Marcos Nasimento é partner na Manstrategy Consulting / Crédito:Divulgação |
Incerteza é uma palavra de origem no latim com alguma influência francesa e que significa “…qualidade daquilo que incita dúvidas; hesitação; imprecisão…”. E ela tem adjetivado o momento em que estamos, seja sob o prisma social, político ou econômico e que, juntos, impactam as organizações nos mais variados campos de atuação.
Contudo, confesso que tenho certo desconforto com o que julgo ser um exagero e até mesmo certa “glamourização” dessa questão. Sob o ponto de vista da estratégia não há temas novos que estão assolando as instâncias decisórias das organizações. O que estamos vivendo é uma diferença de intensidade de questões outrora já debatidas.
Se estratégia é, de acordo com o léxico, “…um plano detalhado para alcançar um objetivo específico…”, haverá sempre a análise do contexto e dos imperativos relacionados a pessoas, processos, mercado, fatores políticos e econômicos. Ou seja, não deveríamos estar fazendo nada diferente para enfrentar a “incerteza” da atual conjuntura. Mas vamos com cuidado com essa afirmação. Antes de “escrevê-la em pedra”, façamos uma pergunta fundamental: temos feito o trabalho de casa? Temos de fato considerado as variáveis acima (pessoas, contexto real de negócios, economia) em nossas construções de planos estratégicos?
A nossa experiência diz que há certa distância entre o falar e o fazer. Temos vivenciado discussões de como a área de RH pode ajudar a organização em momentos de recessão (gestão de T&D, retenção, turnover, job rotation, etc.) e o papel das lideranças nesse cenário de incertezas. Acontece que não deveríamos estar preocupados em começar a discutir essas questões; deveríamos estar preocupados em ajustar uma estratégia já existente e o modelo de gestão vigente (pessoas, processos, negócios), pois, em teoria, essa discussão deveria estar na agenda da liderança de forma constante. Agora, se essa discussão é nova nas agendas decisórias, significa que algo não foi feito no tempo correto. E claro que isso resvala no papel da liderança, pois não é um tema “só” de RH.
Por outro lado, existem boas práticas neste cenário e os líderes que cuidam bem dessas dimensões têm certas características comuns: comunicam-se de forma clara, ouvem e incorporam novas perspectivas; refletem sobre o que acontece para dar significado e ganhar o entendimento das situações; tomam decisões éticas que incorporam responsabilidades para si mesmos e não têm “vaidades” em ser ora líder, ora seguidor.
Você consegue sentir a presença dessas características na liderança de sua organização? Sim? Então, seguramente, os temas que sustentam as incertezas de nosso contexto estão sendo realizados por você. Se você tem feito o que realmente precisa ser feito, o momento “apenas” irá requerer de você o fazer mais e melhor suas boas práticas de gestão!