O ano de 2016 tem sido especial para a International Coach Federation (ICF). O período marca duas décadas da instituição em pesquisa educacional e network de coaches e a estreia de um brasileiro entre os seus nove conselheiros globais.
O eleito é José Augusto Figueiredo, presidente no Brasil e vice-presidente executivo para América Latina da Lee Hecht Harrison (LHH), multinacional americana especializada em desenvolvimento de líderes. Ele disputou a vaga com outros 20 candidatos e enfrentou na fase final dois americanos e dois europeus.
Sediada em Lexington, nos Estados Unidos, a ICF tem em seu conselho membros de vários locais como Índia, Coréia, EUA e Inglaterra, e o papel da equipe é deliberar sobre a governança da instituição, fiscalizando a administração, traçando e implementando as estratégias de gestão.
“Trata-se de uma equipe multicultural, o que enriquece a visão global da entidade que tem em sua essência a qualificação do profissional que atua no setor e de entidades e instituições de ensino que formam essa mão de obra. Não existe espaço para coaching para executivos de baixa performance, por isso, a ICF é rigorosa no credenciamento de pessoas e escolas de coach, combatendo a formação de baixa qualidade que, infelizmente, ainda encontramos no mercado”, esclarece.
Na entrevista a seguir, ele fala sobre o crescimento do coaching no Brasil e como essa prática pode ajudar as companhias.
1 – Qual o panorama do coaching hoje no Brasil? É uma prática muito disseminada, vista por muitos como uma panaceia. Isso compromete o coaching de alguma forma?
Os números do coaching no Brasil cresceram bastante nos últimos 3 anos. O número de membros da ICF quintuplicaram, o número de escolas de coaching triplicaram e acreditamos que os consumidores de coaching acompanharam essa batida. Num contexto de alta complexidade, incertezas e mudanças velozes, as pessoas recorrem ao coaching para superar desafios, aumentar eficiência e principalmente desenvolver seu estilo de liderança, ou seja sua influência no meio em que atua. O coaching é mais indicado nas questões comportamentais que são balizadas por crenças e emoções . Não pode ser uma panaceia! No entanto, toda vez que experienciamos uma demanda muito maior que a oferta, infelizmente essa oferta vem com baixa qualidade. A principal missão da ICF é garantir a consistência e qualidade dos coaches por ela credenciados. Nos EUA e Europa existem cerca de 40 coaches para cada 1 milhão de habitantes. No Brasil esse número está em cerca de 5 coaches para cada 1 milhão de habitantes. Temos muito potencial de crescimento e queremos isso com qualidade.
2 – Em tempos de crise como este, de que maneira o coaching pode ajudar as empresas e seus colaboradores?
Eu sempre digo que o coaching transforma todo o potencial que carregamos em verdadeira performance! Na época que eu estudei engenharia falávamos em energia potencial transformada em energia cinética, ou seja, ação, movimento e entrega! Em tempos de crise isso faz total sentido, pois é nesse momento que precisamos, e somos levados a sair da zona de conforto. As empresas e seus líderes estão investindo no coaching para depurar, sofisticar e desenvolver lideranças com vistas a mais performance (fazer mais com menos), a constante inovação e busca de respostas inéditas para os novos desafios. Todas essas questões vem com muita pressão, embebidas de resistências e muita ambiguidade. Ter um Coach para desafiá-lo ou simplesmente para inspirá-lo a ver diferentes perspectivas, tem produzido resultados significativos na vida de nossos líderes. Nos últimos 2 anos o número de CEOs participando de programas de coaching aumentou bastante.
3 – Quais os cuidados na hora de buscar um coach?
Verificar se o coach tem uma formação em uma escola de Coach com reputação comprovada. Se o coach é membro do ICF significa que ele tem no mínimo 60 horas de formação, o que já é um bom começo. Todavia o ideal é que ele seja credenciado pelo ICF. O que significa que além de cursos, ele tem horas de entrega de coaching comprovada e passou por um rigoroso teste de qualificação. Outro ponto fundamental é checar referências, ou seja, pedir ao potencial Coach que indique 3 ex-clientes com quem ele trabalhou. Dessa forma, o contratante saberá se a senioridade, experiência e efetividade são adequados aos seus planos.