Os CEOs não são como os mortais gerentes. A frase de Roberto Santos, sócio-diretor da consultoria Ateliê RH, revela um traço marcante nos principais líderes de uma empresa. Não que eles sejam super-heróis, mas mais ambiciosos, competitivos e confiantes do que qualquer outro profissional. “Eles são focados em obter resultados e, obviamente, gostam de estar no poder, de ter status e de estar no topo. Mais do que qualquer um de nós, os CEOs são completamente voltados ao trabalho e são mais sérios do que divertidos. Eles são, praticamente, a representação da palavra foco”, complementa Santos.
Mas será que, apesar disso, esses profissionais apresentam diferenças entre si? Para responder a essa questão, a divisão de pesquisa da Hogan Assessments elaborou um estudo que mostra as principais diferenças entre esses CEOs e os demais mortais que não ocupam esse cargo. A pesquisa foi realizada na Nova Zelândia, com base em três dimensões: o “lado luz” da personalidade, ou seja, aquilo que se evidencia no comportamento cotidiano desses executivos; seus valores; e o “lado negro”, quando suas características mais brilhantes tornam-se seus piores defeitos. Confira duas grandes características desses profissionais:
Estabilidade emocional
Em geral, os CEOs são pessoas estáveis, maduras, competitivas, socialmente competentes, voltadas a resultados, um pouco mais criativas e muito mais conscientes do momento em que se encontram do que qualquer outro profissional. A partir de uma perspectiva evolucionária, isso faz muito sentido: CEOs são pessoas que têm um enorme senso do cenário político, quem devem conquistar e quem não pode ser derrubado tão facilmente.
Voltados a novidades
Os valores dos CEOs também mostram uma mistura entre estabilidade e mudança. Esses executivos são mais conservadores que a maioria das pessoas – respeitam a hierarquia e a tradição, mas, ao mesmo tempo, são voltados a novidades e inovações.
AS “SUBTRIBOS” DE CEOS
O estudo também classifica algumas “subtribos” dos CEOs, ou seja, grupos de executivos que se assemelham por suas características:
> Os Alfas
Os CEOs alfas são caracterizados por um alto nível de energia e ambição e são o grupo mais dinâmico. Eles têm as características clássicas de um líder – são interessados em resultados, status, hierarquia e pelas atividades comerciais de base da empresa. Esse tipo de CEO também é bastante criativo e inclinado a assumir riscos. Esse grupo também possui características peculiares que fazem com que sejam pessoas que gostam de conversar com a equipe, são inspiradoras e hábeis na formação de alianças.
> Os “Cérebros”
A principal característica desses líderes é sua inteligência acima da média. Se os alfas tiveram uma grande contribuição do seu carisma e foco para chegar à liderança, os “cérebros” chegaram lá por serem mais espertos e por serem especialistas em seu campo. Confiantes e bem comportados, são menos interessados em poder e posição que os alfas e mais atraídos por questões técnicas e comerciais. São bem analíticos e focados. Algumas pessoas tendem a ter a imagem de que esses líderes são tecnocratas.
> Os Pragmáticos
Esses CEOs costumam ser práticos, bastante realistas em suas visões, e até um pouco duros. São menos sociáveis e mais reservados, e são pouco suscetíveis aos sentimentos das outras pessoas, a hesitações ou a indefinição quanto a inumeras possibilidades. Eles não costumam ficar paralisados sem conseguir tomar uma decisão, mas também não escolhem um caminho a seguir de forma precipitada. São sensíveis e não gostam de se arriscar. Não são carismáticos como os alfas e podem ser considerados pessoas difíceis.
OS DESCARRILADORES
O estudo também levou a determinar os principais fatores que podem atrapalhar a carreira de um CEO. De maneira geral, a pesquisa identificou dois comportamentos que tiram esses executivos dos trilhos do sucesso:
> Arrogância
“Aqueles cujo perfil se destaca pela arrogância são – acredite – muito carismáticos, chamados de ´líderes natos´ por algumas pessoas, e têm muita energia para o trabalho”, afirma Roberto Santos, da Ateliê RH. Entretanto, em situações em que se sentem ameaçados, revelam seu pior lado: esperam admiração e sucesso em tudo o que fazem. Se suas expectativas não são alcançadas explodem em reações narcisistas. “O excesso de autoconfiança conduz essas pessoas à recusa em aceitar seus fracassos e erros, tornando difícil o aprendizado, além de sobrar culpa para quem estiver por perto.”
Ainda que esses CEOs atraiam muitas pessoas – afinal, gostam de testar limites e aceitar riscos -, por outro lado, o time tende, com o tempo, a se cansar deles. Esses executivos têm dificuldade em gerenciar o seu tempo, constantemente sobrecarregam seu staff e tomam atalhos.
> Melodrama
Os melodramáticos são egocêntricos e possuem um talento nato para chamar a atenção sobre si mesmos. Eles têm um bom perfil para carreiras que pedem uma intensa exposição pública, com talento para a dramaturgia aplicada. “Entretanto, esses profissionais também são péssimos ouvintes, impulsivos e imprevisíveis; como gestores acabam não dando espaço para seu pessoal brilhar, pois os holofotes precisam ter apenas um foco – sua grandiosidade”, diz Santos.
Como CEOs, esses profissionais tendem a ser bastante carismáticos e gostam de ser o centro das atenções. No viés negativo, são descritos como péssimos gestores de pessoas, por exercerem grande pressão sobre a equipe.