Marcos Nasimento é partner na Manstrategy Consulting / Crédito: Divulgação |
Dia desses, comecei a assistir a um filme que me deixou muito interessado com as ideias apresentadas. Passei imediatamente a escrever algo que pudesse levar para minhas discussões com nossos clientes. Tratava-se do filme O líder da classe, que conta a história de um professor americano de nome Brad Cohen. Pesquisei um pouco mais e realmente o filme retratava com muita propriedade as agruras vividas por Brad na vida real: a de alguém excluído pela sociedade, que sofreu muito não só em sua infância, mas também para se colocar como um profissional e que, apesar de tudo contra, consegue vencer.
Brad tem a síndrome de Tourette, um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por muito tempo e geralmente se instalam na infância. Então, como alguém pode optar por ser um professor de classes infantis, um exemplo para a formação de pequeninos, mesmo tendo uma síndrome dessas e ainda assim não os contaminar com nada ruim? Aliás, ao contrário: ser amado, respeitado e admirado? Isso tem a ver com inclusão em duas dimensões: ter espaço para ser incluído; e ter a vontade de se incluir.
Gosto do exemplo de Brad e de sua trajetória de sucesso (além de sua paixão por ensinar, hoje ele mantém uma fundação que leva seu nome e que busca ajudar crianças com a mesma síndrome), pois me faz pensar na hipocrisia organizacional que existe em muitas situações em que o tema da inclusão é discutido. A questão aqui é que falamos de inclusão muito mais por questões das ditas “necessidades especiais” e de cumprimento de metas legais. E isso inclui etnia, opção sexual, e por aí vai. Mas, e a inclusão de formas de pensar, formas diferentes de fazer, formas de decidir?
Ser diferente, em muitas situações corporativas, significa ser imediatamente excluído. E a exclusão, aqui, pode chegar às vias de fato, ou seja, o rompimento da relação profissional. A provocação é: damos espaço para os que pensam diferente de nós? As organizações onde estamos inseridos “somente” cumprem as metas legalistas de inclusão ou, de fato, estão abertas para as diferenças? Verdadeiramente queremos dar espaço para os diferentes (no pensar, no decidir) ou isso ainda incomoda e nos coloca em posição de insegurança, pois não sabemos como lidar com o pensar diferente do nosso?
Inclusão, de verdade, passa por questões muito maiores do que as que “vemos” em pessoas com alguma necessidade especial! Aliás, o que mais vejo são organizações (e não pessoas) com necessidades especiais. Empresas com necessidades de se abrir ao que não conhecem, sem receios ou inseguranças. Organizações que, de verdade, atuem na inclusão dos diferentes. Mas lembremos: organizações são feitas por você e eu! No final do dia, a pergunta é para mim e para você: estamos dando espaço para os diferentes de nós? O que precisamos é refletir sempre: em nossas organizações, somos mais jogadores ou “julgadores” do que não conhecemos…ou não cremos? A inclusão, caro leitor, começa de fato por mim e por você!