Nos momentos de instabilidade e incerteza, todos que lideram organizações e equipes se veem diante da vulnerabilidade. As crises aparecem e as pessoas tendem a esconder seus sentimentos por julgarem não serem adequados ao papel de um líder. Mas a verdade é que expressar sentimentos e sentir-se vulnerável é essencial para a gestão de pessoas, pois a verdadeira liderança é sobre cuidar de pessoas e estabelecer conexões humanas com elas. Nesse contexto, a vulnerabilidade pode contribuir para criar laços pessoais entre líderes e funcionários; e em tempos de crise, esse fator é ainda mais importante.
Diante de um cenário extremamente desafiador de pandemia, que gerou novos hábitos e uma nova rotina corporativa, o emocional das pessoas tem sido constantemente afetado. Além de um cenário externo preocupante, o trabalho tem tomado proporções maiores em suas vidas. Nesse caso, o papel do líder é ainda mais importante; e o vínculo emocional criado com o funcionário pode contribuir para estimular o senso de cooperação e pertencimento, além da produtividade e perseverança. Por isso, dentre as várias habilidades de um líder, neste artigo, o foco está em “como encarar a vulnerabilidade” para liderar de forma mais humana.
O líder precisa inspirar a partir do exemplo. Diante disso, cabe a ele entender as suas próprias emoções e ajudar a sua equipe a gerenciar também os seus sentimentos, reconhecendo a sua própria vulnerabilidade. Principalmente, quando as vidas pessoais e profissionais se conectam cada vez mais, como agora, com a mistura desses ambientes.
Segundo Brené Brown, professora, pesquisadora e autora do best-seller “A coragem de ser imperfeito”, quando falamos em padrões de comportamento e perfeição, é muito comum as mulheres serem cobradas pela aparência ou pela pressão da maternidade. Quando falamos nos homens, a “perfeição” está totalmente ligada à mensagem de não ser considerado “fraco”.
Muitas vezes, esses arquétipos tentam nos moldar em imagens preconcebidas, mas tirar o foco de conceitos generalizados como esses e conhecer a si mesmo, reconhecendo a sua própria vulnerabilidade, é mais do que necessário para alcançar bons resultados como líder.
Vulnerabilidade é ter coragem
O primeiro passo para encarar a vulnerabilidade – tão importante para sair do piloto automático e desenvolver novos projetos – é descontruir a ideia do imaginário perfeito. A sensação de nunca ser ou ter a resposta para tudo estimula a prática da comparação da nossa vida com esse modelo imaginário perfeito e intangível. Assim como Brené mostra no livro, demonstrar vulnerabilidade não é uma fraqueza, mas sim a melhor definição de coragem. Quando fugimos de emoções difíceis, como medo e decepção, nós nos fechamos para tantas outras como amor próprio, aceitação e, principalmente, criatividade – que é tão importante no ambiente de trabalho. O acontecimento da pandemia é um exemplo claro de como devemos trabalhar com os “imprevistos” para ter coragem e reconhecer os momentos em que nos sentimos mais vulneráveis.
Reconheça as suas emoções
Quem é líder precisa se autoconhecer; use o processo para entender a si próprio e suas emoções, para depois conseguir entender o momento de outras pessoas. Como líder, você não precisa ter as respostas sempre prontas. Na verdade, o intuito de estimular o autoconhecimento é fazer com que você saia de um ambiente conhecido e encare a vulnerabilidade como evolução contínua.
A partir do seu autodesenvolvimento, é muito mais fácil ampliar a troca nas relações com os seus funcionários e encorajá-los a se tornarem mais participativos, produtivos e, principalmente, criativos. Sem medo do erro, abertos para a troca e para a colaboração em suas mais variadas áreas de atuação. Uma liderança corajosa traz à tona grandes lições e experiências emocionais.
Preste atenção às emoções do outro
A vulnerabilidade tem tudo a ver com empatia. Apesar da vulnerabilidade ainda ser vista como um tabu, principalmente para a liderança, as pessoas que a entendem e a encaram estão um passo à frente no autodesenvolvimento e no desenvolvimento de relações mais empáticas. Quando entendemos que não existe uma linha de perfeição, conseguimos mais facilmente nos colocar no lugar do outro e respeitar seus desafios, métodos e ritmos de produção – além de potencializar os resultados daquela pessoa que se sente acolhida e respeitada em sua individualidade. Não é um processo fácil, mas exige constância e autoanálise, sem pré-julgamentos.
Humanize as relações
Para se conectar com as pessoas e entender suas emoções, é preciso prestar atenção nelas, entender os sentimentos, não julgar o momento ou situação, e enxergar os aprendizados por meio daquela vivência. Compartilhar valores com a sua equipe é essencial para construir vínculos de confiança e para cultivar uma cultura de pertencimento.
O poder da vulnerabilidade
Dentro das lições para reconhecer a vulnerabilidade, é importante retirar aos poucos os pensamentos e os comportamentos que criam “barreiras de proteção”. É preciso perceber e viver novos valores, desafiar a sua própria confiança e estar aberto para aprender e crescer a cada dia. Estamos em constante evolução, independentemente do cargo que ocupamos; trabalhar essa questão é importante para continuar desenvolvendo as equipes e a cultura organizacional.