Por Mirian Coden, sócia-fundadora da Nortus
Existe uma lacuna entre conhecer e fazer o que realmente precisa ser feito. É preciso tangibilizar capacidades para desenvolver profissionais cada vez mais competentes
Sabe aquelas tarefas do dia a dia que parecem ser simples? Aquelas que basta alguém com algum conhecimento se dedicar a realizá-las que com certeza serão entregue a contento, mas que, inexplicavelmente, não acontecem?
Estamos em meio a uma grande rede de informações, e muitas delas vêm empacotadas como sendo as mais eficazes soluções; aquilo que a sua equipe, você e a sua empresa com certeza precisam. Olhamos para todo este menu de possibilidades e ficamos encantados com tanta coisa nova e aparentemente útil.
Olhamos para o nosso contexto interno na equipe e na empresa, analisamos um pouco e elegemos a solução que nos será mais adequada. Investimos financeiramente, investimos tempo e investimos um pouco das nossas vidas e das vidas dos nossos liderados e estimulamos todos a estarem inspirados para mais uma empreitada de capacitações e desenvolvimento. Afinal de contas, a empresa precisa disso, e os profissionais também.
Fazemos treinamentos, somos guiados por consultorias, criamos novos conhecimentos individuais e coletivos, ficamos com a sensação de que agora vai — mas não vai. Não vai como precisaríamos que fosse. Não acontece a fluidez que precisaríamos que acontecesse. Impedimentos permanecem. Os resultados não acontecem como o esperado. Nos movimentamos um pouco, mas parece que nunca o suficiente.
O que acontece? Por que investimos e investimos e continuamos investindo, mas algumas coisas parecem que não andam? Vamos trocar uma ideia sobre isso.
Quando estamos diante de informações novas, estamos olhando para elas por meio de toda a nossa bagagem de conhecimentos já adquiridos, e cada um de nós possui uma bagagem diferente.
A primeira coisa que acontece é que uma informação só se transformará em conhecimento se a pessoa fizer operações mentais com ela, ou seja, se a pessoa considerá-la, pensar com ela, verificar como a informação serve (ou não), em que contextos poderia ser usada e tantas outras operações que fazemos enquanto realmente pensamos.
Se não fizermos operações mentais, não há conhecimento desenvolvido, e se não há conhecimento desenvolvido, não haverá capacidade abstrata desenvolvida. Aqui está a primeira lacuna que nos distancia de fazermos o que realmente precisa ser feito.
E não paramos por aí! A jornada precisa seguir ainda mais até podermos dizer que somos competentes.
Depois da capacidade abstrata desenvolvida, que é a condição mental sobre algo, precisamos aproveitar o momento para tornar esta capacidade mais tangível. Para que não coloquemos em risco uma operação importante na empresa — e todas são — é preciso fazer simulações. É hora de tornar o abstrato mais palpável. É hora de sair do saber e começar a se preparar para saber fazer. Nada melhor que boas simulações para gerarem pensamentos mais complexos e conexões neurais diferentes e para que possamos tratar uma situação de forma mais efetiva.
Concluímos, até aqui, que precisamos incluir informações e fazer operações mentais com elas para que adquiramos novos conhecimentos. Logo, novas capacidades abstratas. Também precisamos pegar estas capacidades abstratas e fazer simulações para que possamos dizer que agora temos a capacidade tangível para realizar algo.
O próximo passo é aplicar as novas capacidades tangíveis em contextos reais. O quanto mais adequados forem os nossos resultados, mais competentes podemos dizer que somos. Será que já começamos a entender onde está o abismo entre ser capaz e ser competente?
Sabemos que é grande a velocidade com que as coisas mudam no mundo, e podemos achar que não temos tempo para desenvolver nossas equipes considerando esta lógica de aprendizado. Mas o quanto perdemos por não fazermos isso? Qual é o impacto de não termos uma equipe coesa e ágil o suficiente para acompanhar — sem reveses nem desgastes — a volatilidade e incertezas do mercado? O quanto perdemos em tempo, resultados, clima organizacional, bem-estar e saúde por não incluirmos uma forma ainda mais adequada de preparar as nossas equipes?
Precisamos fazer, e precisamos fazer cada vez mais bem feito. Precisamos nos distinguir cada vez mais pelos detalhes impecáveis no nosso serviço para os nossos clientes e para a nossa sociedade. Temos bastante conhecimento. Temos bastante capacidade abstrata. Precisamos tangibilizar capacidades para desenvolvermos profissionais cada vez mais competentes.
Costuma-se dizer que o mundo precisa de gente de ação. Sim, mas precisamos ainda mais de gente que saiba fazer o que precisa ser feito, consciente de que está concretizando um caminho seguro para si e para os outros. É preciso fazermos bem feito e de forma saudável. É preciso fazermos o adequado, na hora correta e no contexto correto!
Um pouco de informações mais assertivas sempre fará bem a todos nós!
Este assunto te interessou? Você também pode assistir ao conteúdo em vídeo gravado pelo sócio-fundador da Nortus, Gilberto de Souza, com o tema: Saber não garante o fazer.