Gestão

O de sempre, mas nem sempre

de André Ortega em 11 de maio de 2016

ABRE ASPAS | Edição 342

Momentos como o que vivemos geram oportunidades de mudanças na metodologia de trabalho

André Ortega é coordenador de Processos da SML Brasil / Crédito: Divulgação

No início do século 20, Henry Ford e Frederick Taylor consolidaram um modelo tradicional de empresa baseado, principalmente, na especialização dos trabalhadores e na divisão do trabalho de forma hierarquizada, no qual cada área de negócio tem a responsabilidade de realizar atividades específicas e entregar uma parte da solicitação contratada pelo cliente. Esse modelo tem sido utilizado há quase um século e se mostrava bastante aderente. Contudo, ultimamente tenho notado um descolamento devido ao cenário mundial e brasileiro, que é agravado pelo momento político e econômico que vivemos.

Uma quantidade maior de opções de produtos e serviços está disponível ao cliente, gerando uma crescente demanda de diversificação e exigência por qualidade. Empresas têm sentido a necessidade de se reinventar, buscando uma adequação a esse novo paradigma para se manterem competitivas no mercado.

Associada a esse quadro está a confiança dos clientes. No final do ano passado, o índice de confiança do consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou quedas constantes e chegou à menor taxa desde o início do indicador. Recuperar esse número significa concentrar esforços no atendimento ao cliente, desconstruindo o modelo de empresas tradicionais – que possuem características muito próprias, como uma estruturação hierárquica rígida e engessada –, o que pode ocasionar lentidão e desperdício de recursos.

Nesse contexto, a gestão por processos (BPM, do inglês Business Process Management) entra em cena, inovando as tratativas empresariais no que diz respeito à metodologia de trabalho: o trabalho em equipe é extremamente valorizado, há uma colaboração entre as pessoas e uma busca por melhoria. Essa estrutura apresenta aos colaboradores clareza para entender suas atividades e possibilita apresentar a eles os resultados gerados, pois exibe como o trabalho é realizado e como é feita a entrega de informações de uma unidade da empresa para a outra.

Gestão por processos é um assunto relativamente novo se comparado com as abordagens tradicionais. Em 2006, Steve Towers, fundador do Business Process Group, e Terry Schurter, especialista nos temas ligados à gestão dos processos de negócios, definiram esse modelo de gestão como um modo de operar negócios que permitem exceder os resultados tradicionais, o que vem ao encontro das necessidades atuais.

O ano de 2015 se mostrou difícil para as empresas brasileiras, com inflação oficial em 10,67% e retração no faturamento e na produção industrial. Certamente, os próximos anos serão de recuperação e com indicadores desfavoráveis, mas sou adepto da ideia de que crises – por mais difíceis que sejam – são ótimas aliadas para reinvenção, propiciando ao empreendedor, aos empresários e à sociedade em geral o ato de se transformar. Até mesmo porque não adianta almejarmos resultados diferentes realizando nossas atividades da mesma maneira sempre!

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