É indiscutível que nós vivemos em uma cultura predominantemente patriarcal. Na prática, isso significa que os homens estão majoritariamente à frente de organizações, instituições religiosas, educacionais, empresas e política. E, como estão no comando, eles definem as leis, regras, as melhores formas de funcionamento, segundo o que é mais familiar para eles.
Dois aspectos muito importantes nessa construção são os valores e qualidades adotados e valorizados. Podemos dizer que existem valores e qualidades do feminino e do masculino, que não são necessariamente do homem e da mulher. Ambas podem estar presentes nos dois sexos. As qualidades do masculino estão relacionadas à competição, raciocínio lógico, objetividade, e a um comportamento voltado para atingir metas e objetivos. É um pensamento mais “direto ao ponto”. São essas qualidades que foram levadas para dentro das organizações e que impactam o clima e a construção dos resultados alcançados pelo time.
Essas qualidades do masculino são importantes para homens, mulheres e ambientes corporativos. Acontece que, se
elas predominam, o ambiente fica muito árido, duro e exigente.
Atualmente, as empresas definem estratégias para aumentar o número de mulheres em cargos de gestão, o que contribuirá com a diversidade do time no futuro.
Um grupo diverso não é necessariamente inclusivo. Para isso acontecer realmente a cultura da empresa e as próprias
mulheres precisam se identificar, se apropriar e expressar as qualidades do feminino nas organizações em que atuam. Algumas das características positivas são: abrir espaço para a intuição, incluir a emoção, afeto e sentimentos no nosso dia a dia, buscar atingir metas de forma mais colaborativa, encontrar propósito e significado no trabalho. Dar e receber empatia em momentos críticos, valorizar as relações humanas na construção de um ambiente mais sustentável são formas de construir uma vida mais navegável e também são importantes para sermos mais inclusivos.
As mulheres inseridas no mercado de trabalho acabaram adotando mais as qualidades do masculino. Isso parece óbvio, se a profissional está em um determinado ambiente que valoriza alguns aspectos em detrimento do outro. Parece ser mais fácil assumir o que é melhor reconhecido nesse ambiente para que possa se adaptar e crescer com mais facilidade.
Um exemplo é o da Laís, gerente de call center de uma multinacional, que conquistou o melhor resultado de pesquisa de clima da diretoria por três anos consecutivos. Em uma reunião sobre o tema do prêmio um dos gerentes de divisão disse: “O resultado da sua área é bom porque você é muito maternal”. Outros ainda comentaram: “Você deveria ser mais ‘durona”.
Laís disse que o lado maternal dela estava voltado para o cuidar, conversar, entender o ponto de vista do funcionário e assim, contribuir com o seu desenvolvimento. As pessoas próximas sabiam o quanto ela é exigente, transparente, honesta e focada em resultados. Tanto que os indicadores de satisfação dos clientes são melhores a cada ano nas pesquisas.
Inicialmente, Laís teve muitas dúvidas e inquietações sobre se a maneira como ela se comportava com a equipe era a mais adequada, mesmo diante de resultados tão animadores. Você se identificou ou já presenciou situações como esta? Então, cenas como essa nos mostram que o verdadeiro empoderamento feminino acontece quando as mulheres identificam e valorizam suas próprias qualidades e as expressam no seu dia de trabalho.
Pensando nisso, a Duomo Educação Corporativa criou o projeto Inteiras para Mulherar o Mundo, que teve início na Renault do Brasil e hoje está presente em outras organizações. O termo “inteiras” é usado porque mulheres e homens precisam integrar as qualidades do feminino e masculino para inteirarem- se. “Mulherar” está relacionado à necessidade de incorporarmos essas qualidades do feminino no dia a dia. A proposta do programa é fazer uma jornada de autoconhecimento e fortalecer as mulheres focando nas características positivas do feminino. Isso auxilia no desenvolvimento de uma autoconfiança autêntica e contribuí com a geração de um clima melhor e aumento dos resultados organizacionais. O feminino é a mudança que queremos ver no mundo.