EDUCAÇÃO | Edição 340
O que levar em conta na hora de implementar uma universidade corporativa na sua empresa
A educação corporativa pode não ser um assunto novo, porém, com a necessidade de reinvenção dos negócios em alta, revela-se uma oportunidade para ganhar em treinamento, eficiência e produtividade da equipe. Quem traz um exemplo é Carla Soutelinho, gerente de educação corporativa da mineradora Vale. Uma das responsáveis pela Valer, a universidade corporativa (UC) da companhia, Carla conta que há um bom tempo a empresa trabalha na capacitação de seus colaboradores, principalmente por atuar em áreas muitas vezes remotas e com ausência de funcionários bem qualificados. Ao longo do tempo, foram mapeados os perfis e competências precisos para ganho de produtividade, o que resultou na criação de uma estrutura de educação corporativa que atendesse a essas necessidades técnicas.
Porém, somente a implantação de uma universidade corporativa não reduz custos, como observa Fernanda Zardo, especialista em gestão corporativa da Vale. Para ela, são as escolhas tomadas na educação corporativa que irão colaborar com o aumento da eficiência do negócio. “Uma UC por si só pode sair muito cara, mas podemos ter estratégias pelas quais ela pode se tornar uma grande apoiadora da empresa na economia”, pontua. Nesse sentido, ela aponta que a tecnologia de ensino a distância pode ser uma aliada para levar esse conhecimento de modo viável, pois a criação de um espaço físico também gera custos. Por isso, aqui vão algumas dicas preparadas por Carla para quem pensa em criar uma universidade corporativa, mas não sabe por onde começar:
1. Questione-se
“Minha empresa precisa de uma universidade corporativa?” Essa é uma pergunta sobre a qual os executivos devem refletir antes de tudo. Sobre a necessidade, aderência e os benefícios de ter uma universidade corporativa, considerando a estratégia da empresa. “Geralmente, as UCs nascem no RH, dificilmente vêm de um pedido de um CEO e um executivo”, aponta. Para isso, o RH tem de conquistar a adesão da alta liderança, que deve estar engajada, e atuar como embaixadora da UC desde sua criação. Os líderes devem ser convidados, inclusive, a participar da definição da missão e visão da universidade corporativa.
2. Componha seu time e defina papéis e responsabilidades
Nesse momento, todas as competências são essenciais para o processo criativo. Por isso, é preciso estabelecer uma governança com comitês táticos e estratégicos e atribuir papéis e responsabilidades entre todas as áreas envolvidas. Não só o RH deve participar da criação da UC, mas também outras áreas como comunicação, TI, jurídico, etc. Além disso, a gerente explica que é essencial a adesão da alta liderança para que o projeto aconteça devidamente.
3. Defina seus beneficiados e estabeleça prioridades
O RH precisa entender qual é o contexto do negócio e quais são as prioridades da empresa. A partir daí, será possível definir qual será o escopo de atuação da universidade corporativa e que públicos serão atendidos: líderes? Especialistas? Técnicos? Quais serão os níveis hierárquicos, funções e processos contemplados? Na Valer, por exemplo, os cursos vão de soldador a engenheiro ferroviário, atendendo às demandas específicas da companhia. Por isso, Carla explica que o RH deve sair de sua zona de conforto e entender o seu negócio.
4. Escolha as soluções de educação mais adequadas
Com base nas competências mapeadas, priorizadas e acordadas com as unidades de negócio, parta para o desenho das soluções, usando diferentes recursos de ensino de adultos. Nesse momento, é possível definir o que pode ser construído dentro de casa, com instrutores internos, e o que é preciso buscar no mercado. Essa etapa também exige alinhamento com a estratégia da empresa, patrocínio da alta liderança, comunicação contínua, transparência e foco.
5. É preciso mensurar
Para comprovar a efetividade da universidade corporativa, é preciso medir seus resultados. Cada solução educacional pode ter até cinco tipos de avaliações diferentes, de acordo com o especialista Jack Phillips. O tipo mais elaborado é a avaliação de retorno sobre investimento (ROI), que deve ser aplicada em 5% a 10% das ações. Essa análise compara os benefícios financeiros da ação com seus custos de implementação.
6. Comunique!
Um fator-chave para o sucesso da sua universidade corporativa é manter um canal aberto com todos os públicos beneficiados. A alta liderança quer perceber resultados quantitativos, mas também precisa conhecer as histórias de transformação pelo aprendizado. Já os empregados se sentem valorizados quando veem divulgadas as histórias sobre o que aprenderam.
7. Não se dê por satisfeito
Uma universidade corporativa precisa estar constantemente atenta à evolução da empresa e dos empregados. Trocar experiências, analisar tendências e praticar a leitura de cenários e grupos são aspectos fundamentais que devem estar presentes no dia a dia da UC. Segundo Carla, a velha máxima também vale: trocar experiências com outras companhias é fundamental para abrir horizontes.