Quando o assunto é gestão de questões trabalhistas, as empresas esbarram em uma enorme dificuldade: chegar a um bom termo com o empregado. Muitas das tentativas de acordo são frustradas e acabam na Justiça. Isso, claro, pode ser evitado se houver a figura de um negociador profissional na empresa.
À primeira impressão, o ato de negociar parece simples, uma vez que é uma atividade cotidiana das pessoas. Mas esse tipo de negociação requer um profissional capacitado com técnicas eficientes e específicas que levem às partes a refletirem sobre o quão sensatas são as exigências que estão sendo feita
“É essencial que a empresa tenha um profissional que saiba se portar e conduzir situações espinhosas para chegar a um acordo trabalhista vantajoso. Só assim as empresas vão conseguir economizar com essa demanda que é, geralmente, muito alta e acaba consumindo boa parte do orçamento”, afirma.
O negociador pode ser algum profissional que pertença ao corpo de RH da empresa ou algum contratado para este fim. Ao conduzir a tentativa de acordo, ele age dentro das condições de imparcialidade. A ideia é que o empregado saia satisfeito e que a negociação não deixe margem para insatisfação e posterior judicialização. Apesar de ser um benefício para a empresa, a figura do negociador é de extrema importância para o empregado também, pois vai levar para uma situação que poderia ser de conflito e estresse, um ambiente equilibrado, apaziguador e justo.
Depois da reforma trabalhista, o acordo feito entre empregado e empregador na empresa pode ser homologado na Justiça. Isso traz mais segurança jurídica para as negociações e contribui para a redução significativa das ações trabalhistas.
Para o especialista Rogério Neiva, celebrar acordos judiciais para homologação no Judiciário, o que proporciona segurança jurídica, é uma forma de gestão de passivos trabalhistas pelas empresas, inclusive de maneira preventiva.
Técnicas
São varias as técnicas utilizadas. Uma ação fora do script pode ruir uma negociação pacífica. A rescisão de um contrato de trabalho por si só já é uma situação de pressão e estresse. O trabalho do negociador já começa ao ouvir o lado do empregador, entender as necessidades e tentar achar o melhor caminho.
O negociador também pode sentir o nível de tensão de cada tentativa de acordo e a partir daí aplicar técnicas para tentar amenizar o momento. A começar da luz que é usada na reunião até a cadeira e mesa que serão utilizadas.
No momento da conciliação, caso o clima esquente, o negociador está preparado para contornar. Ele está ali para conter os ânimos e tentar achar o melhor caminho.
Rogério Neiva alerta ainda para um fenômeno que ocorre frequentemente em negociações: a ancoragem. Ele explica que isso ocorre quando uma das partes leva em conta parâmetros que não são necessariamente adequados.
“Imagine que o empregado coloca na cabeça que quer no mínimo dois mil reais para resolver a situação, pelo fato de que este é o valor de um bem que pretende adquirir. Tal valor, portanto, não tem qualquer relação com a realidade da situação jurídica ou com o valor devido pelo empregador”, afirma.
Para tentar resolver o problema, o especialista aconselha a fazer o denominado Teste de Realidade. Segundo ele, a técnica consiste em fazer com que a pessoa avalie de forma racional, qual a chance de que o possível e eventual processo judicial resulte naquilo que se espera.
“O Teste de Realidade deve ser feito com cuidado. Jamais pode consistir em uma forma de mostrar para a outra pessoa que ela está errada e que nós estamos corretos. O objetivo deve ser provocar reflexões e avaliações sensatas”, afirma.