Existe uma espécie rara de palmeira que, apenas uma vez na vida, floresce em toda a sua exuberância, e depois morre. Alguém pode estranhar e questionar por que tanto esforço para deixar de viver tão brevemente. O paisagista Roberto Burle Marx, sobre isso, respondeu certa vez: é para você poder ver.
A cada início de ano, parece que esperamos que a palmeira nos ofereça momentos mágicos, antes que se vá. Esquecemos que o importante são os impactos do fenômeno que ficam em nós. Daí, a necessidade de sempre plantar outras e outras. E nós, profissionais de RH, somos plantadores dessa palmeira.
A passagem do tempo é assim. Em 2009, tínhamos maus presságios. Os horizontes eram curtos, com mais ameaças que benefícios. Foi um período de restrições. Iniciamos 2010 com algum alívio, mas com otimismo contido. As pessoas que trabalham em e com RH vivem essa dinâmica das florações e transições com muita intensidade. Perguntem aos executivos se o que desejavam em 2009 é o mesmo para este ano. Claro que não. Perguntem, agora, aos profissionais da área, como fazer para ajustar valores, competências e cultura organizacional a tamanha turbulência. Perplexidade
e insegurança.
Nada é permanente. Se quisermos estar à frente dos acontecimentos, precisamos ser profissionais do novo. Essa é a proposta do CONARH 2010: saber que o novo já existe, extrair suas lições e praticá-las. Conviver objetivamente com ele é competência superior à mudança ou inovação.
Acostumamo-nos a trabalhar com estratégias, resultados, processos e outras tantas ferramentas. Somos avaliados pela performance. RH tem sido avaliado mais como função reativa e menos como propositiva. Mas como podemos propor se não nos anteciparmos na definição das necessidades do novo e assumirmos um protagonismo influenciador? Aí está o ponto: saber olhar, deixar sentir, ajustar o pensar e liberar o agir. A metáfora da janela tem esse sentido: é a partir da luz e do ar que entram por ela que visualizamos o cenário e transformamos o ambiente.
O novo acontece em ciclos, não é linear. Começa com a descoberta da necessidade, seus propósitos e consequências. São os cenários, as formas organizacionais, o perfil do profissional, a gestão das pessoas. Uma vez percebido, é preciso atrair o talento das pessoas ou das organizações, mostrando significado e provendo aprendizagem. Logo após, alinhar, ajustando as defasagens em modelos mentais, educação ou produtividade. Daí, realizar com excelência e energia, o que exige alta performance e recompensa. Avançar é a última fase desse ciclo, com visão de futuro e administração da transição, possibilitando a descoberta de um novo ciclo.
O CONARH 2010 levará os participantes a pensar em práticas profissionais objetivas em gestão de pessoas e incentivará que incorporem (e proponham às suas organizações) a dinâmica do novo, como protagonistas de uma época e responsáveis por dar sentido e valor ao esforço humano, nivelando relações entre pessoas, acionistas, cadeia produtiva, sociedade e, principalmente, este planeta tão ameaçado. Até o próximo ciclo.
* Luiz Augusto Costa Leite é coordenador do comitê de criação do CONARH 2010