Dorival Donadão é consultor em gestão e desenvolvimento humano / Crédito: Divulgação |
Na edição anterior, descrevemos os movimentos globais que elevam a estética e a arte a um patamar mercadológico nunca antes alcançado. Esse movimento não dá sinais de arrefecimento, ao contrário: a cada temporada da moda, ciclo de lançamentos das operadoras de telefonia ou estágios de entrada dos novos modelos automobilísticos, o fenômeno se repete.
Há, na verdade, um moto-contínuo de inovação estética e, mais do que isso, a incorporação do bom gosto, do refinamento e do branding a cada novo projeto de qualquer produto ou serviço, nas mais diferentes áreas industriais, de manufatura ou até nas chamadas commodities agrícolas (café, por exemplo).
Fizemos uma saudável provocação, no sentido de avaliar a nossa adaptação, como gestores e profissionais de recursos humanos, a esse irreversível caminho de convivência com a arte e todas as suas manifestações. Por uma feliz coincidência, aconteceu recentemente em São Paulo a 41ª edição do CONARH com o tema-âncora A arte da gestão de pessoas – desafios, incertezas e complexidade.
A intenção do comitê de criação desse evento, mesmo antes de saber algo sobre o livro A estetização do mundo (citado no artigo anterior), foi exatamente a de colocar para reflexão e debate a necessidade de reinventar as práticas de RH, sob uma ótica inspiradora, inventiva e vanguardista. Tudo, enfim, o que significa a essência da arte.
O resultado não poderia ter sido melhor. Encontramos forte respaldo a essa intenção nos mais diversos campos de atividade. Na pintura, música, cinema, televisão, teatro e literatura, show business. E até na gastronomia buscamos a conexão do profissionalismo de um chef de cozinha com a educação criativa e a originalidade inventiva. Um conjunto harmônico de fatores e tendências que reforçam o elo já existente entre a revolução estética das indústrias e dos mercados, com o nosso papel de líderes do desenvolvimento humano e organizacional.
“Não existe o saber mais e o saber menos. Existe o saber diferente”, já disse o educador Paulo Freire. É esse saber diferente que procuramos ilustrar com o uso de exemplos extraídos dos diversos canais de expressão da arte. O uso de games, por exemplo, é um desses recursos inovadores de aprendizagem e que, no CONARH, teve o desafio de envolver mais de três mil pessoas num momento lúdico e, ao mesmo tempo, surpreendente pelo poder de atração e envolvimento.
Bem-vindos, então, a esse admirável mundo novo, onde a angústia e o estresse causados pelas dificuldades econômicas, sociais e políticas encontram um poderoso lenitivo na capacidade de renovação da humanidade e nos múltiplos caminhos de evolução do nosso potencial de sensibilidade no uso da arte e da estética como recursos de gestão de pessoas e de organizações.