e um mundo melhor. Portanto, é de extrema importância incentivar participações em fóruns com o intuito de promover um debate mais amplo e acessível, visando a disseminação de informações cruciais sobre as questões relacionadas ao ESG para um público que vai além dos diretores e líderes”.
A Intel sempre teve uma área de responsabilidade corporativa e de governança muito forte, com mais de 20 anos de atuação. Para se ter uma ideia, a empresa divulgou seu primeiro Relatório Ambiental, de Saúde e Segurança em 1994.
Para Luciane Nogueira, gerente e Comunicação da Rhodia/Solvay, “o ESG é um tema que está no topo das prioridades das empresas nacionais e internacionais que querem de fato contribuir para a evolução sustentada da sociedade. Portanto, a discussão das iniciativas em ESG, através de fóruns como o realizado pela Negócios da Comunicação, se torna mais relevante, na medida em que amplia a troca de experiências e conhecimento, permitindo o benchmark de ações e projetos com impacto positivo no desenvolvimento das organizações.
Tanto para os profissionais de comunicação e RH como para as diversas áreas das empresas e demais entidades, inserir o tema ESG de forma tão abrangente e com exemplos práticos é muito enriquecedor. Durante o Fórum, pudemos observar, aprender e refletir sobre as iniciativas ligadas à sustentabilidade, social e governança e seu impacto na sociedade perante todos os stakeholders. A troca de experiências é uma das formas mais efetivas de avançarmos em iniciativas que beneficiem os diversos públicos.
Há várias décadas, quando ainda nem se falava de ESG, a Rhodia, que pertence ao Grupo Solvay, “está engajada em projetos e iniciativas voltadas para os pilares do desenvolvimento sustentável”, complementa a gerente. “O Grupo busca criar valor compartilhado sustentável para todos, principalmente por meio de sua estratégia de ESG abrangida no programa Solvay One Planet, com metas a serem alcançadas até 2030”.
Para Renata Nascimento, gerente de Comunicação Interna e Eventos Corporativos da Volkswagen do Brasil, “a Volkswagen tem como propósito abrir caminhos rumo a uma mobilidade mais sustentável para todos, por este motivo, fazer parte do Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, abordando o tema Diversidade foi muito importante para a marca. Estar nesses encontros e tratar de temas como inclusão, diversidade e futuro da mobilidade fortalece o nosso propósito e abre espaço para o diálogo, impulsionando a transformação que queremos promover.
(com reportagem de Portal da Comunicação)
Assista ao 2° Fórum Melhor RH ESG e Comunicação nos links abaixo:
Primeiro dia (25/09): https://bit.ly/2ºFMRHESGDIA01MRH
Segundo dia (26/09): https://bit.ly/2ºFMRHESGDIA02MRH